O que move você?

Outro dia conversava com um amigo, um jovem diretor de empresa. Quando ele comentou sobre a sua posição na empresa e a rapidez com que a ela chegou, o orgulho era evidente. Quando ele falou dos resultados obtidos na sua função, os seus olhos brilhavam. Entretanto, ele demonstrava um cansaço e um estresse pouco comuns para alguém de 30 anos. Perguntei-lhe:

– Por que tanto estresse e cansaço?

A pergunta não tinha a intenção de causar dor ou sofrimento, mas sabia que ela tinha a capacidade de fazer com que ele se questionasse sobre isso. Em geral, as perguntas têm a natural função de estimular a que se pense em respostas, sendo um caminho para se encontrar soluções. Porém, o desafio é fazer as perguntas certas para não se revolver um problema errado. Naquele momento, o silêncio e a não resposta automática do jovem eram um indicativo de que as perguntas haviam atingido um ponto importante. A conversa entre nós prosseguiu. O jovem executivo levantou algumas hipóteses sobre o cansaço e o estresse.

Diferentes estudos revelam que se questionar proporciona impulsos mais duradouros na busca por respostas. Muitas vezes, precisamos do outro para esse processo. Na nossa interação, eu era o instrumento que levava o jovem a se autoquestionar. Era visível que as perguntas feitas estavam sendo processadas por ele. O espírito e a alma da pessoa por trás do executivo estavam presentes no processo. Por isso, as perguntas são tão importantes na capacidade de se mover e de mover aos outros. Existem ferramentas e recursos tecnológicos para que se tenha uma boa resposta, entretanto encontrar o problema adequado é que fará com que se chegue a uma solução apropriada. Para isso é fundamental fazer uma Pausa, porque é nela que buscamos os recursos internos que nos dão o sentido das nossas escolhas. Uma Pausa antes de responder a uma provocação evita conflitos. Uma pausa antes de uma decisão nos aproxima do que é importante. Uma pausa nas mudanças de rumo da vida nos permite escolher o melhor caminho. A Pausa é um recurso de quem tem grande autodomínio e não fica a mercê dos impulsos instintivos. A Pausa resgata o sábio interno que consegue observar os fatos, registrar os sentimentos, identificar as necessidades e agir em conformidade. A pausa permite que cada um reconheça o sentido daquilo que faz ao fazer uma pergunta: o que você faz, faz sentido?

Tendo em mente o sentido das ações, a nossa conversa prosseguiu. Foi quando lhe fiz mais uma pergunta:

– O que move você? 

O jovem executivo mexeu-se em sua cadeira. Comentou sobre as diferentes escolhas de vida feitas por alguns de seus melhores amigos de infância. Eles parecem mais tranquilos e relaxados do que ele. Na sequência se fez mais uma pergunta: será que vale a pena o que estou fazendo? Será que está valendo a pena tudo isso? Qual é o sentido do que faço? Um momento de silêncio, uma pausa e concluiu: Essas perguntas vou me fazer todos os dias ao me levantar… e os seus olhos brilharam genuinamente felizes. Pensei comigo mesmo, Grandes perguntas… Ele chegou cedo a elas! Era o poder da Pausa para se questionar e fazer as perguntas certas.

Infelizmente, tem gente que termina os seus dias sem se perguntar o que realmente os move e qual é o sentido daquilo que fazem. Muitas vezes, terminam a vida sem se perguntar: valeu a pena ter vivido?

Cada um com as suas respostas!

Moacir Rauber

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