Mauro Picini – Sociedade & Saúde 11/10/2023

Cuidados Paliativos cuidam da vida

Úrsula Guirro é médica em Curitiba/PR, Professora adjunta na Universidade Federal do Paraná e Diretora Financeira da Academia Nacional de Cuidados Paliativo

Úrsula Guirro (*)

Alguém fala Cuidados Paliativos e na sequência o diálogo traz a palavra morte. Por que ainda é assim? Os profissionais que trabalham em Cuidados Paliativos cuidam de pessoas vivas. Aliás tão vivas que querem viver com mais qualidade o tempo que resta. Seria simples, mas não é bem assim no nosso dia a dia.
Aprendi a cuidar de pessoas vivas na faculdade de Medicina. Por algum motivo, me encantei com aquelas mais graves, que estão na linha tênue da vida. E esta escolha veio com um preço alto: conhecer o fim da vida.
Quando eu era menina, acompanhei atentamente o adoecimento do ex-governador de São Paulo Mário Covas. Os jornais noticiavam o boletim médico: grave e incurável. Eu me questionava o porquê de os médicos indicarem tanta coisa diante do inevitável. Me parecia mais importante analgésicos e ficar perto de quem ele amava. Quando o vi numa foto na capa do jornal, ao lado de sua esposa, sorrindo e deixando o hospital fiquei feliz. Vinte anos depois, pude acompanhar o adoecimento de seu neto, Bruno Covas. Felizmente, os Cuidados Paliativos já estavam mais estruturados no país. Graças a estas preocupações desde cedo, me transformei na médica paliativista que hoje sou.
Ouvi as palavras “Cuidados Paliativos” pela primeira vez quando já estava formada. Aquilo fazia todo sentido para a médica que eu queria ser e para pessoas doentes que eu cuidava no dia a dia. Na trajetória de formação como paliativista fiquei grata ao saber que o próprio governador Mário Covas assinou uma lei há quase 25 anos que permitia aos pacientes recusarem tratamentos dolorosos e extraordinários e escolher o local de morte.
O adoecer tem dessas: as pessoas repensam o viver, o adoecer e o morrer. Passa-se daquela etapa imatura de bater na madeira para afastar o indesejável, para o cuidar de pessoas da maneira responsável. Há vários casos recentes de famosos que receberam Cuidados Paliativos e foram notícia no país: o jogador Pelé, a cantora Rita Lee e mais recentemente a atriz Aracy Balabanian. Que um dia todos possam receber este cuidado.
Cabe esclarecer que os Cuidados Paliativos tratam de pessoas que tem um diagnóstico de doenças graves e recebem os tratamentos voltados para cura (ou controle da doença) junto dos tratamentos que aliviam sintomas desconfortáveis e sofrimentos. E a gente busca melhorar a qualidade de vida durante a vida. Ninguém precisa desistir de nada (ou de tudo) para receber Cuidados Paliativos. A gente cuida e deixa a vida melhor. O que isso pode ter de errado?
Às vezes as pessoas doentes têm diagnóstico curável e, outras vezes, incurável. Nossa tarefa é cuidar das pessoas em todas as etapas, fazer diagnósticos e propor tratamentos que reduzam sofrimentos como a dor, falta de ar e apoiar na ansiedade, medos e sentidos da vida.
A realidade dos Cuidados Paliativos ainda é para pouca gente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, apenas 14% das pessoas com demandas paliativas tem seus sofrimentos acolhidos no mundo. É muito pouca gente! Para esta maioria resta seguir no curso inevitável da vida e ter a sorte de encontrar profissionais com preparo técnico.
Cuidados Paliativos envolvem uma tecnologia de última geração: humanos que cuidam de outros humanos. Se tem vida, a gente está lá: fazendo a escuta e cuidando de dores físicas intensas e complexas. Tudo isso para dizer que os Cuidados Paliativos valorizam a vida, promovem o bem-estar, respeitam a autonomia da pessoa e fornecem apoio integral aos pacientes e familiares.
Cuidados Paliativos cuidam de pessoas vivas. Bem vivas!

(*) Úrsula Guirro é médica em Curitiba/PR, Professora adjunta na Universidade Federal do Paraná e Diretora Financeira da Academia Nacional de Cuidados Paliativo

Nova regra da Anvisa padroniza venda de alimentos integrais

Implementada desde o último mês de junho, nova regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária determina que alimentos integrais precisam ter porcentagem mínima de ingredientes do tipo

O objetivo da regra é padronizar os parâmetros comerciais que determinam a categoria de alimentos que são vendidos neste segmento

