Conab conclui trabalhos de cooperação internacional em missão Brasil-Angola

A troca de conhecimento entre países para gerar o desenvolvimento da agricultura familiar e das políticas públicas foi o cenário da missão do governo angolano que veio ao Brasil, no período de 15 a 23 de julho, para dar continuidade ao projeto de intercâmbio técnico. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), representando o governo brasileiro, recebeu a comitiva em Brasília/DF e realizou as capacitações do grupo africano durante os dias de treinamento.

A conclusão dos trabalhos aconteceu em uma cerimônia de encerramento, nesta terça-feira (23), com a participação do presidente da Conab, Edegar Pretto, do representante da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Paulo Lima, e do coordenador de Relações Internacionais da Companhia, Marisson Marinho. “Passamos para Angola tudo o que a Conab acumulou de conhecimento ao longo dos anos: como fazemos as compras públicas, o armazenamento, como avaliamos os custos de produção e instituímos nosso principal programa, o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), uma das grandes ferramentas que o governo utilizou lá atrás para erradicar a fome e está utilizando agora novamente”, destacou o presidente da Conab.

A ação faz parte do acordo de cooperação que o Brasil assinou com o país africano na área de agricultura. Na Conab, a missão angolana recebeu capacitação técnica nas áreas de abastecimento social, armazenagem, fiscalização, controle de qualidade, agricultura familiar, análises de mercado, levantamentos de safra, preços agrícolas, custos de produção e a execução da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).

“Nossa vinda ao Brasil dá seguimento às ações de cooperação propostas durante a visita do presidente Lula à Angola”, ressalta Felício Canjungo, do Ministério da Agricultura e Floresta da República de Angola (Minagrif). “Somos uma delegação multissetorial e, a partir do que aprendemos com a Conab, poderemos desenvolver nossa agricultura familiar, empoderar nossos produtores que estão agregados em associações cooperativas e passar nosso testemunho, para ajudá-los a implementar um sistema integrado de armazenamento e para aferir melhor nossos custos de produção”.

Para Felisberto Capamba, representante da Associação Agropecuária de Angola (AAPA), a capacitação de fato reforça os laços entre os dois países. “Apesar de possuirmos enormes recursos e potencialidades no setor agropecuário, ainda precisamos ampliar em conhecimento e inovação nessas áreas. E esse trajeto o Brasil já trilhou com sucesso, buscando as melhores soluções possíveis. Não teremos que inventar a roda, pois a expertise da Companhia nos mostrou o que é possível fazer, com o foco na agricultura familiar, e como interagir os diferentes setores produtivos do país, as associações, o cooperativismo, que é bem forte aqui, associado às novas tecnologias que aplicam muito bem. Agora é tentar replicar aquilo que é possível de acordo com o nosso contexto e a realidade angolana”.

Durante a programação, que incluiu também três saídas a campo, o grupo acompanhou a visita a um produtor local e a execução de um painel de custo de produção real de soja e milho, realizado na Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF). Em outro dia, verificaram in-loco as operações de recebimento e venda da Ceasa-DF e foram apresentados ao Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), executado pela Conab, que traz dados da comercialização de frutas e hortaliças nas principais Centrais de Abastecimento do país. Além disso, visitaram as instalações da Sureg DF e UA Brasília, onde fizeram uma visita técnica em prática e armazenamento.

Na segunda-feira (22), a missão angolana esteve na Comunidade do Engenho II, Quilombo Kalunga, localizado no município de Cavalcante, em Goiás, para conhecer como é feita a operacionalização dos projetos por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), executado pela Conab, que auxilia na comercialização de produtos da agricultura familiar. Essa visita proporcionou ao grupo uma maior identificação pela questão da ancestralidade similar. Também verificaram como é feita a interação do governo federal com a comunidade que mantém a produção local ligada à cultura africana.

Segundo o coordenador de Relações Internacionais da Conab, Marisson Marinho, esse processo de cooperação internacional começou com o desenvolvimento da área do Cunene, no sul da República de Angola, e inicialmente previa mostrar a experiência do Brasil com relação à transposição de rios. “Foi em visita ao município de Huila que verificamos a possibilidade de treinamento com vistas a construir bases para a política agrícola local”, relembra. 

“Então ajustamos o projeto junto à Agência Brasileira de Cooperação, que foi aprovado pelos governos, e começamos a consolidar essa missão neste ano. No encerramento de hoje, tivemos entrega dos certificados e planejamento da próxima missão, dessa vez em Angola, especificamente nas cidades de Luanda e Lubango. Esse tipo de cooperação é um reconhecimento da importância do país nesse cenário Sul-Sul. O Brasil é um gigante trabalhando na questão da agricultura e nas políticas da agricultura familiar, e isso é consolidado e até ampliado a partir desses acordos, uma vez que nós também somos enriquecidos pelo intercâmbio de experiências”.

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