Doação de Órgãos: Hospital Bom Jesus mantém média de 95% de conversão

O Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos é celebrado na data de 27 de setembro. Com atuação em destaque, os profissionais da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do Bom Jesus estão conseguindo manter uma média de 95% de conversão nos últimos sete a oito anos; isso representa o sim de diversas famílias, mesmo em um momento de dor, um sim que leva um sopro de esperança e de vida para aqueles que aguardam na fila.

Graças ao trabalho executado com carinho e comprometimento, a casa de saúde é referência na captação de órgãos. No ano passado, ocorreu o registro de 17 potenciais doadores, com 17 doações confirmadas o Bom Jesus teve 100% de conversão, ou seja, as famílias abordadas autorização a captação dos órgãos e disseram sim. Em 2022, foram 17 abordagens e 16 autorizações.

O coordenador da Cihdott, Itamar Weiwanko, pontua que o Bom Jesus tem conseguido mantar a média de 94 a 95% de conversão (situações em que as famílias optam pela doação) e essa adesão é reflexo do trabalho realizado com comprometimento por todos os envolvidos.

“É uma marca do Bom Jesus. O trabalho desenvolvido tem superado a falta de recursos da área da saúde, entre outras adversidades”, comenta Weiwanko ao salientar que ocorreu uma queda no nível de captação de órgãos no Paraná e no Brasil e isso impacta diretamente na fila de espera. “O Estado tem 2.500 pessoas na fila de espera. Temos que pensar que amanhã pode ser um de nós nessa espera”.

OS DESAFIOS DA AUTORIZAÇÃO – É doloroso receber a notícia de que um familiar teve morte encefálica. Ao passar por essa situação o sentimento de angustia toma conta dos corações dos entes queridos. O processo de abordagem, para possível captação de órgãos, ocorre durante um momento de tristeza, por isso, os profissionais precisam estar bem preparados.

A abordagem da equipe acontece somente após serem concluídos os protocolos pré-estabelecidos pelo Estado. De acordo com o profissional, o Paraná tem um dos protocolos mais rígidos em relação ao diagnóstico de morte encefálica.

Os principais impedimentos estão relacionados a falta de conhecimento sobre a vontade do ente querido e os procedimentos da captação dos órgãos. O desejo da família é respeitado. A diferença entre doar ou não doar é saber que pessoal especial partiu, mas um ‘pedacinho’ dela pode salvar outra vida.

“Um dos principais desafios dentro da Cihdott é realizar a abordagem familiar, quem tem essa prerrogativa é a família. Ela precisa autorizar a doação de órgãos, sem o sim não tem a captação, não tem o transplante, não tem a chance de vida para quem está na fila de espera por um órgão”, enfatiza.

COSCIENTIZAÇÃO – Weiwanko destaca que setembro é um período para enaltecer a conscientização da comunidade. “Optar pela doação é um ato de nobreza, de amor ao próximo, é um gesto que pode permitir que aquela pessoa na fila da espera tenha qualidade de vida, tenha a chance de manter a vida. Nossos agradecimentos aos familiares que nos últimos anos colaboraram no processo de doação de órgãos”, conclui.

Protocolo de morte encefálica contempla a execução de exames clínicos

O médico intensivista, Dr. Fernando explica como acontece o protocolo em entrevista – Foto: Divulgação

A morte cerebral, infelizmente, é irreversível. Uma vez constatada a morte encefálica, os familiares do paciente são informados e devem tomar a decisão de doar ou não os órgãos do ente querido. Trata-se de um gesto grandioso e que poderá salvar ou melhorar significativamente a vida de alguém. As conversas sobre doação só com os familiares devem ocorrer após a confirmação da morte.

Para isso, são necessários exames clínicos realizados por médicos diferentes, para confirmar a ausência permanente de função do tronco cerebral; um teste de apneia, para comprovar a ausência de movimentos respiratórios; e um exame complementar para confirmar a ausência permanente de função cerebral. Os critérios da Resolução CFM 1.480/1997 confirmam a segurança, o grau de absoluta certeza e a ampla aceitação desta metodologia para determinação inquestionável da morte.

De acordo com o médico intensivista da Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), mantenedora Hospital Bom Jesus, Dr. Fernando Roman, a metodologia para realizar o diagnóstico é padronizada, mais abrangente e segura que a utilizada na maioria dos países.

“Quando existe a suspeita de um paciente com morte cerebral, uma equipe médica inicia o protocolo. Ele reúne uma série de exames clínicos realizados por dois médicos, de laboratório, complementar ou confirmatório. Todos esses exames devem confirmar se o paciente está – realmente – com morte encefálica”, afirma o médico intensivista.

A equipe médica atua no cumprimento do protocolo e comunica a Organização de Procura de Órgãos (OPO) sobre a situação do paciente. A Central de Transplante também passa a acompanhar o trabalho. “Todos acompanham os resultados dos exames. O protocolo é aberto, porque sinais mostram que o cérebro apresenta lesões graves”.

ENCAMINHAMENTOS – O último exame do protocolo declara se o paciente está com morte encefálica. Em caso de resposta positiva, esse paciente passa a ser um potencial doador de órgãos e profissionais iniciam um diálogo com os familiares. “A partir do aceite da família, neste momento, é realizada uma validação de quais órgãos o paciente poderá doar, como coração, pulmões, rins, pâncreas, fígado, intestino, ossos e córneas”, destaca o médico Roman.

O médico intensivista explica que após a confirmação da morte encefálica e a família apresentar uma resposta favorável, a equipe inicia o procedimento de doação. “A pessoa morre quando o cérebro para de funcionar. Mas, no hospital, conseguimos manter o sangue circulando, o coração batendo, o pulmão e os demais órgãos em funcionamento. O quanto antes o órgão for captado, melhor”.

A partir da captação, o órgão é transportado em uma solução especial e também é refrigerado, até ser implantado no receptor. “O tempo cirúrgico depois que o órgão sai da refrigeração, dependerá de cada órgão”, destaca o médico intensivista. Os rins, por exemplo, devem ser transplantados em até 24h; fígado 18h; coração 4h, enfim.

ENTROSAMENTO – O Hospital Bom Jesus possui uma equipe bem entrosada e atua para realizar o diagnóstico da morte encefálica em tempo hábil. Outro fator destacado por Roman considerada importante no processo de doação de órgãos é a conscientização da comunidade. “A nossa comunidade atende o nosso chamado, porque a taxa de aceite da família é considerada alta”.

O médico intensivista pondera que o trabalho da equipe deve ser bem feito, desde o primeiro atendimento. “Quando atendemos o nosso paciente, o objetivo principal é que ele retorne para a sua casa. Contudo, diante de uma lesão no cérebro, o protocolo é fundamental, pois outras pessoas podem viver”.

Do seu início até o fim, o protocolo é realizado no Hospital Bom Jesus em menos de seis horas. “A captação de órgãos é um trabalho realizado por uma equipe e com a comunidade, principalmente, ela é um trabalho de conscientização entre todos os envolvidos. Infelizmente, muitas instituições ainda não possuem essa compreensão. Doar o órgão é um ato que ameniza a dor de muitas famílias e salva muitas vidas. É uma boa ação para quem recebe e é bom para quem doa”.

Da Redação

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