Contra depressão, professora se encontra ao produzir livro

“A jornada da vida por vezes se torna pesada e difícil para caminhar. Quantos desafios encontramos pelo caminho! Comecei a escrever para me ajudar, depois que passei por um período de diversos desafios. E quando percebi, estava também ajudando outras pessoas. Quando liam meus textos, se sentiam melhores (…) os textos que me ajudaram muito em momentos de dificuldades. É o que estava em meu coração, alguns em momentos bem conflituosos (…)”, esse trecho compõe o prefácio da obra “Pra vida ficar mais bonita – Textos para confortar o coração”, escrito pela professora de Toledo Cladesnei Estefânia Schneider.

Na tarde da última quarta-feira (12), a professora participou do Programa Fim de Tarde com o Editor, do JORNAL DO OESTE. Segundo Cla, como é conhecida, sempre teve o gosto pela leitura. “Minha avó nasceu na Alemanha e ela sempre gostava de ler e eu e meus irmãos fomos incentivados pelos nossos pais e todos somos professores”.

DE PROFESSORA A ESCRITORA – Cla começou a sua carreira de professora em Quatro Pontes. “Eu não escolhi ser professora, eu fui escolhida. Eu trabalhava com dança alemã na comunidade e ensaiava pequenos grupos de crianças e fazia parte de um também. Um dia, grupo de pais escolheu minha colega e eu para sermos professora do maternal. Na época, eu estudava Magistério. Assim, comecei a minha carreira de professora em Quatro Pontes aos 16 anos. Eu não escolhi ser professora, eu fui escolhida”.

Ela recorda que os pais colocaram no fundo da escola uma casa de madeira. “Assim, comecei a minha carreira. Eu estudava Magistério pela manhã e era professora no período da tarde. Após ministrei aula na Escola Rural, passei em concursos municipal e estadual. Depois de aposentada que me tornei escritora”.

DIFICULDADES NO CAMINHO – A escritora conta que o livro é idealizado em um momento difícil de sua vida, quando estava vivendo um momento de depressão. “As dificuldades são naturais da vida, mas existem saídas. Comecei a escrever textos e percebi que me sentia bem com essa atividade. Comecei a postá-los no Facebook. Amigas e colegas gostavam dos meus textos e sugeriram para transformá-los em um livro”.

Cla revela que o processo de depressão não acontece do dia para a noite. “Eu ia dar aula e não conseguia mais ficar em pé. Só queria dar aula sentada. Após algum tempo não conseguia mais enxergar os estudantes. Além disso, a minha pressão começou a alterar; tive crise de pânico; falta de ar e tremedeira. Quando ‘amorteceu’ o meu lado esquerdo, fui para o hospital”.

A escritora conta que ao chegar ao ‘fundo do poço’ não sabia mais quem era. “Desacreditei das minhas capacidades e desisti de fazer muitas atividades, porque não tinha mais força. Neste período, consegui compreender que precisava me ajudar para sair da depressão”.

Um começo foi controlar os meus pensamentos. “Como transcender a dor? Ao escrever, percebi que os meus pensamentos mudavam. Passei a acreditar no meu valor e nas minhas capacidades”, menciona Cla ao comentar que os textos são momentos passados por ela e enfrentados sozinha.

Ela ainda pondera que quem passou pela depressão sabe que a pessoa fica frágil e reclusa. “Tudo nos incomoda! Nos isolamos e ficamos sozinhas com os nossos pensamentos. Tudo é pesado”.

MOTIVAÇÃO? – Cla explica que muitas pessoas desejam viver feliz, mas a felicidade não vem de um desejo. “Seus amigos, familiares ou colegas querem te ver melhor e isso precisa partir de você. Em muitos momentos, me questionei com relação a minha condição. Entendia que precisava me reconhecer – novamente – como pessoa. Quais eram as minhas qualidades? Os meus talentos? O que fazer para encontrar a vida de novo?”.

A professora aposentada ainda destaca a importância de cada pessoa – em um momento – dizer não. “Algumas pessoas não conseguem falar não para um pedido, por exemplo e eu fazia parte deste grupo. Com isso, em muitos momentos, não conseguia dar conta de tantas responsabilidades”.

A escritora descobriu que estava com depressão ao consultar com um cardiologista. “Ao fechar o diagnóstico, o médico relatou que estava com problema psicológico. Como professora, enfrentamos diversos desafios. Lembro que um dia estava corrigindo as atividades de uma turma e os alunos colocaram uma bomba caseira debaixo do meu material. Eu levei um susto. Queria dar aula. Eu só queria silêncio e disciplina na turma”.

Conforme a professora aposentada, o educador precisa ensinar e também se impor. “Minhas energias estavam esgotadas. Durante 35 anos, eu estava dando aula e na caminhada não percebi que a minha saúde mental estava comprometida. O processo para melhorar da depressão é longo”.

Cla afirma que se sentia culpada na depressão, pois ela não se considerava uma boa companhia. “Você não quer conversar; as palavras não saem. Você quer ser uma boa companhia, no entanto, o estar se sentindo bem não vem tão rápido”.

A escritora se sentiu bem ao saber que seus textos ajudavam outras pessoas. “Isso me motivou a querer escrever mais, o segundo livro. As pessoas conhecidas comentavam que deveria continuar escrevendo. Inclusive, minha amiga que trabalha em uma farmácia disseque o meu livro é um remédio para a doença e a tristeza da alma. A obra é um remédio, porque aborda o caminho da sensibilidade. Como é importante ter o caminho e respeitar a si mesmo. São textos curtos e destinados para a reflexão”.

Dos muitos remédios, ela acrescenta que o ser humano precisa da presença. “Porém não é qualquer presença. Deus prepara pessoas na sua vida que são consideradas remédios. As amizades são remédios preciosos e nos ajudam em nossa cura”.

NOVA OBRA – O atual livro pode ser encontrado na Livraria Arco Íris e na Livraria Mais. Ele também está sendo comercializado nos municípios de Palotina, Marechal Cândido Rondon e Cascavel. “A obra ajuda muito a gente. Ele é um amigo. Se a pessoa não tem com quem contar, ela tem o livro. Uma obra de cabaceira para confortar o coração”.

O segundo livro já está no ‘forno’. A escritora destaca que a obra é um convite para a alegria. “Para a vida ficar mais bonita e ter um olhar diferenciado. A nova obra vai sugerir que a alegria é um convite e você precisa aceitar ser alegre. Existem caminhos para serem seguidos para ser uma pessoa alegre. Uma delas é mudar a forma de pensamento”.

Cla pondera a necessidade de ressignificar o não. “Cada cidadão tem suas lutas e batalhas diárias. Desejo que nós tenhamos mais conforto em nossos corações diariamente. Que possamos ter mais paz e equilíbrio e que Deus nos ajude”.

Da Redação

TOLEDO

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.