Conscientização do processo político é um trabalho de base, afirma cientista

O processo eleitoral é a primeira etapa de um ciclo, que se repete a cada quatro anos. Após o pleito, cada eleitor deve assumir o papel de cidadão para acompanhar e fiscalizar o trabalho de seus representantes, especialmente, aqueles que ajudou a eleger.

De acordo com o professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), o cientista político Dr. Gustavo Biasoli Alves, a conscientização no processo político é um trabalho de base. “Ela acontece com a participação de diversos atores, como processo educativo formal nas escolas ou informal em ações em clubes de bairros, com a imprensa, enfim”.

O cientista político explica que a eleição municipal tende a repetir alguns padrões. “Entre eles, um amplo número de candidatura de vereadores ou lideranças de bairros sendo convidadas a participar do processo. São pessoas que buscam um espaço para sobressair e apresentar demandas”.

Outro fator pontuado por Gustavo é a política ainda estar masculinizada e em diversas formas. “Antes da mulher começar a despontar na política, primeiro passa por um processo de violência moral ou pessoal, a violência política. Isso é algo que ainda precisa evoluir mais”.

Ele acrescenta que o preenchimento de candidaturas com cotas deve se repetir neste pleito. “Acredito na importância de um trabalho de base, no sentido de fomentar novas lideranças. De transformar a liderança em um ator político de peso, dar voz, espaço e recurso financeiro”, destaca o cientista político.

DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

De maneira geral, por se tratar de um pleito municipal, o eleitor estará mais atento aos candidatos. Gustavo salienta que o eleitor tende a ter uma relação mais próxima tanto com a chefia do Executivo quanto aos cargos de representação, o Legislativo. “Devemos lembrar que as pessoas possuem programações em seus cotidianos. Elas vão avaliar o preço da carne no supermercado, o valor do aluguel ou do carro que estragou, porém nem sempre vão acompanhar o trabalho (até o final do mandato) de seu candidato eleito”.

Conforme o cientista político, existe um vazio quando se pensa em uma democracia de massas. “A quantidade de pessoas envolvidas no processo é grande e não tem como fugir deste paradoxo. E esse é o grande desafio da ciência política e dos modelos políticos”.

O professor menciona que a política não se encerra na eleição e, por isso, a importância do processo de revisão no ponto de checagem. “Existe o cotidiano da política e a checagem que precisa ser mais enfatizada ou explorada melhor. Esse trabalho pode acontecer com conselhos, audiências públicas, referendo e plesbicito. São ferramentas que dinamizam a política, porém nem sempre é de interesse do político”.

DEMANDAS

As eleições municipais devem ter a articulação política do Governo Federal. “Este é o momento para a União agir, pois ela terá três focos importantes de atenção: eleições municipais, da Câmara de Deputados e do Senado em fevereiro do próximo ano. O Governo Federal precisará ‘olhar’ para essas três eleições com cuidado, porque será onde as forças políticas vão se rearticular”, enfatiza o cientista político.

Ele pondera que as forças de oposição podem dar poder de veto. “Prefeituras, Câmara de Vereadores, Presidência da Câmara dos Deputados ou do Senado podem aumentar o poder de veto da oposição. Por isso, o Governo Federal deve ‘olhar’ com atenção para essas três frentes que estão abertas”.

Atualmente, Gustavo é pós doutorando em Meio Ambiente e Desenvolvimento na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e ele acredita que um dos pontos de abordagens pelos candidatos será a questão ambiental. “Um assunto que deve vir à tona e uma demanda pela qual a juventude pleiteia bastante”.

NOVIDADE

Nas eleições municipais, o papel da mídia social e de grupos de Telegram e WhatsApp tende a ficar, cada vez mais, forte. A novidade fica por conta da introdução da Inteligência Artificial (IA). “Já existe uma mobilização para utilizá-la durante as campanhas e a dúvida é quanto ao posicionamento da Justiça Eleitoral sobre o assunto”, afirma o professor.

O cientista político complementa que a Inteligência Artificial deve causar impacto no pleito. “Impacto ao criar uma propaganda mais apresentável, bonita ou bem feita, quanto o impacto negativo de criar vídeos ou veiculação de notícias falsas, calúnias, fake news”, relata.

Outra característica do pleito municipal está relacionada ao protagonismo da juventude. “Sempre existe a esperança que o jovem irá propor algo novo. Ele tem anseios, cargas e demandas positivas. Exemplos: o tratamento quanto a igualdade de gênero de raça ou o respeito as diversas orientações. Isso é algo muito vivo e presente nos jovens. Por fim, cada eleitor deve analisar os fatos, o espectro político, refletir e ter a melhor decisão nas urnas em outubro”, finaliza o cientista político.

Da Redação

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