Mauro Picini Sociedade + Saúde 06/05/2020

Hospital Costa Cavalcanti é habilitado pelo Lacen para fazer teste de covid-19

Habilitação acontece no mesmo dia em que um terceiro paciente do novo coronavírus tem alta hospitalar

A partir de agora, os casos do novo coronavírus encaminhados pelo município de Foz do Iguaçu para investigação no Hospital Ministro Costa Cavalcanti já podem fazer parte dos dados oficiais do boletim da Vigilância Epidemiológica de Foz do Iguaçu. A habilitação do HMCC foi oficializada nesta segunda-feira, 27 pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), um mês depois de obter o credenciamento.

Com a quinta contra-prova feita pelo hospital, a partir de coleta de um paciente internado, o HMCC está oficialmente habilitado. Caberá à 9ª Regional definir o fluxo de envio das amostras dos casos. Elas poderão ser mandadas para o Lacen ou diretamente para o Costa, com possibilidade de se conseguir o resultado do diagnóstico mais rápido.

Essa autonomia dará mais rapidez para o município conseguir ter um mapa completo sobre a real situação da propagação da pandemia na cidade. Com esse processo finalizado e a adoção de outras frentes para o enfrentamento ao novo coronavírus, Foz do Iguaçu pretende fazer uma testagem em massa da covid-19.

A habilitação ocorre no mesmo dia em que o Hospital Ministro Costa Cavalcanti comemora a alta de um terceiro paciente curado pela covid-19. A exemplo dos outros dois pacientes, durante a internação, ele recebeu tratamento à base de hidroxicloroquina em combinação com azitromicina, associadas a outros medicamentos. É o mesmo protocolo adotado por hospitais de referência em casos de internamento de pacientes graves, como o Albert Einstein, em São Paulo, um dos mais respeitados do mundo.

Para o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, a habilitação do Costa para os testes vai dar mais tranquilidade ao município, que vem buscando formas de sair rapidamente da crise. “Nessa hora, a união é que faz toda a diferença. São várias frentes num mesmo objetivo: cuidar da saúde da nossa gente para tentar voltar à normalidade”.

O diretor-superintendente do HMCC, Fernando Cossa, vai na mesma linha: “não poderíamos estar mais satisfeitos. Temos duas boas notícias no mesmo dia. A primeira é  a alta do terceiro paciente e a segunda a habilitação do HMCC”. E complementa: “Foi um luta intensa para obtermos essa conquista. Muitas pessoas estiveram e estão trabalhando dia e noite nesse processo. Todos estão de parabéns”.

Investimentos contra a covid-19

Só no combate direto à covid-19, Itaipu investiu cerca de R$ 15 milhões. O HMCC foi reestruturado com equipamentos e insumos para o enfrentamento à pandemia. O centro hospitalar criou uma ala exclusiva para internamento de pacientes infectados. Além disso, está empregando parte desses recursos para ajudar a 9ª Regional de Saúde no mapeamento epidemiológico.  Até esta segunda-feira (27), Foz tinha 42 casos confirmados do novo coronavírus, dos quais 31 pacientes já estão recuperados e sete permanecem em isolamento domiciliar. Dois óbitos pela doença foram registrados.

 

Chimarrão: bebida muito quente pode causar câncer de esôfago e faringe

Tradição faz parte da vida de muitas famílias, mas inspira cuidados e precauções

 

O chimarrão faz parte do dia a dia de milhares de pessoas, principalmente na região Sul do país. O consumo é tão relevante e presente que motivou, inclusive, um dia especial para essa bebida tradicional, o dia 24 de abril. A combinação entre o mate e a água quente já teve diversos benefícios para a saúde comprovados, mas pode se tornar um fator de risco para câncer de esôfago e faringe quando alguns cuidados não são seguidos no preparo. 

Em 2016, um grande estudo médico analisou a relação de algumas bebidas quentes e a geração de câncer. Segundo o médico oncologista do CEONC, doutor Bruno Kunz Bereza, comprovou-se inexistir participação direta da substância consumida (chá, mate ou outro tipo de planta), mas sim do modo que ocorria a preparação.

“O fator que influencia a geração do câncer é a temperatura de preparo e temperatura no consumo. Tomar o chimarrão a temperaturas altas, acima de 65 graus foi causador de câncer de esôfago e faringe. Um dado importante é que nosso esôfago possui menos terminações nervosas sensitivas que nosso lábio e língua, portanto quanto o líquido quente atinge nosso esôfago ele causa lesão de queimadura, sem sentirmos um desconforto importante”, esclarece o médico Bruno Kunz Bereza, especialista nas áreas de cancerologia cirúrgica com ênfase em cirurgia minimamente invasiva, com foco na área gastrointestinal.

Dessa forma, os cuidados devem ocorrer desde a escolha do mate que será usado no preparo da bebida. Na hora de fazer sua opção, a pessoa deve verificar se o cultivo conta com fertilizantes e agrotóxicos.

“Algumas substâncias usadas para a proteção da planta, quando atingem altas temperaturas podem liberar substâncias nocivas para a saúde. Então a escolha de uma boa erva, sabendo a procedência, com selo de certificação da agricultura, ou mesmo orgânica, é o passo inicial”, destaca o oncologista Bruno Kunz Bereza.

O segundo passo preventivo, considerado o mais importante, é a temperatura de preparo. O consumo acima de 65 graus é fator definitivamente grave para a geração de câncer. Segundo o doutor Bruno, aconselha-se esquentar a água até uma temperatura de 70 graus, no máximo, pois entre o tempo de preparo e consumo, a água já deve ter esfriado para 55 ou 60 graus. São dois cuidados simples, que garantem a permanência do chimarrão no seu dia a dia, sem colocar a saúde em risco.

Caso a pessoa tenha tido o hábito de ingerir chimarrão com a água muito quente por longo período, a indicação é de mudança de cultura o quanto antes.

“Pessoas que tenham associação de fatores de risco para câncer nessas localizações (tabagismo e etilismo, por exemplo), e que não desejem mudar os hábitos de vida, devem ser encorajadas a ter sempre um acompanhamento médico para que, diante do menor sintoma, prosseguir a investigação”, comenta o doutor Bruno.

 

Números e sintomas – Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, o câncer de esôfago (tubo que liga a garganta ao estômago) é o sexto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres, sem considerar o câncer de pele não melanoma.  Estimativas apontam que, em 2020, devem ser registrados 11.390 novos casos, sendo 8.690 homens e 2.700 mulheres.

“Os sintomas são variados e casos de cânceres iniciais de localização de faringe e esôfago não apresentam sintomas exuberantes. As pessoas que sempre consumiram chimarrão em altas temperaturas devem se atentar a sintomas de perda de peso, dificuldade de deglutição, engasgos, anemia e dor no peito”, conclui o médico do CEONC, doutor Bruno Kunz Bereza. Ao perceber qualquer sintoma diferente, o paciente deve procurar um médico.

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