Alerta em Toledo: dificuldade de acesso prejudica combate à dengue
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Os dados do Setor de Controle e Combate a Endemias, referentes ao mês de janeiro de 2024, revelam um dos principais obstáculos enfrentados pelo município de Toledo na luta contra a dengue e outras doenças transmitidas por vetores: a alta incidência de “imóveis fechados”. Essa situação dificulta o trabalho dos agentes de combate a endemias (ACE), que desempenham um papel fundamental na identificação e eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Nos 31 primeiros dias de 2025, essa situação ocorreu 11.823 vezes, o que representa 60,26% das visitas realizadas (19.621) em Toledo. Esse percentual é superior ao registrado no mesmo período de 2024, quando 58,64% dos imóveis visitados (12.715 de 21.684) estavam fechados ou tiveram o acesso dos agentes aos imóveis dificultado, situação que impede estes profissionais de realizarem a inspeção adequada, identifiquem possíveis criadouros do mosquito e orientem os moradores sobre a importância da prevenção.
As dificuldades dos ACE, porém, não se limitam a isso. Além da dificuldade no acesso, muitos profissionais enfrentam o desafio da presença de cães bravos, que intimidam e, em alguns casos, chegam a morder os agentes. “Nós temos enfrentado uma resistência bem grande em relação ao atendimento à população. Muitas vezes, os moradores se incomodam com as nossas visitas, até com a periodicidade com que estas são feitas. Porém, tudo é feito dentro das normas técnicas e legais”, pondera a ACE Lorraine Cordeiro dos Reis. “Pedimos encarecidamente que os cidadãos permitam que os agentes de combate a endemias ingressem nos imóveis e prendam os cachorros que podem nos morder. Nesta batalha estamos na ‘linha de frente’ e precisamos de ajuda para evitar o que aconteceu no verão passado, quando houve recorde no número de casos e óbitos causados pela dengue”, recorda.
Durante as visitas domiciliares, os focos do mosquito são encontrados, principalmente, em pratinhos de plantas, recipientes de alimentação de animais, cisternas, toneis, caixas d’água e até mesmo em vasos sanitários de edículas. “Na seca, muitas pessoas costumam acumular água nos pratinhos para não precisar regar todos os dias. Contudo, quando a chuva vem, elas esquecem de remover o excesso”, comenta a ACE Jayne Eliza Gonçalves Pereira. “Também vemos com frequência os reservatórios de água que não estão fechados com telas e com a torneira para cima. Nesta e em outras situações em que a reprodução do mosquito está favorável, orientamos os moradores a tomarem as medidas corretas”, relata.
Para evitar a proliferação do Aedes aegypti, a população deve eliminar qualquer reservatório de água parada e adotar medidas de proteção, como o uso de repelentes, especialmente nos horários de maior incidência do mosquito, que ocorrem no início da manhã e no final da tarde. “Durante o ano todo, mas principalmente nesta época, é importante que os moradores tenham o hábito de fazer vistorias periódicas em seus quintais. A atividade do Aedes aegypti é predominantemente intradomiciliar, o que significa que ele está muito mais presente dentro das residências do que em terrenos baldios. Por isso, a colaboração dos moradores é essencial para a eficácia das ações de combate”, pontua o coordenador do Setor de Controle e Combate a Endemias, Antônio José de Sousa de Moraes.
Periodicidade – Outro ponto relevante é a periodicidade das visitas dos ACE aos imóveis. Em geral, essas inspeções ocorrem a cada dois meses, mas podem ser realizadas em intervalos menores, de até 15 dias, em momentos de aumento dos casos. Grandes empresas do município também são fiscalizadas com essa mesma regularidade.
Além disso, quando há confirmação de um caso suspeito de dengue, é realizada a chamada “operação bloqueio”, que abrange um raio de 150 metros ao redor da residência do paciente. Essa ação ocorre em duas fases: primeiro, os agentes fazem a remoção mecânica dos criadouros; depois, aplicam inseticidas para eliminar os mosquitos adultos.
Outra medida fundamental para o controle da dengue em Toledo é o Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti (LirAa). A partir deste ano, essa análise passará a ser realizada seis vezes ao ano em todos os bairros da cidade. Os imóveis a serem vistoriados são definidos por meio de uma plataforma do Ministério da Saúde, garantindo um monitoramento mais preciso e abrangente.
Fonte: Prefeitura de Toledo