É dia de uva: ‘Colhe e Pague’ atrai consumidores de Toledo e região

O sol está nascendo e a rotina para a colheita da uva está em andamento. O trabalho segue até o pôr-do-sol dia após dia, até que cada cacho tenha um destino. Produzir uvas é uma arte e o produtor Iraldo Gaspar Rauber a domina. Ele revela que a atividade exige conhecimento e dedicação. São mais de duas décadas produzindo uvas em Novo Sobradinho, distrito do município de Toledo. Uma paixão que nasceu muito antes e, atualmente, seu Iraldo compartilha todo esse carinho com as demais pessoas ao promover a ação ‘Colhe e Pague’. A reportagem do JORNAL DO OESTE visitou a propriedade e participou da ação na manhã da última quinta-feira (29). A atividade seguirá nos próximos dias.

Uma experiência transformadora que completou 11 anos em 2022. A missão é simples: encontrar o cacho de uva, envolve-lo na mão com delicadeza e com cuidado para não esmagá-lo. Só então, depois que ele estiver seguro, trazer o alicate e desprende-lo da videira. Tudo sem a distração para não derrubar as uvas.

O assistente administrativo, Irineu Hitz, sempre participa do ‘Colhe e Pague’ na propriedade de seu Iraldo. Para ele, é um ato muito bom. “Me sinto bem à vontade aqui. O proprietário confia em que participa da ação, pois nós temos os cuidados para não estragar as uvas”, conta.

A uva é uma fruta rica em ferro, cálcio, fósforo, magnésio, potássio e sódio. Ela tem vitaminas do complexo B e vitamina C – Foto: Márcio Pimentel

Hitz revela que procura participar dessa atividade, porque a uva colhida na propriedade será utilizada no Café Colonial, promovido em Nova Santa Rosa. “Nós produzimos geleias, cucas ou suco. Além de nos deliciarmos com a fruta in natura. Sempre participamos do ‘Colhe e Pague’”.

QUALIDADE – O responsável pela propriedade, o produtor Iraldo destaca que as parreiras estão com mais uvas e com qualidade. Por isso, a ação ‘Colhe e Pague’ está acontecendo. “O principal objetivo é agradar quem participa da colheita e proporcionar uma experiência nova. Inclusive, algumas pessoas nos relatam que já colheram uva no passado e as lembranças retornam quando estão aqui”.

Neste ano, o desenvolvimento da fruta não aconteceu de maneira semelhante. Seu Iraldo conta que o frio influenciou e até atrapalhou um pouco no momento em que a uva estava na fase de brotação. “Uma uva produzida em 130 dias está com 150 dias. Estamos perdendo e ela já deveria ter sido colhida há 20 dias. Estou com um pé bem maduro e outras estão atrasadas. Quem controla a produção de uva é a condição climática”, enfatiza o produtor.

SATISFAÇÃO – O plantio de uva iniciou com poucos pés há 23 anos. Seu Iraldo é pioneiro e ele recorda que participou de um curso em 1999. Naquela época, seu Iraldo, Corazza e Ademar Holsbach ingressaram na atividade. Tempo depois, surgiram produtores em Vila Nova e em outras localidades. “Muitos desistiram da atividade. Quem mantém a produção sou eu e o Corazza atualmente. Já tivemos 27 produtores de uvas em Toledo. Hoje são aproximadamente oito”.

Dona Nelcy e seu Iraldo mostram o cacho de Niagara colhido na propriedade – Foto: Márcio Pimentel

A propriedade de seu Iraldo é formada por 5 mil pés. “A produção de uva requer dedicação. Eu só planto uva. Confesso que no começo, o resultado da produção era melhor. Neste ano, a produção pode ser considerada média. Em relação a 2021 está melhor, pois perdi em torno de 13 mil quilos de uva no ano passado devido alguns ‘herbicidas’ passados em lavouras vizinhas, os quais foram trazidos com o vento”.

Apesar dos desafios proporcionados pela cultura, seu Iraldo deseja dividir a satisfação em colher a uva com outras pessoas. “O ‘Colhe e Pague’ é uma forma de encantar as pessoas por essa atividade, proporcionar vivência e liquidar as minhas frutas. Mas fica um alerta: a pessoa tem que colher! Eu não coloco a mão. O valor para a venda é menor. Com certeza, a uva colhida na parreira terá um sabor especial”.

DESENVOLVIMENTO – Além de estar atento para a característica de cada localidade, o produtor deve conhecer o cultivo responsável da produção integrada, as boas e as novas tecnologias de produção. Niagara Rosada e Branca, Isabel e Bordo são uvas cultivadas na propriedade de seu Iraldo. Para 2023, ele pretende investir também na Vitória. O recurso do Governo do Estado será importante. Pretendo investir em maquinários e outros produtos”. Ele adianta que não pretende ampliar a atividade, e sim, melhorar a estrutura. “Anualmente, reformo o parreiral; ao todo são quase cinco mil pés”.

O engenheiro agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Luiz Roberto Faganello explica que seu Iraldo faz parte do Programa de Revitalização da Viticultura Paranaense (Revitis). “O produtor receberá materiais e equipamentos para reestruturar e conduzir sua parreira”. O IDR-Paraná é o responsável pela elaboração do projeto; o Estado do Paraná por meio da Secretaria de Agricultura e de Abastecimento (Seab) entra com 95% e a Prefeitura de Toledo com 5% dos valores limitados a R$ 25 mil por viticultor. Ao todo são sete viticultores que serão beneficiados no município. Faganello esclarece que eles estão enquadrados como agricultores familiares. “O convênio está firmado com a Prefeitura e está em processo de aquisição dos itens para posterior entrega”.

Diversas pessoas colhem suas frutas – Foto: Márcio Pimentel

O engenheiro agrônomo pondera que o Programa auxilia em melhorias em estrutura para suporte da parreira, palanques, pulverizador elétrico ou equipamento de poda. “Alguns palanques são antigos e existe a necessidade de correções”.

O Programa também vai colaborar com o repasse de novos conhecimentos. Conforme Faganello, capacitações estão previstas para atualizar e modernizar o sistema de produção e, por consequência, auxiliar na comercialização. “O Programa ainda incentiva o Circuito do Turismo”.

Cabe ao produtor executar as tarefas e seguir as orientações técnicas. “Busca-se a manutenção ou a geração do emprego e da renda para as famílias, além apresentar produtos de qualidade ao consumidor”, finaliza o engenheiro agrônomo Faganello.

Da Redação

TOLEDO

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