Cooperjovem: um novo jeito de escrever o ‘futuro’

Infância! Palavra doce que remete a inocência, as brincadeiras e os aprendizados. É o período mais autêntico do ser humano regado a ousadias e descobertas. Exatamente por isso, as crianças são mais sociáveis, destemidas e propensas a estabelecer conexões com o próximo. Também é na infância quando se aprende valores importantes para a vida, como respeito, ajuda mútua e solidariedade. É a fase ideal para ensinar a importância do trabalho em equipe e da cooperação. Ações de desenvolvimento e transformação de pessoas e das comunidades.

De olho no futuro, a C. Vale Cooperativa Agroindustrial, localizada em Palotina, região Oeste do Paraná, mantém iniciativas para garantir a sua continuidade entre as novas gerações. Um dos projetos é o Cooperjovem, criado em 1999. A assessora de Cooperativismo da C.Vale, Mirna Klein Fúrio, comenta que a proposta surgiu da necessidade de motivar as novas gerações a se envolverem com a Cooperativa.

“O Cooperjovem tem a finalidade de mostrar aos estudantes os princípios de funcionamento e os benefícios que o cooperativismo pode gerar e, motivá-los a fazer parte do sistema para, futuramente, serem associados, funcionários e dirigentes da C.Vale”.

O presidente da C.Vale Alfredo Lang destaca que o programa estreita os vínculos entre a Cooperativa e as comunidades de sua área de ação e mostra às crianças a força da cooperação. “Ele cria um estímulo e uma consciência envolvendo a importância de os estudantes se vincularem ao cooperativismo. O Cooperjovem é o ponto de partida dessa estratégia, que segue através de outros programas, à medida em que as crianças vão crescendo”.

O presidente pontua que através do programa os alunos passam a ter consciência de o quanto eles e as comunidades podem se beneficiar do cooperativismo, seja através do acesso a fontes alternativas de renda, novas tecnologias, empregos, das ações realizadas em conjunto. “Vários desses alunos se tornaram associados e funcionários da Cooperativa, ou seja, as novas gerações passaram a fazer parte da C.Vale e são eles que vão ajudar a manter a C.Vale no futuro”, complementa Lang.

EM AÇÃO – O projeto Cooperjovem é realizado em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR) com patrocínio de uma empresa fornecedora da C.Vale. Ele é desenvolvido com estudantes do 4º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas e privadas. A participação da escola no projeto é voluntária. Os professores que aplicam o conteúdo recebem treinamento antes do início de cada etapa.

“O conteúdo é aplicado em sala de aula com base em apostilas e, ao final, os alunos participam de um concurso de desenhos. Os melhores trabalhos de cada turma são selecionados para participar da etapa final que reúne as escolas por regiões. Os vencedores recebem uma premiação”, enfatiza Mirna.

Desde a implantação do Cooperjovem, 36.800 alunos participaram em 1.800 turmas. Já em 2022, são 1.693 estudantes em 90 turmas de 56 escolas de oito municípios da região Oeste: Palotina, Assis Chateaubriand, Nova Santa Rosa, Maripá, Terra Roxa, Francisco Alves, Brasilândia do Sul e Alto Piquiri.

DESENVOLVIMENTO – E o Cooperjovem está na 23ª edição. O Município de Nova Santa Rosa participa do projeto desde início com a Escola Municipal Willy Barth e Escola Municipal Arnaldo Busato. A partir de 2018, duas instituições também aderiram ao programa, a Escola Municipal Getúlio Vargas e a Escola Municipal Santa Terezinha. Até o ano de 2021 cerca de 960 alunos participaram das atividades e, em 2022, são 174 alunos das turmas de 4º ano do Ensino Fundamental envolvidos no cooperativismo.

A coordenadora do Cooperjovem na Secretaria Municipal de Educação e Cultura, Nelci Vinciguerra Schmidt, explica que o programa tem o propósito de difundir atividades educativas baseadas nos princípios e valores do cooperativismo, visando desenvolver e trabalhar com os quatro eixos: educação cooperativista, financeira, empreendedora e ambiental, alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), práticas pedagógicas inovadoras.

Para transmitir os conhecimentos em sala de aula, os professores tiveram a formação e vivenciaram na prática todo o desenvolvimento das atividades que foram baseadas em projetos com o olhar voltado na busca de cooperar para solucionar um desafio, desenvolvendo habilidades e competências. Também foi apresentado o Cooperjogo com cinco fases e missões a serem cumpridas.

O início da atividade neste ano foi no dia 20 de junho com a apresentação do programa Cooperjovem e a leitura da Cápsula do Tempo, um chamamento onde, o planeta Terra convida os estudantes para colaborarem com sua harmonia. “Quem aceitar o chamado viverá uma jornada de transformação, aprendizado e diversão!”, reforça a coordenadora.

Como o Cooperjogo é cooperativista, a coordenadora enfatiza que os estudantes são incentivados a praticar a cooperação, o trabalho coletivo, a democracia participativa, a responsabilidade e a solidariedade. Nas missões, os estudantes fazem pesquisas, investigações e mapeamentos e usam o conhecimento adquirido no desenvolvimento do projeto coletivo e interdisciplinar, a fim de ajudar a resolver um problema real da comunidade.

