Que tipo de aprendiz é você? Mosca, zangão ou abelha?
A mosca, quando está no jardim, perambula entre as flores e não se fixa em nenhuma delas. A mosca é, aparentemente, tão volúvel em seu passeio pelo jardim que não consegue ver a beleza que há nele. O zangão voa de uma planta a outra com menos frequência, mas igualmente parece não encontrar nada produtivo nas flores. Ele prefere fazer ruído com as suas asas, chamando a atenção sobre si sem se dedicar a conhecer a flor. A abelha também circula de flor em flor. Ela sai pela manhã de sua colmeia e viaja até o ponto mais distante para depois retornar. No seu caminho de volta, visita o maior número possível de flores. Diferentemente da mosca e do zangão, a abelha se detém cuidadosamente em cada flor, explora-a profundamente e retira o néctar que é levado até a colmeia para que o mel seja produzido. Um produto nobre que serve de reserva alimentar das abelhas no inverno e igualmente é consumido por outras espécies, inclusive o homem. Qual é a analogia que a abelha nos permite fazer da nossa relação com o meio? Que tipo de aprendiz é você?
Em tempos de rápidas mudanças comportamentais e tecnológicas, que influenciam diretamente o formato do processo de ensino e de aprendizagem, as competências exibidas pela abelha continuam a ser determinantes para que cada um de nós possa se manter na mente do aprendiz. Pode-se destacar a perseverança no trabalho da abelha para atingir as suas metas de levar o néctar para a colmeia. Mapear, explorar e recolher o néctar de maneira metódica e sequencial é um trabalho de “abelhinha”, ainda que o ambiente mude constantemente. Igualmente, pode-se observar a organização, a dedicação e a competência de entender o sentido daquilo que se faz. Isso é fundamental para o aprendiz, seja estudante, colaborador, empreendedor ou outro papel social qualquer. Compreender aquilo que se faz gera o apreço por aquilo que se faz. Essa competência pode ser vista como a visão sistêmica que reconecta o indivíduo com a relevância do seu papel naquilo do que ele faz parte. Saber que o seu papel afeta a vida das outras pessoas nos permite desenvolver o apreço por aquilo que se faz. Dessa forma, fica mais fácil ser organizado e dedicado. Entretanto, para ser organizado se exige planejamento, assim como o planejamento motiva a organização. Para esse fim, o cuidado com os detalhes para aprender profundamente algo novo é essencial e se revela na dedicação. São competências socioemocionais que vão permitir que cada um desenvolva competências técnicas que o papel escolhido exige. Portanto, a abelha nos oferece uma boa analogia para o desenvolvimento pessoal que requer foco e concentração como resultados da perseverança. As dificuldades e os desafios são imensos, porque as distrações oriundas das mudanças tecnológicas e comportamentais são muitas. Como a abelha nos ensina, é importante ser perseverante para se manter na mente do aprendiz.
Enfim, que tipo de aprendiz é você? Perseverante? Organizado? Dedicado? Você entende o sentido daquilo que você faz? Certamente desenvolver a visão sistêmica contribuirá para que você saiba o impacto das tuas ações, ou das não ações, no ambiente e nas pessoas a tua volta com a consciência das intenções. Ser capaz de afetar com afeto fará de cada pessoa um melhor aprendiz. E o que dizer da mosca? E do zangão? Fica para uma próxima reflexão.
*Moacir Rauber é palestrante, coach e escritor