Que as pessoas possam sorrir ao te encontrar…
Diz a lenda que a cebola era a planta mais linda do mundo. A cada dia ela exibia uma nova joia. Eram as mais diferentes pedras preciosas, como a esmeralda para atrair as bençãos ou o rubi para despertar a energia e a paixão. Às vezes, podia ser uma água marinha para diminuir o estresse ou uma opala para encontrar o equilíbrio, uma safira para desenvolver nossa sabedoria e até um diamante para manter a prosperidade. Todos esperavam o novo dia para admirar a beleza da cebola que se alegrava ao deixar o dia mais harmonioso. Um dia, porém, alguém disse que ela não era linda, mas vaidosa; que a presença dela não trazia harmonia, mas era puro exibicionismo; que a alegria dela não ajudava a ninguém, apenas diminuía os demais. O boato da vaidade da cebola se alastrou e no dia seguinte ela sentiu que algo diferente pairava no ar. Pareceu-lhe ver crítica nos olhos de quem a olhava e se sentiu tímida, o que fez com que ela se cobrisse com uma fina tela. Era a primeira camada. No dia seguinte a cebola exibiu uma esmeralda, porém aquela sensação de que estava sendo julgada continuava, o que a deixou acanhada. Assim, a cebola criou mais uma camada, repetindo-se o processo nos dias seguintes. Por fim, a insegurança, o receio e o retraimento pelas críticas presentes no boato da vaidade da cebola, fizeram com que ela já não exibisse o seu interior. As joias que ela trazia estavam ocultas. A cebola se isolou e não mais compartilhou a sua alegria nem as mensagens como o fazia espontaneamente. Um dia, passava por ali um sábio que sabia da beleza das cebolas, porém ficou estarrecido ao ver como ela estava encolhida e acabrunhada. O sábio, que falava a língua das cebolas, perguntou:
– O que aconteceu?
– Não sei. As outras plantas me obrigaram a criar camadas…
O sábio escutou o desabafo da cebola que havia caído na armadilha dos boatos que denigrem. Ela havia dado poder aos maldosos que a levou a ocultar aquilo que ela tinha de mais belo: o seu interior. E assim somos nós. Muitas vezes, renunciamos ao protagonismo de nossas escolhas e nos colocamos como vítimas dos outros. Não precisa ser assim. Cada um, mais do que ninguém, sabe qual é a intenção que vai determinar a ação. Desse modo, exibir com alegria a joia interior para ser uma benção na vida daqueles com quem se relaciona, assim como para transmitir a energia e a paixão que podem influenciar positivamente aos outros é uma dádiva. Ser leve nas relações ao não julgar é um presente, porque assim como você, o outro apenas quer ser feliz. Manter o equilíbrio entre as intenções e as ações para desenvolver a sabedoria no caminho da prosperidade é uma oferta. Portanto, é um desafio constante não permitir que o julgamento dos outros determinem as próprias ações, uma vez que cada um conhece as suas intenções. Enfim, o sábio, depois de ouvir a estória da cebola, chorou, porque os boatos a fizeram se recolher. Rumores, mentiras e mexericos calaram as intenções da cebola e anularam a beleza das ações. A cebola havia dado poder aos invejosos e aos imbecis, porque a maldade estava no olhar deles. Dizem que, por isso, todos os sábios choram diante de uma cebola.
Portanto, há que se perguntar: são as minhas intenções genuínas? As minhas ações contribuem para o bem estar daqueles com quem convivo? Respondidas essas perguntas assuma o protagonismo da sua conduta ao desenvolver e fortalecer as suas competências socioemocionais para validar as suas competências técnicas. Assim, cada pessoa pode ser autêntica para inovar e transformar com a plenitude da sua humanidade.
Exiba a sua joia interior para que as pessoas possam sorrir ao te encontrar.
Moacir Rauber