Desenvolvimento Regional Sustentável: Toledo é sede de Seminário e reforça potencialidade

Toledo foi palco do Seminário Agenda para o Desenvolvimento Regional Sustentável. O evento realizado na segunda-feira (16), no Centro de Eventos Ismael Sperafico, contou com a presença do vice-governador do Paraná Darci Piana, secretários estaduais, além de dirigentes de organismos técnicos de Estado ligados à questão ambiental e fomento econômico, secretário do Estado Mecklemburg da Alemanha Patrick Dahlemann – entre outros representantes de órgãos de governo, agências bilaterais e de cooperação, empresários ligados às soluções ambientais e energias renováveis – além de autoridades locais, regionais, empresários e interessados no setor.

O Seminário teve por objetivo apresentar o Programa Oeste Sustentável – projeto que envolve gestão, tratamento e transformação dos dejetos e resíduos das atividades agropecuárias e das agroindústrias localizadas no Oeste do Estado do Paraná. O público presente teve a oportunidade de conhecer o cronograma, as fases de implantação do Programa Oeste Sustentável e a proposta de cooperação alemã na sua estruturação e financiamento.

O Seminário foi realizado pelas cooperativas de energias renováveis e saneamento rural Ambicoop e Coopersan, com o apoio da Prefeitura de Toledo e outros órgãos ligados ao desenvolvimento regional. Segundo o administrador executivo da Me Le Biogás Brasil e diretor executivo da Copersan Neudi Mosconi, o evento foi uma proposta inicial de um trabalho que está em desenvolvimento há mais de quatro anos.

“Esse trabalho conta com a atuação de empresas europeias e da Alemanha que junto com agenda de energias renováveis e fundos de investimentos fizeram parte de um diagnóstico que constatou que, de fato, nós estamos em um região com o maior poço de petróleo verde do mundo segundo as informações e análises técnicas desse organismos internacionais. Com base nisso, foi despertado o interesse da comunidade europeia, principalmente da Alemanha, pela necessidade de energias renováveis, pois a Alemanha tem uma proposta de sustentabilidade arrojada que vem aprimorando para atender a Agenda Mundial do Clima de até 2030 zerar o consumo de combustíveis fosseis e implementar na cadeia de aviação a redução de 30% do querosene derivado de fonte petrolífera”, relatou.

MATÉRIA-PRIMA E TECNOLOGIA – Mosconi explicou que existe a necessidade de substituição do querosene sintético e a matriz para atender parte dessa demanda, segundo ele, está na Região Oeste. O diretor executivo da Copersan pontou que no evento foi possível reunir todos os ‘atores’ desse processo para a discussão e efetivação de propostas.

“Temos a matéria-prima: que é a biomassa. Eles têm a tecnologia e recursos, então nós estamos reunindo todos esses atores com proposta definida de investimento dos fundos europeus, a projeção é a assinatura de contratos conosco para construir – enquanto a Ambicoop constrói o projeto piloto – as empresas europeias financiam através da iniciativa privada. Esse estudo visa planejamento estratégico e regional de Toledo, Nova Santa Rosa, Quatro Pontes e Marechal Cândido Rondon e todos os que quiserem e sem onerar produtor”, esclareceu.

FUTURO VERDE – Para Mosconi, o Seminário é um marco no sentido de sair da teoria e partir para a pratica. Ele salientou que o início deve ser marcado com a implementação de uma nova matriz econômica de grande escala ambiental e econômica, pois o mundo caminha em direção a isso, com o objetivo de eliminar ou reduzir ao máximo as matrizes de combustíveis fosseis, em busca do sustentável para não gerar mais impacto no meio ambiente.

“Em 2025, viríamos com a construção simultânea de todo os processos da cadeia de transformação primária que são as centrais de biogás, com a construção de toda uma rede de gasoduto para transportar esse biogás gerado nessas centrais até uma central única de transformação; com a transformação em hidrogênio verde – a mistura do biogás com o hidrogênio verde vai produzir o petróleo sintético e dele é possível fazer a gasolina, o diesel, a querosene, o lubrificante e etc. Ainda falta regulamentar, ajustar essas mudanças de lei, por isso, a importância da presença do Governo do Estado e todos os atores”, reforçou.

