Defesa Civil faz vistorias em áreas de risco em Morretes após enxurrada

Estimated reading time: 5 minutos

Uma equipe técnica da Defesa Civil Estadual formada por geólogos e um operador de drone esteve em Morretes nesta quinta-feira (6) para realizar uma série de vistorias em locais afetados pela enxurrada do dia 7 de fevereiro. As vistorias foram solicitadas pela prefeitura e ocorreram nas áreas rurais do município, algumas de difícil acesso. Os laudos serão finalizados nas próximas semanas, com orientações específicas para cada situação.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Morretes, Edson Alves, existem 27 áreas de risco no município, onde vivem 1.200 famílias. “A gente não tem esse conhecimento técnico, por isso pedimos auxílio para o estado. Tivemos estragos em moradias e cabeceiras de pontes”, explica.

Na localidade de Marta, o movimento de uma encosta provocou o deslizamento de um barranco que chegou a oito metros de largura nos fundos de uma residência de alvenaria. Sem a cobertura da vegetação e com a inclinação de árvores na parte superior, há o risco de novos movimentos de massa em caso de chuva forte.

“Toda parte de cima desceu, isso aconteceu por volta das 11 horas da noite. Veio devagar e felizmente não atingiu a casa”, diz o morador, o empresário Eclair Andriola.

O maior número de áreas de risco está na zona rural, no trecho de encosta entre o km 18 e o km 36 da BR-277. Na comunidade Candonga foi o caso mais grave. A enxurrada levou uma parte da estrutura de três casas de alvenaria, às margens do rio Sagrado. A força da água arrastou rochas de tamanhos variados e mudou o curso do rio, aproximando a correnteza dos imóveis.

O aposentado Rubens da Silva estava no imóvel na noite da enxurrada e abandonou o local por volta das 22h daquele dia. “Nunca aconteceu uma enxurrada assim, a água ficou muito alta e com a força foi levando o que estava na beirada do rio”, relembra.

Para o geólogo Rogério Felipe, que liderou a vistoria, a sugestão é de que estes imóveis sejam interditados. “Nesse local tem várias casas em volta, todas muito próximas ao rio, quando o nível da água subir pode levar mais uma parte da estrutura, o que é preocupante. Aqui precisamos estudar uma maneira de garantir a segurança, provavelmente, vamos orientar a realocação das famílias”, diz.

A poucos metros dali, uma ponte que dá acesso a estrada das Canavieiras foi arrastada e um acesso provisório permite a passagem de veículos. Uma nova estrutura de alvenaria está sendo construída no local. A Defesa Civil Estadual apontou algumas adequações no projeto para aumentar a área de vazão em caso de cheia.

“A base da ponte já foi feita, da maneira que está o vão entre a ponte e o rio está muito baixo, justamente nessa parte há alguns blocos de rocha que diminui ainda mais o espaço para a água passar. Qualquer deslizamento com corrida de lama ou só água com troncos de árvores vai fazer ali uma enorme barreira. Corremos o risco de levar novamente a estrutura da ponte”, detalha o especialista.

Na mesma estrada, uma queda de barreira deixou um poste de energia a poucos centímetros de um barranco com 6 metros de altura. No bairro Pindaúva a água arrastou outra ponte e isolou duas residências. Os moradores fizeram um acesso temporário e aguardam o reparo definitivo.

Outro caso preocupante foi no Bairro Alto, na casa do agricultor Benedito Alves. No morro, nos fundos da residência houve um deslizamento com corrida de detritos. Numa descida íngreme de 100 metros de altura a água deslocou terra e centenas de rochas barranco abaixo até o limite com a casa de madeira. A cicatriz na mata com 5 metros de largura evidencia o risco iminente.

“Já vinha chovendo há alguns meses. Naquela sexta foi muito forte, quando anoiteceu aumentou bastante. Agora as pedras estão todas soltas, me preocupo com a chuva do mês de março, porque é muito quente”, desabafa o agricultor.

Para Rogério Felipe, nesta região próxima à serra a altitude aumenta as chances de deslizamentos, em especial, nos períodos de chuva. Estes sedimentos são carregados pelos inúmeros rios. “Nas partes mais baixas, o que tiver em volta do rio ou no caminho, acaba destruído”, explica.

“Nessa parte do rio Sagrado temos sete comunidades em áreas de risco. Quando temos grande volume de chuva sempre há registro de deslizamentos que são muito perigosos. Agora vamos aguardar os laudos para tomar as providências orientadas pelo estado”, afirma o coordenador municipal da Defesa Civil em Morretes.

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.