Dengue: novas mortes e mais casos deixam Toledo em alerta

Dados do último boletim da dengue em Toledo divulgado na sexta-feira (19), colocam as autoridades em saúde e a população em alerta. De acordo com o levantamento, o município contabiliza 3.893 casos confirmados e 13 óbitos no período epidemiológico (desde 1º de agosto de 2023).

A maioria dos infectados tem sintomas básicos, mas alguns desenvolvem manifestações mais graves que indicam necessidade de atendimento médico.

O diretor da 20ª Regional de Saúde de Toledo, médico Fernando Pedrotti explica que a dengue em Toledo traz uma preocupação muito grande. “Sempre é lembrado que, quanto maior o número de casos, maior a chance em que tenhamos casos graves da doença”.

SINTOMAS

Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue se manifesta de três formas: a dengue clássica, a dengue com sinais de alarme e a dengue grave. Os primeiros sintomas da dengue são febre alta, dores no corpo e atrás dos olhos, vermelhidão na pele e fadiga. Nessa fase, a doença é classificada como dengue clássica ou dengue sem sinais de alerta. Ela pode ser controlada com hidratação intensa e certas medicações até seu desaparecimento em alguns dias.

Na dengue com sinais de alarme, há os sintomas clássicos associados com dor abdominal intensa. “É uma dor contínua e pode existir quando apalpamos o abdômen esse é um sinal de alarme e que ficamos atentos”, menciona Pedrotti.

Também é identificada a presença de vômitos persistentes e que não sedem com o uso de medicação para vômito; acumulo de líquidos no abdômen, nos pulmões, no pericárdio.

“Pode haver uma queda da pressão ou até mesmo um pequeno desmaio ou mal estar. O aumento no tamanho do fígado que aumenta mais de dois centímetros do normal também é um sinal de alerta. Pode haver sangramentos em mucosas dos olhos, as pálpebras (área interna), no nariz, na boca, na mucosa vaginal ou anal. Sangramentos na boca e nariz são os mais frequentes e são sinais de alarme”, explica o médico.

A doença ainda apresenta os sinais de gravidade. Pedrotti cita que é quando o mesmo extravasamento do plasma (líquido do sangue) sai para fora das artérias. Neste caso, o paciente pode ter sinais de choque, um aumento de frequência cardíaca. “O coração passa a ficar acelerado, as extremidades ficam frias (os dedos dos pés e das mãos), o pulso fica fraco. Há uma diminuição importante na urina e um sangramento grave. Esses são sinais de gravidades e complicações importantes e que precisamos estar atentos, pois os últimos sintomas citados podem evoluir para óbito”.

SEQUELAS

As crianças, os idosos, as gestantes, pessoas que usam medicamentos imunossupressores possuem o maior risco de desenvolver complicações da doença. A dengue é uma doença séria e pode deixar sequelas. A mais frequente e comum é a sensação de cansaço após a recuperação da doença por, aproximadamente, dois meses. Pedrotti lembra também que o paciente pode desenvolver queda de cabelo, durante três meses, mas que tende a cessar. Contudo, há situações em que a doença pode apresentar sequelas mais graves.

O médico comenta que na fase inflamatória da dengue o paciente pode ter problemas no fígado e inclusive ter uma hepatite aguda causado pelo vírus da dengue. “Ele pode influenciar no funcionamento de diferentes órgãos e, muitas vezes, o vômito persistente, as náuseas e a sensação de cansaço estão relacionadas a uma alteração no fígado, a uma hepatite viral e, dependendo da gravidade, pode levar a uma insuficiência hepática. O fígado não consegue mais ser o suficiente para fazer o trabalho dele e são raros os casos que é necessário fazer um transplante de fígado. Isso é algo que pode acontecer”, alerta o médico.

Pedrotti também esclarece que a dengue pode provocar uma miocardite viral aguda, que é uma inflação do músculo do coração, do miocárdio. A miocardite pode levar a também uma insuficiência cardíaca. “O coração deixa de ter força suficiente para bombear o sangue e, ao não conseguir bombear o sangue de forma adequada, o paciente pode ter cansaço fácil, inchaço e falta de ar. Isso pode causar a insuficiência cardíaca como também pode agravar o quadro de um paciente que já tem insuficiência cardíaca”, complementa.

Uma das situações mais graves e preocupantes, do ponto de vista do vírus da dengue e outras doença virais é a encefalite. Fernando Pedrotti explica que a encefalite é uma inflamação severa no cérebro que ocorre por conta de uma inflamação. “Esse vírus atravessa o líquido e chega no cérebro. Ao chegar no cérebro, essa encefalite vai trazer sintomas importantes e com sequelas, entre elas dificuldade na fala, paralisia do braço ou da perna, e pode levar o paciente a óbito”, finaliza o médico.

Da Redação

TOLEDO

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