Documentário paranaense tem estreia no circuito europeu de cinema de natureza

Dos brejos do litoral paranaense, em Guaratuba, para o mundo. A operação gigantesca para salvar uma pequenina e delicada ave da extinção conquistou os jurados de dois dos principais festivais de cinema de natureza do mundo. O documentário “O Bicudinho-do-brejo”, dirigido pelo documentarista paranaense Gabriel Marchi, foi campeão da categoria de filme para redes sociais no Frome International Climate Film Festival, da Inglaterra, e selecionado em outros dois festivais do circuito europeu. A obra destaca as belezas da Mata Atlântica do Estado do Paraná e a importância da pesquisa científica para salvar espécies ameaçadas de extinção como o bicudinho-do-brejo (Formicivora acustirostris).

No festival inglês, o documentário foi campeão na categoria “Best Social Media Film”, que reconhece as melhores produções audiovisuais para redes sociais. A obra concorreu com mais 800 filmes, e foi o campeão dentre os 300 selecionados de 47 países diferentes. O documentário também foi finalista no XII VAASA Wildlife Film Festival, na categoria “NewCommer”, na qual concorrem cineastas que estão participando pela primeira vez da mostra. O festival finlandês recebeu 727 inscritos, destes, 200, de 87 países, foram selecionados.

Filme já foi selecionado em três festivais e concorre em mais cinco no circuito europeu (Crédito: Ricardo Borges)

O documentário também está concorrendo a outros festivais, como o XXVIII TV Ecological Film Festival “To Save e Preserve” e XIII KinoFestival “Light of the World”, ambos da Rússia, e o Eco Screen Fest, de Portugal.

O documentário

De acordo com Gabriel Marchi, documentarista de natureza e diretor do filme, originalmente, o “O Bicudinho-do-brejo”, foi produzido como um episódio da 3ª temporada da websérie “Histórias da Grande Reserva Mata Atlântica”, uma realização da Grande Reserva Mata Atlântica – iniciativa não governamental e sem fins lucrativos focada no desenvolvimento do maior e mais bem preservado contínuo de Mata Atlântica como destino de turismo de natureza nacional e internacional.  

“Este episódio é sobre conservação, mas também é sobre uma história de amor pela espécie e pelo litoral do Paraná, especialmente essa área de Guaratuba onde o bicudinho-do-brejo é encontrado. A obra retrata pessoas que dedicaram e dedicam as suas vidas para salvar essa espécie que é tão especial e ameaçada ao mesmo tempo. Por isso, o filme, desde a sua concepção até a edição, teve uma grande responsabilidade, carinho e cuidado para ser fiel a essa história, encantar, emocionar e, ao mesmo tempo, alertar”, explica Marchi.

O documentário mostra o trabalho intenso de pesquisadores do Projeto Bicudinho-do-brejo que correm contra o tempo transportando os ovos frágeis deste passarinho para salvá-los das cheias no brejo que alagam os ninhos e garantir a troca genética entre as populações.

Mudanças climáticas e visibilidade da Mata Atlântica

Marchi frisa que as premiações vieram em um momento importante, chamando a atenção para os efeitos das mudanças climáticas. “No início deste ano, voltei no local onde os bicudinhos fazem ninho e fiquei profundamente tocado ao ver que praticamente todos os ninhos foram alagados, ou seja, quase nenhum filhote sobreviveu. O excesso de chuvas afetou o nível do mar, que alagou os brejos para além da altura onde os bicudinhos fazem os ninhos. Nesse contexto, podemos entender essas aves como sentinelas, se aconteceu com elas, vai acontecer com a gente”, lamenta o diretor.

O coordenador da Grande Reserva Mata Atlântica, Ricardo Borges, diz que o mundo está com os olhos voltados para o Brasil, e que a visibilidade que o documentário traz é importante para reforçar o potencial do país como protagonista na mitigação das mudanças climáticas. “A websérie pela qual o documentário “O Bicudinho-do-brejo” faz parte, é uma celebração de iniciativas, soluções e bons exemplos de conservação da Mata Atlântica, caminhos possíveis e o potencial do bioma no desenvolvimento sustentável do país e na contribuição de metas globais, como a mitigação das mudanças climáticas. Ficamos muito felizes e esperançosos com a visibilidade que as premiações que o documentário recebeu dará à Mata Atlântica pelo mundo, esperamos que as pessoas vejam o bioma não só como um destino de turismo de natureza, mas como uma solução para o futuro”, finaliza.

O episódio que deu origem ao documentário, e a websérie completa, pode ser assistido no canal do Youtube da Grande Reserva Mata Atlântica, disponível clicando aqui.

Claudia Guadagnin

(claudia@spvs.org.br)

Ficha técnica do documentário

Direção/Roteiro/Cinematografia/Edição:  Gabriel Marchi
Produção Local: Ricardo Borges 
Assistente de Produção: Samantha Carvalho 
Locução: Marianna Grecca 

Sobre a Grande Reserva Mata Atlântica

A Grande Reserva Mata Atlântica é uma iniciativa voluntária que reúne diversos atores – públicos, privados, comunitários, não governamentais e da academia – para promover ações de desenvolvimento regional focadas no turismo de natureza dentro do maior remanescente de Mata Atlântica do mundo. São cerca de 3 milhões de hectares de ambientes naturais conservados, localizados entre os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Ao abrigar uma rica vida selvagem, montanhas, cavernas, cachoeiras, baías, manguezais e praias, esta área é considerada um importante patrimônio natural, cultural e histórico, e a iniciativa visa projetá-la como um destino de turismo de natureza reconhecido nacional e internacionalmente.

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