Você é ambivertido?

O ambiente profissional, social e familiar está com seus papéis cada vez mais diluídos em que as hierarquias perdem espaço e as possibilidades se multiplicam. Nas organizações os diretores têm o comando, mas não são comandantes de colaboradores submissos. Na sociedade os representantes têm o poder, mas a transparência é cada vez mais uma exigência. Nas famílias os pais têm a autoridade, mas não são autoritários. Desse modo, a liberdade pela não rigidez das funções atreladas a uma hierarquia deveria ser um estímulo a um mundo melhor. Entretanto, ela tem gerado insegurança, tem produzido uma luta insana pelo poder e tem resultado na dubiedade de nossos papéis sociais numa crescente falta de identidade.

As múltiplas alternativas de que dispomos deveriam ser positivas e libertadoras, porém, pergunta-se: por que vivemos num estado quase permanente de estresse e de angústia com um crescimento substancial das enfermidades emocionais?

Talvez, o excesso de ofertas nos tenha gerado estresse e angústia, além da sensação de não pertencimento pelo alto número de conexões superficiais, resultando na incapacidade para transformar o mundo a que pertencemos. Igualmente, a diluição dos papéis e a liquidez das relações se transformaram em desconexão.

O que fazer?

O desafio é resgatar o poder das conexões humanas ao reconhecer os contextos aos quais pertencemos para poder transformar e ser transformado num movimento de reciprocidade.

Primeiro, entender parte dos conceitos de pertencer, transformar e conectar. Pertencer tem origem latina pertinescere significando ‘ser parte de’, ‘estar contido em’ ou ‘ser propriedade de’. Assim, pode-se deduzir que se estou numa organização, faço parte dela e estou contido nela com o discernimento de que não sou propriedade dela. Por isso, o sentido de pertencimento me leva a concluir que é uma escolha minha estar onde estou. Transformar igualmente provém do latim transformare que significa ‘converter em’, ‘mudar de forma’ ou ‘metamorfosear’. Na nossa jornada organizacional, e também social e familiar, constantemente somos desafiados a transformar o ambiente com as nossas iniciativas e posicionamento. Entretanto, há um desafio de que a nossa intenção de transformar não se converta em soberba ao perder a oportunidade de ser transformado pela presença do outro num movimento de metamorfose pessoal. Por fim, conectar, que vem do latim conectare e do inglês to connect, significa ‘ligar’, ‘unir’, ‘relacionar’, entre outros sinônimos, traz a ideia de interdependência. Entendo ser a palavra que dá sentido às outras duas.

Ao entender as palavras, acrescentam-se outras perguntas: (1) como pertencer sem ser propriedade? (2) O que fazer para transformar e ser transformado? (3) De que modo criar conexões profundas e autênticas?

É sentido comum que nós nos realizamos com o outro, o que nos leva a reconhecer o poder de se conectar para poder pertencer e transformar a organização, a sociedade e a família. Eis que surge uma competência essencial para pôr em prática a teoria e dar movimento às palavras: ser ambivertido.

Para Daniel Pink a ambiversão é uma personalidade humana resultante da combinação de ser introvertido e extrovertido que resulta em ser ambivertido, uma competência que nos permite discernir o momento de falar ou de calar, de agir ou de restringir. O domínio dessa competência nos leva a ter sentido de pertencimento na organização, na sociedade e na família, clarificando a importância da escolha para desempenhar o papel.

Da mesma forma, desenvolver a competência de ser ambivertido nos dá a confiança para transformar o ambiente circundante, assim como a humildade para ser transformado pelos outros.

Por fim, ser ambivertido nos permite criar conexões autênticas e profundas em que cada um vai ensinar e aprender, dar e receber, compartilhar e acolher ao escutar e ser escutado. Portanto, que em 2025 você possa exibir o equilíbrio alinhado com os seus valores!

Moacir Rauber

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