Dia da Nutrição: alimentação saudável é sinônimo de qualidade de vida

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Na data de 31 de março é celebrado o Dia da Saúde e da Nutrição. Não tem como pensar em saúde sem atrelar a uma alimentação balanceada. Ou seja, a qualidade de vida tende a estar relacionada a uma alimentação saudável. Quando o assunto é nutrição alguns profissionais podem desempenhar um papel primordial na vida do paciente.
Uma das áreas que compõe esse campo é a nutrologia. A médica e cirurgiã do aparelho digestivo, pós graduada em nutrologia (nutróloga) que atua na Clínica Inspirar, Amanda Castelo Branco Contente, explica que a nutrologia é uma especialidade médica que tem por objetivo prevenir, diagnosticar e tratar doenças nutroneurometabolica, ou seja, enfermidades que estão relacionadas aos nutrientes, afetando também ao sistema neurológico e metabólico.
Amanda destaca que o médico nutrólogo visa melhorar a saúde física e mental do ser humano. Além de tratar, o médico busca prevenir doenças relacionadas ao metabolismo de uma forma geral.
NUTRIENTES E METABOLISMO – “É essencial que o médico saiba orientar os pacientes sobre as enfermidades nutroneurometabolicas que estão muito presentes na atualidade como: obesidade, hipertensão arterial e diabetes melito e, assim, realizar condutas que visam melhorar o metabolismo usando os nutrientes como sua principal ferramenta”, aponta.
Segundo a profissional, a identificação de padrões alimentares e hábitos de vida são muito importantes durante a avaliação do paciente. “O médico nutrólogo com base nessas informações, faz sugestões de mudanças que têm por objetivo principal melhorar não só a saúde, mas também a qualidade de vida do paciente”.
QUALIDADE DE VIDA – Qualquer pessoa pode ser acompanhada por um nutrólogo. Amanda salienta que se a pessoa busca uma melhor qualidade de vida, mais autonomia nas atividades e estímulos para iniciar uma atividade física ou simplesmente melhorar sua saúde, um nutrólogo pode ajudar.
“Hoje, podemos viver muitos anos, mas nem todos terão o envelhecimento saudável. Assim é importante cuidar da saúde e dos hábitos para que daqui dez ou 20 anos a pessoa tenha autonomia. O amanhã depende do hoje. Musculação e alimentação saudável não são negociáveis quando estamos falando de longevidade. A comida é nosso principal remédio, comer bem não significa comer menor e sim comer melhor, é preciso prestar atenção no que come, como come e quando come. Pois isso, fará diferença nos anos futuros. Movimentar-se também é imprescindível para gerar nossa ‘poupança de músculos’ para a velhice. Quanto mais músculos construímos na juventude, mais autonomia teremos na velhice”, enfatiza.

Mercado de produtos naturais vê expansão do setor
Aveia, linhaça, granolas, castanhas, farinhas integrais, temperos naturais, além de suplementos e vitaminas. As lojas que comercializam esses e outros itens da alimentação natural estão cada vez se popularizando no mercado. Nas prateleiras uma infinidade de alimentos integrais, naturais, ingredientes para uma dieta alergênica, sem glúten, sem açúcar ou sem lactose.
Nos últimos anos, o mercado de produtos naturais tem se destacado significativamente no Brasil, refletindo uma mudança profunda nos hábitos de consumo. Os brasileiros estão cada vez mais conscientes dos benefícios dos produtos naturais e orgânicos, tanto para a saúde quanto para o meio ambiente.
E a procura por esses alimentos tem aumentado, o que indicou o crescimento das lojas que comercializam esses produtos. Luan Klein é gerente/proprietário da Pró-Saude, com três lojas estabelecidas em Toledo. O negócio da família está há mais de 20 anos em Toledo e ele conta que a cada ano a clientela tem aumentado e diversificado.
“Vemos que a cada dia as pessoas estão preocupadas com a saúde, com a sua nutrição e estão buscando alimentos mais naturais e saudáveis. Estão inserindo na sua rotina alimentos integrais e suplementos”.
RESTRIÇÕES – Luan cita que muitas pessoas também descobrem que são intolerantes ao glúten ou a lactose e precisam recorrer aos alimentos alternativos. “Recebemos muitos clientes com indicação médica para consumir determinados alimentos em substituição a outros. Por isso recorrem as farinhas sem glúten, aveia e outros alimentos integrais”, complementa.
Além dos ingredientes para o preparos dos alimentos, Luan comenta que a loja também disponibiliza de alimentos preparados com ou seu as principais restrições, como bolos sem açúcar, pães integrais ou sem glúten e pequenas refeições como panquecas e sanduiches naturais. E o público que busca esses alimentos é diferenciado.
“É um público interessado em saúde, na sua nutrição e na qualidade de vida. Percebemos que 90% dos clientes são jovens e adultos com um estilo de vida saudável, que já fazem uma atividade física”.
EXPANSÃO – O mercado de produtos naturais está em plena expansão, com os consumidores cada vez mais preocupados em escolher alimentos livres de aditivos químicos e conservantes. Luan lembra que após a pandemia da Covid-19 a população está mais atenta a sua saúde e nutrição e isso tem ampliado esse mercado de alimentos naturais e saudáveis. “Temos uma boa expectativa neste setor. A população está mais consciente da importância de cuidar da sua saúde, tem acesso aos alimentos saudáveis e estão conhecendo as opções de substituição e adequações”, conclui.

