Economia de Toledo mantém ritmo de crescimento, aponta Boletim

Dados sobre a geração de empregos, agricultura e outras temáticas mostram que o município de Toledo segue em constante desenvolvimento. As informações estão na 10ª edição do Boletim de Conjuntura Econômica. O documento é realizado em parceria entre a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) e o Núcleo de Desenvolvimento Regional (NDR) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo.

De acordo com o economista Jandir Ferrera de Lima, a economia de Toledo mantém o ritmo de crescimento ao longo do tempo, mesmo com as intempéries climáticas.

Exemplo é que entre os municípios agroindustriais com porte semelhante a Toledo, a cidade lidera em termos de Produto Interno Bruto (PIB). “A diversificação da estrutura produtiva de Toledo, que atualmente agrega produção de proteína vegetal, proteína animal, nutrição animal, metalomecânica, fármacos e produtos tecnológicos, fez com que o município seja destaque no cenário paranaense”.

Lima salienta que a diversificação na pauta produtiva de Toledo fortalece o seu desenvolvimento. “No entanto, infelizmente, variáveis macro econômicas com taxa de juros podem afetar os setores que dependem muito do crédito ao consumidor e ao investimento, como a construção civil e o comércio. Porém, no setor agroindustrial, a demanda por commodities e proteína animal e vegetal tem ajudado o município a manter seu dinamismo”.

Com relação ao mercado de trabalho, o economista destaca que os números do final de 2022 demonstram ajuste sazonal, principalmente, no final e começo de ano, quando trabalhadores temporários são contratados e desligados.

Ele complementa que o mercado de trabalho, em Toledo, segue demandando mão de obra qualificada. “Ou seja, o município ainda tem vagas disponíveis em diversos setores, mas as especificidades de alguns cargos influenciam que as contratações não sejam tão rápidas”.

ADAPTAÇÕES – Lima cita o exemplo da construção civil. O economista comenta que apesar do volume expressivo de obras, alguns canteiros diminuíram o número de funcionários para se adaptarem a novas planilhas de custos.

Outro elemento importante é a “pejotização” da força de trabalho, isto é, o trabalhador é desligado e recontratado como micro empreendedor individual. O que explica a expansão dos Micro Empreendedores Individuais (MEIs), em Toledo.

O economista destaca que a desoneração da folha de pagamentos, além de diminuir os custos de contratação, também estimula novas contratações. “Para as micro e pequenas empresas significa mais recursos disponíveis para capital de giro e investimentos. De maneira geral, essa ação fortalece a competitividade das empresas”.

Já para o funcionário, o benefício é a manutenção do emprego e a oportunidade de migrar de emprego. “Quando a força de trabalho é menos onerosa ao empregado ele tende a manter empregos”, afirma o economista.

Lima defende que o Brasil precisa urgentemente desonerar a folha de pagamento e os custos que incidem sobre a contratação e manutenção de trabalhadores. “Enquanto não o fizer a tendência a terceirização de trabalhadores será constante. A terceirização afeta todos os setores da economia. Alguns em maior grau, mas é uma tendência que tem se fortalecido”.

ARRECADAÇÃO – Em 2019, a arrecadação federal foi equivalente a R$ 592,05 milhões no município. Em 2017, quando o Brasil iniciava a recuperação da crise econômica, Toledo arrecadou R$ 316,8 milhões. Em 2011, a Receita Federal do Brasil (RFB) arrecadou em Toledo R$ 111,8 milhões. “Em

praticamente oito anos, a arrecadação federal no município quintuplicou. Esses valores se referem a arrecadação em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF)”, enfatiza o economista.

Em 2019, período de arrecadação significativa de tributos federais, o total arrecadado no Imposto de Renda chegou a R$ 134,9 milhões de um total de 9.839 contribuintes pessoas físicas ou jurídicas. No ano seguinte, em 2020,

esse montante chegou a R$ 160,8 milhões e o total de contribuintes foi de 10.236.

Conforme o economista, o Imposto Territorial Rural (ITR) apresentou uma arrecadação de R$ 1,5 milhão em 2020. Em 2019, esse mesmo tributo gerou o montante de R$ 1,2 milhão. Essas arrecadações demonstram uma evolução significativa, pois em 2017 o ITR tinha gerado R$ 780 mil.

O Boletim de Conjuntura Econômica fornece informações sobre a economia municipal de forma clara. Os dados são de fontes oficiais e de organização públicas e privadas; eles se destinam aos cidadãos, empresários e gestores públicos. A periodicidade do Boletim é de até quatro edições anuais, conforme divulgação dos dados oficiais.