“Vale ressaltar que no Cooperjogo não há uma recompensa material/financeira como meta do jogo, pois os estudantes são motivados pela construção de um bem maior para a sua comunidade local”.

Com as atividades do Cooperjovem e Cooperjogo, os alunos são instigados a serem protagonistas de cada ação realizada em grupo. Nelci destaca que eles adquirem uma identidade de cooperação, se ajudam e ajudam os outros em pequenos atos, são mais sensíveis aos problemas dos outros e sempre dispostos a ajudar, criando assim uma cooperação em cadeia. “O programa Cooperjovem desenvolvido pela cooperativa C.Vale vem trazendo uma proposta diferenciada na qual estimula os nossos alunos através do cooperativismo à trabalharem juntos em prol de um mesmo sonho, onde todos são ganhadores”, complementa a coordenadora.

APRENDIZAGEM – Suelice Rinaldi da Silva, professora na Escola Municipal Santa Terezinha, no distrito de Vila Cristal, em Nova Santa Rosa já tem experiência com o Cooperjovem e conta que neste ano a proposta do programa está bem diferente. Ela já aplicou o projeto em 2018 e 2019. Em virtude da pandemia da Covid-19, o projeto não foi realizado em 2020 e em 2021 foi executado a distância.

“Neste ano estamos retornando com o Cooperjovem com um padrão bem diferente, através do Cooperjogo. A experiência está sendo muito válida, bastante desafiadora e muito proveitosa. A participação e a empolgação dos alunos são pontos positivos, pois é perceptível que a aprendizagem é para a vida toda”, destaca a professora.

O aluno, Vinícius Eduardo Hein, de dez anos de idade, comenta que as atividades do Cooperjogo, aplicadas pela professora, levam a explorar conhecimentos que vão além da sala de aula. Ele conta que gosta de trabalhar com projetos, pois eles trazem muitos ensinamentos para a vida. “Com o projeto, eu aprendi meios de cooperação e a importância de cooperar. Também repasso para a minha irmã e meus pais o que aprendi. Dessa forma compartilho com eles minhas aprendizagens”.

Aulas com dinâmicas de grupos e pesquisa de campo complementam a metodologia utilizada para transmitir os conceitos de cooperativismo na escola. E os resultados aparecem em cada atividade realizada. “São observadas transformações, como o comprometimento e a responsabilidade dos alunos. Vejo que isso reflete positivamente no desempenho escolar e no convívio social deles, pois os próprios familiares percebem o empenho e o desempenho dos seus filhos nas atividades propostas”, enfatiza a professora Suelice.

Alunos de Nova Santa Rosa com o diário de jogo do Cooperjogo

Maykon Tehlen é pai da Marina Gabriely Tehlen, também aluna da Escola Municipal Santa Terezinha, de Nova Santa Rosa e ele exalta as propostas do Cooperjovem de apresentar às crianças o cooperativismo. “É interessante como que a Cooperativa se preocupa em apresentar o cooperativismo para crianças de dez ou 11 anos de idade. Na minha geração fui apresentado ao cooperativismo quando já estava na faculdade e depois eu também me associei em uma cooperativa. Eu acho muito importante apresentar essa dinâmica do cooperativismo logo cedo e, dessa forma, eles [os alunos] podem ir além”.

TRANSFORMAÇÃO – O programa Cooperjovem e todas as suas atividades realizadas em sala de aula com os alunos desenvolvem ações que refletem pontos positivos para a sociedade como estímulos à formação e capacitação do professor, cooperação, voluntariado e solidariedade, estimula a iniciativa dos alunos, incentiva-os a resolver situações e problemas com a tomada de decisões e impulsiona a formação de novos empreendimentos cooperativos.

Dentro da escola, a coordenadora do Cooperjovem na Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Nova Santa Rosa, Nelci Vinciguerra Schmidt, enfatiza que através do Cooperjovem almeja inspirar mais pessoas para a realização de projetos coletivos que tragam benefícios à comunidade local. “A educação com o olhar cooperativo trabalha com uma proposta de ensino transformadora, disseminando entre os estudantes os princípios do cooperativismo e valores, como o exercício da cidadania, o protagonismo e a autonomia, a dinâmica e a didática, totalmente renovada, colocando aluno e professor como protagonistas do programa”, complementa.

Nelci ainda destaca que o Cooperjovem, desenvolvido pela C.Vale, vem de encontro com necessidades das pessoas da comunidade que dependem, praticamente, da agricultura e de propriedades com cadeia produtiva de pecuária e que fazem parte do desenvolvimento e do progresso do município de Nova Santa Rosa. O Cooperjovem tem o objetivo de transformar cada indivíduo em futuros cidadãos que venham a ser protagonistas na construção de uma sociedade consciente, com uma educação de qualidade e que auxiliem na construção de um lugar cada vez mais cooperativo e, consequentemente, mais próspero. “Que seja uma comunidade que trabalha coletivamente, visando uma educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental, que seja capaz de apoiar e influenciar mudanças na vida das crianças, das famílias e da comunidade local”, conclui a coordenadora do Cooperjovem.

Franciele Mota

Da Redação

PALOTINA e NOVA SANTA ROSA

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