Deficiência nutricional pode causar alteração no organismo, explica biomédico
Uma dieta equilibrada fornece os nutrientes à produção adequada de células sanguíneas e, por consequência, mantém os vasos sanguíneos saudáveis. A principal orientação é manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes essenciais, como ferro, vitamina B12 e ácido fólico.
Uma dieta saudável contribui para controlar os níveis de colesterol e glicose no sangue, reduzindo significativamente o risco de doenças cardiovasculares e diabetes.
O biomédico Anderson Moraes explica que quando o paciente deseja fazer um checkup existem exames básicos nutricionais indicados, que seriam os seguintes:
- – Hemograma;
- – Ferro;
- – Zinco;
- – Cálcio;
- – Vitamina B12;
- – Vitamina D;
- – Ácido fólico;
- – Glicose;
- – Lipidograma.
ALTERAÇÕES – De acordo com Moraes, as deficiências nutricionais podem causar desde alterações leves e até levar a morte. “Quando falamos em alterações leves, podemos classificar em duas, sendo elas: alterações físicas e alterações mentais”.
O biomédico destaca que nas alterações físicas, o paciente pode apresentar: palidez, cansaço, fraqueza muscular, dores ósseas e dentais, visão embaçada, cabelo seco, pele ressecada e unhas fracas.
Moraes complementa que nas alterações mentais os sintomas mais comuns são: mudanças na disposição física, mudanças na energia, alterações na capacidade mental e alterações na clareza dos pensamentos.
HEMOGRAMA – Conforme o profissional, o hemograma é um dos principais exames de triagem que há no laboratório. “Vários dos nutrientes que temos em nosso organismo são responsáveis por contribuir na produção de células sanguíneas (que são avaliadas pelo hemograma), quando temos alguma deficiência nutricional, ela vai refletir diretamente na produção dessas células, ou até mesmo na qualidade das mesmas, causando anemias, imunidade baixa, entre outras complicações”.
INTERPRETAÇÃO – Moraes recomenda que o cidadão sempre busque ajuda de um profissional para auxiliar na escolha desses exames, baseados na história clínica desse paciente, bem como na avaliação dos resultados. “Hoje em dia temos vários profissionais aptos a realizar esse acompanhamento e que sabem orientar esse paciente corretamente”.
Ele salienta que a avaliação bioquímica é um passo fundamental, tanto para o acompanhamento ou conhecimento do estado nutricional e funcional do organismo do paciente, quanto para a descoberta de novas doenças ou disfunções metabólicas que possam ser corrigidas, promovendo uma melhora na qualidade de vida. “Muitas das vezes um cansaço físico exacerbado pode ser apenas alguma deficiência metabólica ou nutricional que é simples de resolver, melhorando muito o nosso dia a dia”, finaliza.

Entenda os rótulos: o segredo para uma alimentação equilibrada
Alimentos com embalagens coloridas e imagens chamativas atraem o olhar e despertam o apetite. No entanto, diante dessas tentações nas prateleiras, a escolha da próxima refeição nem sempre é feita de forma consciente. Conferir os ingredientes, a tabela nutricional e a lupa indicativa deveria ser um hábito essencial no momento da compra. Quem busca uma alimentação equilibrada precisa analisar esses três pontos no rótulo para fazer escolhas saudáveis.
Antes de tudo, é fundamental verificar se a embalagem está intacta e se o produto está dentro do prazo de validade. A nutricionista Silvana Limberger destaca a importância de interpretar corretamente as informações do rótulo. “Compreender a tabela nutricional e a lista de ingredientes ajuda a entender a composição real do alimento. Saber analisá-las é essencial para evitar produtos com aditivos, conservantes e corantes artificiais, além de auxiliar no controle de calorias ingeridas”, explica.
A análise da tabela nutricional exige atenção a alguns detalhes. “É importante observar a quantidade de porções por embalagem e como cada porção impacta a ingestão calórica diária. Sempre recomendo comparar pelo menos dois produtos semelhantes para identificar qual se alinha melhor ao objetivo nutricional. Já ao verificar a lista de ingredientes, sugiro um critério simples: se você lê um ingrediente e não sabe o que é ou para que serve, seu organismo provavelmente não precisa dele. De modo geral, quanto menos ingredientes, mais saudável será o alimento”, alerta Silvana.
LUPA – Desde 2022, para aumentar a transparência nas informações, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a inclusão do símbolo de uma lupa na parte frontal das embalagens, indicando ‘alto teor’ de açúcar adicionado, sódio e gordura saturada. Caso os três estejam sinalizados em um único produto, a nutricionista orienta que o consumo seja evitado.
A falta de atenção a esses elementos pode acarretar sérios problemas de saúde. “O consumo excessivo de produtos ricos em açúcar, gordura saturada e sódio está diretamente ligado à obesidade, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doenças renais, entre outras condições. São riscos que podem ser evitados com uma alimentação mais equilibrada”, reforça Silvana.
Para a nutricionista, a implementação da lupa foi um avanço na conscientização alimentar, mas ainda há muito a ser feito. “Precisamos de políticas públicas voltadas à educação nutricional e campanhas educativas para promover mudanças de comportamento e hábitos de consumo”, pontua.
DESCASQUE MAIS, DESEMBALE MENOS – Silvana também alerta para o marketing das embalagens, que pode ser enganoso. “Muitos produtos utilizam termos como ‘natural’, ‘orgânico’ e ‘sem glúten’, mas isso não significa automaticamente que são saudáveis. Minha recomendação é evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados e dar preferência a opções naturais”, orienta.
No fim das contas, a melhor escolha para a saúde está na simplicidade: priorizar alimentos frescos, ricos em nutrientes e livres de aditivos. Afinal, uma alimentação saudável começa muito antes do momento de abrir uma embalagem.
Da Redação
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