Você já disse “sim” quando queria dizer “não”?

Ela estava por sair da empresa no final de seu horário de trabalho. Arrumava a sua escrivaninha e salvava os últimos arquivos para poder fechar o computador. De repente, toca o celular e uma amiga sua faz um pedido:

– Você poderia buscar o meu pet na saída do trabalho e deixá-lo com minha mãe? Eu tenho um compromisso inadiável hoje à noite.

Ela titubeou, porém disse “sim”. Desligou o telefone e logo se sentiu um pouco irritada consigo mesma. Por que aceitei fazer isso? Eu tenho um compromisso com meu namorado mais tarde… pensou ela em seguida, mas o “sim” estava dito. Agora restava cumprir. Saiu um pouco impaciente, entrou no carro e começou a se deslocar para atender ao pedido da amiga. Não era nada de mais, somente teria que fazer um desvio de sua rota que, dentro da normalidade, não tardaria mais do que dez minutos. Porém, parece que a normalidade desaparece quando se faz algo que não se quer fazer. A impaciência aumentou ao se deparar com um engarrafamento naquela rota. Os previstos dez minutos se transformaram em 20 minutos, depois em 30 e, por fim, tardou mais de uma hora. Ela ligou para o namorado dizendo que se atrasaria. A impaciência se transformou em estresse que a deixou furiosa. Como pude ser tão idiota!!!… e o diálogo interno estava agressivo. Você já disse “sim” quando queria dizer “não”? Em situações assim, o que fazer? Não diga “sim” nem “não” muito rapidamente. Não aja por impulso. Faça uma Pausa. Peça um tempo para pensar para que você possa organizar as emoções e os sentimentos (Anselm Grün). A Pausa é uma estratégia adotada de antemão. É importante saber colocar os limites entre as próprias necessidades e as necessidades do outro, porque ao dizer “sim” para o outro você pode estar dizendo “não” para você, assim como ao dizer “não” para o outro você poderá estar dizendo “sim” para si mesmo. Portanto, para ter essa clareza, pergunte-se: tenho tempo e disposição para fazer o que me pedem? No tempo solicitado antes de dar uma resposta imediata a pessoa pode acessar os recursos que tem. A partir da Inteligência Positiva posso identificar os meus sabotadores internos, sendo um deles o “prestativo”, que tem a necessidade de agradar aos outros na busca por reconhecimento. Além do mais, posso trazer os recursos da Comunicação Não-Violenta para identificar as necessidades atendidas e não atendidas frente a resposta “sim” ou “não”. Com esses recursos em mente, caso sinta alguma rejeição ou resistência frente ao pedido você já tem uma resposta para dar passado o tempo solicitado: “não”. Entretanto, após avaliar se tenho tempo e disposição para fazer o que me pedem, posso dar um passo a mais e me questionar: quais as necessidades que atendo ao dizer “sim” ou “não”? Quais as necessidades que deixo de atender com uma ou outra resposta? Posso entender que ao dizer “sim” satisfaço as necessidades de confiança, de conexão ou de aceitação, entre outras, porém descuido da necessidade de harmonia, de afeto ou de celebração. Por outro lado, ao dizer “não” para a amiga a situação se inverte e satisfaço as necessidades antes descuidadas e descuido as necessidades antes cuidadas. O que é mais importante para você? Depois do tempo solicitado, caso você diga “sim”, internalize a escolha, faça e seja feliz. Caso você opte pelo “não”, igualmente.

Enfim, aquela noite da moça que aceitou buscar o pet da amiga foi um desastre. Ao encontrar com o namorado ele já estava de mal humorado, assim a celebração não aconteceu. A harmonia que ela buscava já não existia e o afeto como necessidade não foi atendido. Além do mais, pergunte-se também: será que estão apenas me usando? Isso porque naquela noite a amiga que pediu o favor pode encontrar o seu namorado no tempo marcado passando uma linda e romântica noite.

Moacir Rauber

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