Empresa focada: atuar na prevenção de doenças do trabalho propicia mais saúde

O local de trabalho é a ‘segunda casa’, afinal, é nesse espaço que o colaborador passa parte de seu dia. O ambiente precisa estar propício para que as tarefas venham a ser executadas com destreza, seguro a fim de evitar acidentes e saudável no que se refere a combater e reduzir as chances do surgimento de doenças ocupacionais.

“Algumas situações no ambiente de trabalho fazem com que as chances de doenças ocupacionais sejam reduzidas”, destaca a advogada trabalhista, Jéssica Maidana Veiga de Assis. “Sendo assim, além de atuar para garantir assistência médica, sua empresa deve entender como prevenir essas doenças”.

A advogada pontua que mitigar o aparecimento de doenças do trabalho ajuda a empresa lidar de forma simultânea com diferentes questões (sejam elas de produtividade, rentabilidade, períodos de afastamentos ou até mesmo questões financeiras e jurídicas). Ela salienta a importância de colocar em prática ações preventivas.

PREVENÇÃO EM FOCO – “É interessante adotar algumas medidas práticas para evitar que doenças façam parte da rotina da empresa como: fornecer equipamentos de segurança e estrutura adequada; oferecer treinamentos e capacitação; promover constantes diálogos (reforçando inclusive a manutenção de relações saudáveis); incentivar cuidados preventivos (campanhas sobre benefícios de atividades físicas, descanso e alimentação equilibrada) e manter as documentações de saúde e segurança em dia (PCMSO e PPRA), incluindo os possíveis treinamentos realizados pelo setor de SST”, enumera a advogada.

IMPACTOS DA PANDEMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO – A pandemia desencadeou cenários e situações que exigiram mais cuidados em relação a saúde. Os impactos gerados por ela ainda podem ser sentidos e reforçam iniciativas e comportamentos que enaltecem a qualidade de vida.

“O cenário pandêmico reforçou as diferentes realidades no ambiente de trabalho, com pessoas exercendo suas atividades em home office e outros, presencialmente, prestando serviços essenciais à população. As diversas Normas Regulamentadoras e Portarias, inclusive aquelas instituídas durante a pandemia, voltaram a atenção e atuação das empresas para as ações de prevenção (cumprimento das orientações como distanciamento, uso de mascaras, restrições no transporte, entre outras medidas)”, explica Jéssica.

A advogada ainda pontua que, no cenário pós-pandemia, se manteve e se mantem a preocupação e o empenho das instituições em relação a medidas de prevenção e de estímulo aos cuidados no ambiente de trabalho. “Passaram a considerar também as demais consequências e cuidados, instituindo, em sua maioria, programas e eventos acerca do trabalho seguro, promovendo a conscientização sobre a importância da saúde e segurança no trabalho”, declara.

Quando o ambiente é propício e acaba desencadeando doenças do trabalho, todos sentem os reflexos. Enquanto o colaborador precisa cuidar da saúde e melhorar, a empresa também suas adversidades e precisa buscar melhorias para evitar essas situações. “As ações de prevenção ajudarão a alcançar uma qualidade de vida melhor a todos os envolvidos, tornando a empresa um lugar mais atraente e seguro”, alerta a advogada.

Saúde mental e trabalho: ambiente saudável interfere na produtividade

Estudos apontam como os transtornos e as doenças mentais refletem no afastamento dos trabalhadores – Foto: Janaí Vieira/Arquivo JO

São oito horas, ou mais, no ambiente de trabalho, de convívio com colegas, superiores, clientes, público atendido – isso durante cincos ou mais dias da semana. Fato é que a maioria dos adultos passa grande parte do seu tempo de vida trabalhando. Esse ambiente precisa ser saudável para que as pessoas estejam saudáveis.

A produtividade tende a estar diretamente conectada a saúde física e mental do colaborador a fim de promover o bem-estar. “Quando a pessoa está desmotivada, com sobrecarga de trabalho, em um ambiente que não é agradável, ela está atua com satisfação, com prazer, apenas executa as tarefas, fica desacreditada, com bloqueio criativo”, cita a psicóloga, Jane Patti. “Além disso, fica mais vulnerável a ficar doente, as doenças do trabalho, inclusive aquelas ligadas ao emocional”.

A profissional pontua que oferecer suporte em psicologia ocupacional ainda é um desafio para as empresas. Ela destaca que a maioria das empresas tem atendido e colocado em prática estratégias de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), contudo, ainda é preciso avançar nessa área.