FOCO NA SUSTENTABILIDADE – Na análise do presidente Cooperativa de Geração de Energias Sustentáveis (Ambicoop) Ilmo Werle Welter, o Seminário irá permitir que ocorra uma mudança de paradigma em se pensar o que significa o dejeto suíno – em termos de contaminação de solo e contaminação alimentar. Ele relatou que acontece um projeto piloto que visa permitir várias mudanças e trazer os problemas para dentro da Cooperativa, pois a ideia é que esses sejam transformados em ativos – quando se fala em ativos existem recursos e o trabalho acontece para que esses recursos fiquem dentro das propriedades.

“Nesse sentido criamos a Cooperativa Ambicoop para podermos trabalhar e definirmos um projeto que tem hoje 90% definido. Nesse projeto, sentimos a necessidade de mudanças e parcerias muito fortes, principalmente, das universidades para a gente conseguir mudar tecnologia e pensamento na maneira de trabalhar a buscar inovações. Hoje, graças a Deus, nesse sentido temos um apoio grande e no Seminário o intuito é buscarmos auxílio dos poderes públicos para conseguirmos trabalhar esse projeto. Existem algumas normas na legislação que são ainda discutidas, têm que ser debatidas avaliadas e ‘consertadas’ no sentido de poder atuar como produtor de energias renováveis. A sustentabilidade trabalha aqui hoje e é importante para que consigamos formar uma união encima desse nosso projeto”, concluiu.

Matéria-prima e tecnologia: parceria visa unir esforços em benefício da sustentabilidade

Autoridades e interessados no Projeto debateram temas voltados ao assunto – Foto: Janaí Vieira

O Seminário Agenda para o Desenvolvimento Regional Sustentável reuniu centenas de pessoas. O seleto público teve acesso ao andamento dos trabalhos do Programa Oeste Sustentável. Entre os ‘atores’ que devem ocupar papéis importantes do processo estavam o Governo do Estado e representantes da Alemanha.

“Tudo o que a gente precisa é continuar trabalhando em benefício do Estado e a sustentabilidade é primordial neste trabalho”, citou o vice-governador do Paraná Darci Piana. “Em nome do governador, estamos aqui, para dar o suporte do Estado com relação a prefeitura e também iniciativa privada para dar a parcela de contribuição, tenho certeza de que não só Toledo, mas toda a região a o Paraná irão sair beneficiados com aquilo que está sendo feito aqui hoje”.

De acordo com o vice-governador, os instrumentos de suporte do Estado envolvem tudo aquilo que o Governo pode oferecer. Ele reforça que a decisão maior sempre cabe ao Estado, toda a estrutura do Estado envolvendo o meio ambiente e que o Governo se fez presente com o intuito de dar o suporte necessário para tudo que for discutido e tiver a possibilidade de ajudar.

PARCERIA INTERNACIONAL – O secretário do Estado Mecklemburg da Alemanha Patrick Dahlemann agradeceu a cordial recepção que recebeu nos município de Toledo e Nova santa Rosa. Ele também salientou o interesse por parte de todos os envolvidos.

“O tema proteção do clima diz respeito a todos. O governo da Alemanha tem metas climáticas e padrões ambiciosos, muita tecnologia e nohaal nessa área. Através dos projetos queremos melhorar a proteção do clima na região e combinar o desenvolvimento econômico, agregação de valor de modo que todos se beneficiam e a qualidade de vida das pessoas também melhorem”, destacou.

Segundo Dahlemann, a agricultura também é a principal atividade econômica do Estado e muitas pessoas trabalham no setor. Contudo, ele acrescentou que a agricultura cria desafios e um deles é todos os dejetos da produção de suínos e como eles podem ser aproveitados na geração de biogás e transformado em hidrogênio verde e outros produtos que podem ser exportados para a Alemanha. “Todos se beneficiam. Estamos aqui não apenas para uma visão de futuro, mas que aconteça de fato”.

PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – O prefeito de Toledo Beto Lunitti avaliou que o Seminário é um importante passo em relação busca de resolução dos desafios – no ponto de vista de transpor os obstáculos para ampliação da produção de alimentos. “Toledo é o maior produtor de alimentos do Paraná e está inserido em uma região que mais produz para o mundo. Na parte de proteína animal temos os dejetos e é preciso dar solução para isso, o poder público, tanto do município quanto do Estado, precisa construir ambientes favoráveis para o debate e dar oportunidade para os empreendedores. A proposta se antecipou diante da guerra na Ucrânia que trouxe problemas energéticos para a Alemanha e a Europa. Eles precisam importar combustíveis nas suas variadas formas, dentro desse contexto tem e existe essa questão da possibilidade da produção de hidrogênio – movimento de décadas para o futuro -, mas, é preciso falar e constituir isso, debater e este é um momento inicial de algo grandioso que pode acontecer”, declarou.

