Exposição “Desse Lado do Muro” abre as portas do antigo Centro de Triagem em Curitiba

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O Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR) inaugura no dia 1º de maio a exposição “Desse Lado do Muro”, como parte do Projeto Cárcere, que ocupa o prédio do antigo Centro de Triagem da Rua Barão do Rio Branco, no Centro de Curitiba. A mostra, promovida em parceria com a Agência Farpa, apresenta uma seleção de imagens feitas em 18 presídios de sete países da América Latina pelos fotógrafos Erick Dau, Francisco Proner e Thiago Dezan.

A proposta de “Desse Lado do Muro” é provocar empatia e reflexão sobre as condições das pessoas privadas de liberdade. Ambientada entre celas e grades originais, a exposição convida o público a refletir sobre a realidade do sistema prisional latino-americano, por meio de fotografias em grande escala, vídeos captados nos presídios visitados, lambes e projeções.

A produção conta com uma equipe de referência como o premiado iluminador Beto Bruel, responsável pelo projeto luminotécnico; a arquiteta e urbanista Pamela Santos, que assina o projeto arquitetônico; e a cenografia de Muga Riesemberg e Elerton Alerta Bertrão.

RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO HISTÓRICO – Integrada à iniciativa de expansão do MIS-PR, a mostra marca o início da readequação do antigo Centro de Triagem, que por anos funcionou como local de custódia temporária sob responsabilidade da Polícia Civil do Paraná. O prédio, anexo ao Palácio da Liberdade, sede histórica do MIS-PR, foi desativado em 2023 após um acordo entre as secretarias estaduais da Segurança Pública e da Cultura, e agora passa a integrar o projeto Cárcere, que prevê uma profunda transformação do espaço, com foco em cultura, direitos humanos e memória.

“A ideia é reocupar e ressignificar esse local emblemático com ações culturais e debates que promovam reflexão sobre o sistema carcerário e outras questões sociais urgentes”, afirma Mirele. Segundo ela, a exposição é apenas o começo de uma série de ações previstas para os próximos 12 meses, incluindo palestras, exibição de filmes, rodas de conversa e outras mostras.

A ocupação cultural foi pensada a partir de amplo processo de pesquisa, com visitas técnicas a instituições como o Museu do Carandiru e o Museu da Resistência (SP), e articulação com parceiros como a Defensoria Pública do Paraná, a Polícia Penal do Paraná (PPPR), o Instituto Médico Legal (IML) e a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR.

O projeto tem patrocínio do Instituto Humanitas 360 via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura.

FARPA E A DOCUMENTAÇÃO DA REALIDADE APRISIONADA – Ao documentar a rotina de presídios em diferentes países da América Latina, o trabalho da Agência Farpa – criada em 2017 e reconhecida internacionalmente por seu jornalismo visual – expõe um cenário marcado por superlotação, violações de direitos humanos, precariedade estrutural e negligência.

O trabalho da Farpa já foi publicado em meios como Vice, The Intercept, The New York Times, The Guardian, The New Yorker, Folha de São Paulo, El País, O Globo, National Geographic, Greenpeace, Al Jazeera, The Globe and Mail, Washington Post e CIDH – Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Teve ainda trabalhos premiados no Pictures of the Year – POY Latam 2019 – Menção Honrosa categoria “Notícias Individuais” e também no SND (Society of News Design) na categoria Photography – Single-Day Photo Series em 2019.

Da AEN

CURITIBA

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