Mauro Picini Sociedade + Saúde 17/08/2022
Amamentação no Brasil ainda precisa melhorar
País está longe de atingir meta estipulada pela OMS e campanha Agosto Dourado destaca o aleitamento materno
Pesquisa inédita coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e divulgada em novembro de 2021, mostra que as taxas de aleitamento materno vêm crescendo no Brasil. O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (EnaniI-2019), encomendado pelo Ministério da Saúde, aponta que metade das crianças brasileiras são amamentadas por mais de 1 ano e 4 meses e que, no País, quase todas as crianças foram amamentadas alguma vez (96,2%), sendo que dois em cada três bebês são amamentados ainda na primeira hora de vida (62,4%).
No Brasil, há 45,8% de aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses, 52,1% aos 12 meses e 35,5% aos 24 meses de vida. Os números são positivos, mas ainda estão aquém da meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até 2030: 70% de amamentação na primeira hora de vida, 70% exclusivamente nos primeiros seis meses, 80% no primeiro ano e 60% aos dois anos. A importância da amamentação para o pleno desenvolvimento das crianças é tema da campanha Agosto Dourado, criada em 1992 pela OMS em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. A pediatra Stephânia Laudares (CRM 18708), que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, destaca que a amamentação já era uma informação de domínio público, mas foi favorecida com o advento da Covid-19. “Acredito que depois que a pandemia a conscientização aumentou, as pessoas começaram a entender a importância do aleitamento materno na imunidade e proteção contra doenças na infância. Acredito que exista uma crescente preocupação de estimular o aleitamento materno”, destaca.
Para aumentar a proteção de mãe e bebê, a especialista fala sobre as vacinas. “Durante o período de lactação, ou seja, enquanto a mãe estiver amamentando ela pode e deve ser vacinada contra Covid-19, o vírus influenza, que é a vacina da gripe, entre outras vacinas, pois assim ela consegue a confecção de anticorpos e, consequentemente, proteger o seu filho através da amamentação, com a passagem de anticorpos pelo leite materno”, afirma.
Segundo a médica, as mulheres que estiverem doentes devem continuar amamentando, mas com certos cuidados. “Nas mães contaminadas com a Covid-19 ou outras viroses respiratórias o aleitamento materno não precisa ser interrompido. É importante que a mãe amamente a criança sempre de máscara, preferencialmente a N95, mas pelo menos a máscara cirúrgica, e que a mãe sempre higienize bem as mãos com água e sabão antes de amamentar e manipular a criança. Além disso, quando a mãe não estiver amamentando é importante que se mantenha uma distância de dois metros da criança”, aconselha.
Vantagens – As vantagens da amamentação são várias e Stephânia Laudares elenca algumas delas. “O leite materno é o alimento mais completo, garante calorias, proteína, todos os micro e macro nutrientes necessários para crescimento e desenvolvimento da criança, tanto do ponto de vista físico, quanto neurológico. Além disso, através do aleitamento materno é possível que a mãe proteja a criança contra doenças comuns, por exemplo, virais, parasitárias, principalmente nos primeiros seis meses de vida pela passagem de anticorpos”, destaca.
Os benefícios também se estendem pelos anos. “É comprovado que a longo prazo o aleitamento materno diminui ou tem contribuição na menor chance de obesidade no futuro e síndromes metabólicas como, por exemplo, o aumento do colesterol e triglicérides, a hipertensão e a diabetes. Diminui o risco de alergias, especialmente as respiratórias, e até tem um papel na alergia alimentar. O ato de ser amamentado ao seio materno também favorece o adequado desenvolvimento da musculatura da face, da cavidade oral e toda essa anatomia da região”, ressalta a pediatra.
As mamães também se beneficiam ao amamentarem. “Ajuda na redução da incidência de tumores malignos, como câncer de mama e de ovário. Além disso, também contribui, por exemplo, para perda de peso e calórica. Porque durante a amamentação, para produção de leite, a taxa de metabolismo aumenta muito e a mãe, consequentemente, acaba podendo perder peso por isso”, detalha Stephânia Laudares. “O aleitamento materno também pode aumentar e estreitar o vínculo e os laços afetivos entre mãe e bebê”, completa a médica.
A alimentação tem influência na saúde dos olhos?
Nutricionista credenciada ao Plano CELOS dá dicas alimentares que vão auxiliar na manutenção da boa visão
Quando se fala em adotar hábitos saudáveis de alimentação, poucas pessoas pensam na saúde dos olhos. Mas, sim, uma alimentação rica em nutrientes é essencial também para a manutenção de uma boa visão.
“Vitaminas, minerais, antioxidantes e ácidos graxos presentes nos alimentos auxiliam na prevenção de doenças oculares, como catarata, glaucoma e degeneração macular”, alerta a nutricionista Débora Camila da Fonseca – CRN 7142, que integra a rede de Credenciados do Plano CELOS, uma iniciativa da Fundação Celesc de incentivo à qualidade de vida e à promoção da medicina preventiva.
A especialista lembra ainda que manter uma alimentação equilibrada é importante no controle do diabetes e da hipertensão arterial. “Essas doenças, quando descompensadas, podem ocasionar o glaucoma secundário, chamado também de neovascular”, explica Débora.
A seguir confira seis nutrientes, e suas fontes alimentares, que desempenham papel importante na saúde ocular:
- VITAMINA A: possui atividade antioxidante e é primordial para a saúde ocular. A deficiência dessa vitamina pode causar sintomas como cegueira noturna, falta de lágrimas, dificuldade de adaptação à luz e xeroftalmia (também chamado de olho seco). A vitamina A está presente em fígado, gemas de ovos, leite, cenoura, batata-doce, espinafre, couve, abóbora, manga, goiaba, mamão e caqui.
- CAROTENOIDES: são substâncias bioativas, consideradas potentes antioxidantes que reagem contra os radicais livres e têm o potencial de aumentar a densidade do pigmento macular. Sabe-se que esses pigmentos são responsáveis pela filtragem e absorção da luz azul, atenuando o estresse oxidativo e protegendo consequentemente a retina. São encontrados em alimentos com tons que vão do amarelo ao vermelho, como cenouras, tomates, manga, laranja, abóbora, caranguejos e camarão.
- BETACAROTENO: é o principal precursor da vitamina A, que, além de essencial para a saúde dos olhos, é importante para a pele e para o sistema de defesa do corpo. É encontrado em frutas e legumes de cor amarelo-alaranjada, como mamão, manga, pêssego, milho, cenoura e abóbora, por exemplo.
- ÔMEGA-3: devido à concentração de ácido graxo que possui, auxilia na lubrificação e na prevenção da “síndrome do olho seco”. As gorduras presentes na retina precisam ser constantemente renovadas, porque o déficit dela pode favorecer o aparecimento de doenças. São fontes de ômega 3: sardinha, salmão e atum.
- ZEAXANTINA: importante na prevenção e para evitar complicações da catarata e da degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
- LUTEÍNA: atua na prevenção de doenças da visão, assim como a zeaxantina. Ambas são fundamentais para manter a saúde dos olhos, já que compõem a região da retina (mácula), responsável por absorver a luz e transformá-la em imagens nítidas. Estão presentes principalmente nas hortaliças e nas frutas de cor amarela, alaranjada, vermelha e verde, tais como: nectarina, laranja, mamão, pêssego, agrião, brócolis, couve, espinafre, pimentão, repolho, couve-flor, ervilha, milho e rúcula.