MINISTÉRIO PÚBLICO

Foto: Jornal do Oeste

“O Ministério Público apoia integralmente esse projeto. Nós cremos em novas matrizes de energia limpa – a exemplo do biogás, do biometano, da biomassa. Também acreditamos que essa oportunidade é rara para discutirmos com vários segmentos, várias autoridades, não só do agronegócio, mas também da área ambiental, novas medidas para o aproveitamento dessa potencialidade que temos aqui – não só no Oeste, mas em toda a Região Sul do Brasil. Através da suinocultura e avicultura e, com esse projeto,  podemos resolver vários problemas como a destinação adequada dos dejetos da suinocultura e avicultura, o aspecto social com a geração de empregos, transformar a propriedade em uma propriedade sustentável, gerar lucro economia para o próprio agronegócio, o agricultor passa a ter uma propriedade autossustentável e isso vai de acordo com a Agenda 21 do Brasil – no sentido de gerar novas fontes energéticas limpas. Nós não podemos ficar, hoje, apenas na geração de energia elétrica, termoelétrica, hidráulica, temos que pensar novas fontes, exemplo da energia fotovoltaica, da energia eólica e temos esse potencial enorme para gerar o biometano, o biogás, aproveitamento dos aterros sanitários. Eu acho que esse projeto discute tudo isso e nós temos certeza que estamos no caminho certo, por isso, o Ministério Público apoia essas iniciativas”, declarou o coordenador do Gaema da Região Oeste do Paraná, promotor de Justiça Giovani Ferri.

INSTITUTO ÁGUA E TERRA

Foto: Jornal do Oeste

“Esse evento é muito importante porque estamos aqui na Região Oeste do Paraná e Toledo é fundamental na questão da criação de suínos face ao processo de industrialização que já existe consolidado. Além disso, tem a tendência do crescimento e verticalização da produção. Esse evento tem cunho principal, exatamente, de você buscar outras fontes alternativas de energia e aproveitamento dessa matéria-prima que vai ser gerada e também das carcaças de suínos que tem todo um critério em protocolo nacional. A questão de sanidade vai trazer essas discussões e propostas. Vai refletir na região questão do crescimento acelerado da suinocultura. Nossa equipe está à disposição”, destacou o chefe do Instituto Água e Terra (IAT) de Toledo Taciano Maranhão.

PÚBLICO

Foto: Janaí Vieira

Participaram do evento integrantes Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Coordenadoria das Associações Comerciais e Industriais do Oeste do Paraná (Caciopar), Associação dos Municipios do Oeste do Parana (Amop) e da Associação das Câmaras e Vereadores do Oeste do Paraná (Acamop), Associação Regional dos Produtores de Suínos do Oeste do Paraná (Assuinoeste), Associação dos Avicultores do Oeste do Paraná (AAviopar), representantes de secretarias municipais e Câmara de Vereadores, além de técnicos dos municípios e de empresas e cooperativas ligados à produção agropecuária.

PROGRAMAÇÃO

O evento contou com as assinaturas de contratos e demais documentos; entrega de pedido pelo Estado do Paraná de cooperação com a GIZ para e implementação do Programa H2V no Estado; entrega de pedido pelo TECPAR Paraná de cooperação com a GIZ para e implementação do Programa de Certificação; assinatura de contrato Parceria Pública Privada – GIZ e a Me Le Biogás; Ambicoop e Coopersan – no valor de € 2.368.400,00 (R$ 13.263,040,00) em atividades e projetos a serem executados e repassados as cooperativas Ambicoop e Coopersan; assinatura de contrato Desenvolvimento Estudos de Viabilidade, Projetos e Registro de Crédito de Carbono – Ecosecurities e Ambicoop e Coopersan – estimados em R$ 9 milhões; estudos e assistência técnica finalizados e aprovados – LCBA – ME LE Biogas Brasil Ltda  para a Cooperativa Coopersan (seis núcleos) e Ambicoop (dois núcleos); assinatura de contrato de locação de 2 SFV – Cresol e Ambioop; assinatura de contrato de locação de 1 SFV – Sicredi e Ambicoop e assinatura de contrato de locação de SFV – Clube Yara e Ambicoop. No período da tarde, ocorreu uma visita a Central de Municipal de resíduos Urbanos – conversas com os municípios na integração dos resíduos urbanos no Programa de Gestão e Tratamento dos Resíduos – integração do RSU e resíduo verde no Projeto Piloto do Rocio.

Da Redação

TOLEDO

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