Crescimento do número de empregados demitidos foi de 3%

O número nominal de empregados demitidos em Toledo correspondeu a 2.502 demissões em agosto do ano passado; 2.429 demissões em setembro; 2.226 demissões em outubro; 2.167 demissões em novembro e 2.704 demissões em dezembro, conforme demonstra o Boletim de Conjuntura Econômica, que está em sua 10ª edição.

A economista Laudelina Alves Ribeiro explica que ao comparar os meses de setembro com agosto (-3%), outubro com setembro (-8%) e novembro com outubro (-3%), observou-se uma redução gradual no número de demissões.

“Em dezembro as demissões cresceram quando comparado com novembro correspondendo a 25%, visto que em novembro foram demitidos -2.167 empregados e em dezembro 2.704 empregados. No geral, a taxa média de crescimento do número de empregados demitidos foi de +3% nos meses analisados”.

O economista, Paulo Henrique De Cezaro Eberhardt, complementa que Toledo encerrou dezembro de 2022 com um saldo negativo de – 630 empregos formais. Foram 2.074 admitidos contra 2.704 desligados.

GRAU DE INSTRUÇÃO – A distribuição do saldo negativo de empregos se deu da seguinte forma: 284 foram homens e 346 mulheres. Quanto ao grau de instrução dos desligados, 245 tinham ensino médio completo e 229 tinham ensino superior completo.

Eberhardt acrescenta quanto à faixa etária, a que mais perdeu empregos formais foi a de 30 a 39 anos. “Toledo encerrou dezembro de 2022 com um total de 55.191 empregos formais. Cabe lembrar que o encerramento do mês de dezembro reflete o desligamento dos empregos temporários, que atendem o período de Natal e Ano Novo”, menciona.

O economista recorda que desde janeiro de 2020, apenas quatro meses tiveram o saldo do emprego formal negativo em Toledo: abril de 2020, dezembro de 2020, dezembro de 2021 e dezembro de 2022. “Abril de 2020 foi o primeiro mês completo do lockdown causado pelo Covid-19 e os meses de dezembro são conhecidos pelos encerramentos dos contratos de trabalho”, finaliza.

“A agricultura é uma indústria a céu aberto”

Os preços da soja têm apresentado tendência de queda, tanto no mercado internacional como no mercado nacional no último ano. A queda em cerca de 17% desde março de 2022, em reais, é semelhante à queda do valor em dólares (cerca de 18%), de acordo com Cepea de 2023. Essa análise faz parte da 10ª edição do Boletim de Conjuntura Econômica.

Conforme o economista Valdir Antonio Galante, é possível observar a transmissão da queda no mercado internacional aos preços internos, sem que a taxa de câmbio tenha servido de explicação importante no período.

“Esta informação desagrada o produtor de soja, visto que reduz suas receitas. Por outro lado, a queda de preço da soja, favorece o consumidor, seja a indústria, as famílias ou a produção animal, que usa este produto na composição de ração”, pondera o economista.

Segundo informações divulgadas pela CNA e Canal Rural, espera-se custos menores com sementes e fertilizantes para a próxima safra, o que pode trazer algum alento ao produtor. No entanto, os defensivos podem demorar mais para que os preços cedam.

ANÁLISE – Com relação a safra 2022/2023, o economista recorda que a instabilidade climática foi fator importante durante o processo de desenvolvimento da soja. “Verificamos baixo nível de umidade no início do ciclo, inclusive com perda elevada em municípios da região Oeste, e excesso de umidade na fase de colheita, quando se verificaram chuvas frequentes, perturbando a colheita de áreas com cultivares de ciclo mais longo e aquelas plantadas com alguns dias de atraso”.

Galante destaca que em termos gerais, Toledo, Paraná e Brasil esperam uma safra maior que a do ciclo anterior, situação que é favorável no conjunto. “Na contramão, temos produtores que foram (ou estão sendo) afetados pelas chuvas (ou falta dela), o que é muito desfavorável aos afetados. É a constatação da frase: ‘a agricultura é uma indústria a céu aberto’”.

Ele complementa que a intensidade dos efeitos ruins do tempo no Oeste do Paraná ainda tem se mostrado menores do que aqueles verificados nas regiões produtoras da Argentina, onde se observam quebras de cerca de 30%, farto que, somado ao nível baixo dos estoques estadunidenses, pode contribuir para a manutenção dos preços internacionais.

Da Redação

TOLEDO

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