Comer bem nunca esteve tão na moda. O crescimento da demanda por alimentos saudáveis em detrimento dos chamados “ultraprocessados” tem se tornado uma tendência cada vez mais consolidada no mercado. Em virtude disso, autoridades de saúde têm aumentado a fiscalização a fim de garantir aos consumidores a qualidade, confiabilidade e procedência de produtos nesta categoria. Um exemplo recente desta tendência são os chamados alimentos integrais, que receberam uma nova regulação específica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no último mês de junho. O objetivo da regra é padronizar os parâmetros comerciais que determinam a categoria de alimentos que são vendidos neste segmento. Com isso, os consumidores passam a ter maior segurança da qualidade dos itens integrais que incluírem em suas compras.
A falta de padronização tornava relativa a definição de alimentos inclusos na categoria, gerando dúvidas e interpretações equivocadas sobre quais produtos efetivamente se encaixariam neste segmento. Segundo a nova determinação da Anvisa, a partir de agora, para um produto ser comercializado nesta categoria, ele precisa ter no mínimo 30% de ingredientes integrais, e esta informação do percentual tem que estar apresentada de forma clara no rótulo.
Integrais são aqueles alimentos que mantêm todos os componentes naturais e nutritivos do grão, semente ou planta usado para sua produção, mesmo depois do processo de industrialização, sem etapas de refinamento que eliminam nutrientes essenciais. Tal característica torna estes alimentos mais saudáveis em relação àqueles que são ultraprocessados.
A nutróloga credenciada da Paraná Clínicas, Dra. Bianca Ohde Dalledone (CRM 36.125), explica as vantagens desta categoria de alimentos: “Os produtos integrais possuem um maior teor de fibras, que são excelentes aliadas ao processo de digestão. Também auxiliam o funcionamento intestinal e podem tanto aumentar quanto manter a saciedade por um período mais prolongado”, explica. Bianca também lembra que os integrais podem ser aliados importantes na alimentação de pessoas em busca de redução de peso mesmo que, na prática, o número de calorias de um produto do tipo não seja muito diferente se comparado a um alimento industrializado/refinado convencional: “Uma das estratégias no tratamento do controle do peso é aumentar o consumo de fibras antes das principais refeições. Neste sentido, os alimentos integrais são um excelente aliado, principalmente por ocuparem um espaço maior no estômago, incentivando o consumo dos alimentos em menor quantidade. Além disso, são ótimos prebióticos – alimentam bactérias boas do intestino, que facilitam a digestão – e aumentam a saciedade”, conta a nutróloga.

Adaptações – Embora as novas regras tenham surgido para ajudar a padronizar e facilitar a identificação destes produtos pelos clientes, algumas companhias do ramo já vinham trabalhando mediante padrões de qualidade e de identificação próprios. Este é o caso da paranaense Vitao, uma das empresas pioneiras no País na produção e comercialização de alimentos saudáveis e integrais.
A engenheira de alimentos da VITAO, Gisele Kirchbaner Contini, conta que a padronização imposta pela Anvisa é bem-vinda e ajuda a consolidar uma tendência mercadológica que só tem crescido: “As pessoas têm buscado se alimentar de forma mais saudável. Estamos, como sociedade, cada vez mais conscientes dos benefícios oferecidos por produtos alimentares de boa procedência, feitos com ingredientes de qualidade e que contribuam para nossa saúde. A determinação da Anvisa vem para nos ajudar a separar as empresas e fornecedores que realmente oferecem itens integrais, daqueles que confundiam seus clientes e vendiam produtos que, na prática, não podiam se encaixar na categoria. Quem ganha é o consumidor”, afirma Gisele..
A VITAO Alimentos tem, hoje, aproximadamente XX itens integrais em seu portfólio de produtos. Entre eles estão biscoitos, wafers, cookies, granolas, flocos, grãos, sementes e farinhas. A empresa começou a fabricar itens desta categoria em 1991, muito antes do consumo de alimentos integrais estar popularizado: “Queríamos ser pioneiros em um mercado que, em nossa visão, só iria crescer. Hoje, a VITAO tem orgulho em ser referência nacional em produtos alimentícios desta categoria. Nossa expectativa é que, o consumidor sinta-se cada vez mais instigado a acrescentar estes itens em sua rotina alimentar” afirma a engenheira, uma previsão que está amparada em pesquisas recentes: de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), 72% dos brasileiros aumentaram os cuidados com a alimentação nos últimos anos.
De acordo com a Anvisa, a descrição dos alimentos integrais deve estar expressa de forma clara nas embalagens, incluindo a porcentagem dos ingredientes da categoria presentes nos produtos. A nova regra está valendo.

Sobre a Paraná Clínicas – Fundada em 1970, a Paraná Clínicas é referência em planos de saúde empresariais e também atua na modalidade coletivo por adesão. Carrega a missão de cuidar com excelência de empresas e pessoas, oferecendo como diferencial os programas de saúde preventiva e promoção de qualidade de vida. Com uma infraestrutura moderna e planejada em uma rede interligada, a Paraná Clínicas conta com sete unidades próprias em Curitiba e Região Metropolitana, chamadas de Centros Integrados de Medicina: CIM Araucária; CIM CIC – 24h; CIM Fazenda Rio Grande; CIM Rio Branco do Sul; CIM São José dos Pinhais; CIM Unidade Infantil – 24h (ao lado do Hospital Santa Cruz) e CIM Água Verde. Mais informações em panaclinicas.com.br

Sobre a VITAO Alimentos – A VITAO Alimentos tem 35 anos de mercado. Nascida em 1988, a marca é pioneira no segmento de produtos integrais no Brasil. Consolidada como uma das maiores referências nacionais do setor de alimentação saudável, a empresa conta com um portfólio completo oferecendo mais de 300 opções de produtos criados para garantir a melhor, mais equilibrada e saborosa experiência nutricional aos seus consumidores. Entre os itens de fabricação própria de destaque estão cookies, biscoitos e granolas integrais, chocolates sem açúcar e com ou sem lactose, doces sem açúcar a base de leite ou frutas, misturas para pães e bolos sem glúten, além do fracionamento e comercialização de farinhas, cereais e sementes, açúcar mascavo, arroz, sal marinho, cacau em pó e produtos orgânicos.

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