PSICOLOGIA OCUPACIONAL – “Estudos apontam como os transtornos e as doenças mentais refletem no afastamento dos trabalhadores. Quando a empresa adota medidas de combate, de prevenção, é um investimento em saúde, é evitar doenças e transtornos que podem fazer com que o colaborador se afaste – o que desencadeia outros problemas e também pode envolver a parte financeira, produtividade, resultados, entre outros”, alerta.

Jane explica que a psicologia ocupacional vem agregar cuidados e contribuir para que colaboradores e empresas possam contar com ambientes mais saudáveis. Ela explica que a psicologia ocupacional é uma área da saúde que foca no bem-estar emocional do trabalhador e tem como objetivo atuar no combate e no tratamento de doenças e transtornos mentais – ao aplicar as práticas da psicologia do trabalho com iniciativas e estratégias que proporcionam melhorias aos colaboradores e à empresa de maneira geral.

SEM LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA – Conforme informações do site da Justiça do Trabalho/Tribunal Superior do Trabalho, entre os transtornos mentais mais comuns estão a demência, o delirium, o transtorno congnitivo leve, o transtorno orgânico de personalidade, o alcoolismo crônico, o episódio depressivo, o transtorno de estresse pós-traumático, a síndrome da fadiga, a neurose profissional e a síndrome do esgotamento profissional (burnout).

Segundo a advogada trabalhista, Jéssica Maidana Veiga de Assis, os transtornos mentais relacionados ao trabalho vêm sendo temas de diversas discussões jurídicas. “Apesar de não possuirmos legislação especifica sobre o tema, os debates em relação ao nexo entre a doença mental e a atividade exercida pelo trabalhador são provocados constantemente”, cita.

Acerca do tema, de acordo com a advogada trabalhista, também é preciso destacar a importância dos saudáveis ambientes de trabalho. “É importante reforçar para as empresas, como forma de prevenção à essas doenças, a autonomia, a liberdade e o reconhecimento, que são as grandes fontes de prazer no trabalho, permitindo o alívio psíquico e consequentemente, protegendo o trabalhador do adoecimento mental”, conclui.

Programa Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho: reunião define tema do biênio e ajuste de metas

O Programa Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho definiu o tema do ano para o programa: “Democracia e Diálogo Social como ferramentas para construção de meio ambiente de trabalho saudável e seguro”. O tema foi apresentado, no dia 10 deste mês, durante uma reunião do Comitê Gestor Nacional com as gestoras e os gestores regionais do programa. Confira as metas nacionais para 2023, aprovadas pela gestão nacional:

Meta 1- Realizar um evento científico (seminário/webinário) multidisciplinar na jurisdição do Tribunal Regional, com a participação da Escola Judicial, envolvendo o tema anual. Sugestões de temas, dentre outros: a – Normas Regulamentadoras; b – saúde dos (as) trabalhadores em plataformas digitais; c – trabalhos verdes e d – sequelas ou repercussões físicas e psicológicas nos (as) trabalhadores (as) acometidos pela Covid-19 a médio e longo prazo;

Meta 2 – Intensificar a presença na mídia, por meio de artigos publicados em jornais/revistas/sites, entrevistas em programas de rádio/televisão, lives ou qualquer outro meio pelo qual se possa dialogar com a sociedade a respeito de SST e esclarecer a respeito de dúvidas sobre o tema;

Meta 3 – Fomentar a instalação, criação ou reinstalação de comitês ou grupos de trabalho interinstitucionais, em âmbito nacional, regional e estadual, compostos pelo Ministério Público do Trabalho, Auditoria Fiscal do Trabalho, sindicatos empresariais e de trabalhadores, universidades, grupos de pesquisa e entidades da sociedade civil, para estruturação de ações conjuntas e estudos relacionados à saúde e segurança do trabalho, realizando ao menos uma reunião por semestre;

Meta 4 – Incrementar as atividades de interlocução e parceria com os(as) gestores(as) nacionais e os gestores(as) regionais, realizando pelo menos uma reunião por ano;

Meta 5 – Desenvolver ações conjuntas com instituições de ensino para a promoção da saúde e segurança do trabalho visando, por exemplo, tornar obrigatória a disciplina de Saúde e Segurança no Trabalho nos currículos dos cursos de Engenharia;

Meta 6 – Fomentar e institucionalizar no âmbito regional parcerias entre o Programa do Trabalho Seguro (PTS), o Programa de Combate ao Trabalho Infantil (PCTI) e demais programas e ações voltados ao combate ao trabalho escravo, inclusão e diversidade como formas de criação de agenda local para o trabalho decente;

Meta 7 – Incentivar a capilarização das ações do Programa do Trabalho Seguro nos estados, regiões ou circunscrições dos Tribunais Regionais, sob a coordenação dos Gestores Regionais.

Fonte: site da Justiça do Trabalho/Tribunal Superior do Trabalho

Da Redação

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