Onde você perdeu a sua agulha de ouro?

Os netos observavam a avó que parecia estar procurando algo em seu jardim. Ela olhava com cuidado para todos os pontos do gramado. Eles se aproximaram para saber se podiam ajudá-la. Ela disse que havia perdido a sua agulha de ouro e eles se voluntariaram para procurar, porém o jardim era imenso. Depois de um tempo um dos netos perguntou se ela sabia mais ou menos onde a agulha havia caído. Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça e respondeu que tinha certeza que havia perdido a sua agulha dentro de casa. Os netos ficaram indignados e responderam:

– Por que você procura fora de casa o que você perdeu dentro de casa?

Ela arregalou os olhos com cara de espanto e respondeu:

– É que aqui tem luz. La dentro está escuro!

A pergunta indignada dos netos se aplica a muitos de nós que procuramos fora algo que está dentro de nós, assim como a resposta da avó revela a nossa escuridão pessoal. Uma das buscas mais naturais dos seres humanos é a felicidade, entretanto, parece que temos a não natural dificuldade de não saber onde encontrá-la. A analogia até parece esdrúxula, porém ela reflete uma realidade vivida por um grande número de pessoas que seguem buscando em lugares em que não há como a felicidade estar. No livro “Se você é tão esperto por que não é feliz?” o autor faz uma analogia similar em que a felicidade está numa cidade, mas nós vamos para outra. Parece-me que é assim que seguimos funcionando, em que confundimos as nossas necessidades com os desejos. Nós temos a necessidade de bons alimentos para manter a saúde física que pode ser um dos elementos da felicidade, porém nos entupimos de comidas não saudáveis para saciar um desejo. E essa confusão é repetida na área comportamental relacional e espiritual, essenciais para a felicidade. O nosso discurso aponta que queremos um mundo tolerante e paciente, porém na nossa busca exercitamos a intolerância e a impaciência. Na nossa fala está presente o papel da bondade e da compaixão, contudo no nosso dia a dia se sobressaem a indelicadeza e a desatenção. Nas nossas pretensões de relações se manifestam a lealdade e a fidelidade, no entanto, no nosso círculo exibimos o fingimento e a frivolidade. Nos nossos ideais falamos de confiança e de respeito, mas na realidade exteriorizamos desconfiança e desapreço. Enfim, na nossa incansável busca pela felicidade almejamos o amor, mas nos esquecemos que é necessário amar. O que isso quer dizer? Para se obter o que se quer é necessário ter dentro de si aquilo que se quer. Não há como projetar luz se não há luz em você.

Enfim, a senhora agora sorria com ironia para os irritados netos. Em seguida ela comentou: Não entendo o estranhamento de vocês que fazem exatamente o mesmo. Querem felicidade e a buscam fora de vocês, porque acreditam que ali está iluminado. O importante seria que acendessem a luz dentro de vocês. De nada serve o mundo inteiro ter luz, mas a escuridão permanecer dentro de vocês. Porém, uma vez que acender a sua luz, em qualquer lugar que você estiver ela estará contigo. A senhora tinha razão. Onde você perdeu a sua agulha de ouro? Primeiro, acenda a sua luz interior.

A vida é intenção, mas exige ação. Você quer ser feliz? Seja tolerante e paciente; seja bondoso e generoso; seja leal e fiel. Ame! Amor não é só um sentimento, amor é a construção deliberada da tolerância, da paciência, da bondade, da generosidade, da lealdade e da fidelidade. Amor é um verbo de ação de quem AFETA o mundo com AFETO. Com AFETO você vai encontrar a sua agulha de ouro. A Felicidade será uma consequência!

Moacir Rauber

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