Entidades intensificam medidas de prevenção contra gripe aviária

O Brasil é um país livre de Influenza Aviária. Mas, existe um quadro sensível de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) no território sul-americano, desencadeado desde o fim de outubro. Já foram registrados focos dessa doença em aves silvestres e domésticas de subsistência em países próximos ao Brasil como Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela, Equador e Peru.

Ao considerar o impacto potencial da doença para a avicultura nacional, a segurança alimentar e a saúde pública e, ressaltar as perdas diretas e indiretas para a cadeia produtiva, é necessário fortalecer a biosseguridade, com o objetivo de mitigar riscos de ingresso e disseminação da Influenza Aviária no País.

Nesta quinta-feira (9) acontece o encontro “Estratégias para o enfrentamento da Influenza Aviária”, na Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop). A reunião é às 14h e o coordenador da Câmara Técnica de Sanidade Agropecuário do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), Paulo Cezar Vallini realiza abertura. Na sequência, o gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, fala sobre o Plano de Contingência do Estado do Paraná e empresas e cooperativas apresentam seus planos de ações.

Um grupo de profissionais de Toledo participa deste encontro, entre eles, o

o presidente da Associação dos Avicultores do Oeste do Paraná (Aaviopar), Edenilson Coppini. Segundo ele, o evento traz informações dos órgãos públicos e das empresas produtoras, cooperativas e empresas privadas. “Esse conhecimento é importante para evitar a entrada da Influenza Aviária nas granjas. A preocupação caso tenha um foco existe. Em outros países, aves contaminadas estão sendo sacrificadas e, por consequência, causa prejuízo econômico”.

Coppini complementa que o encontro poderá abrir horizontes. “Tudo isso é relativo, pois cada planta de abate é destinada para determinado mercado. São decisões que precisaremos ter caso, por exemplo, uma ave que é produzida no Brasil seja contaminada e o destino dela era a China. Qual o impacto e as medidas adotadas pelo mercado?”.

O presidente salienta que a cadeia produtiva de aves precisa estar atenta, porque o risco é real. “É preciso evitar visitas nas granjas (a não ser que seja muito necessário). Que cada produtor procure se informar do procedimento e o cuidado ao voltar para a granja”.

Coppini ainda enfatiza que o produtor deve focar nos mínimos detalhes, os quais possam oferecer risco à granja dele. “Existe um contingente de cuidados para que as pessoas não entrem na granja, principalmente visitantes, prestadores de serviços”.

ORIENTAÇÕES – As granjas possuem instaladas cercas para que os animais não entrem; portão sanitário para as pessoas trocarem de roupas, de calçados e possam desinfetar as mãos e proteção total das caixas de água para os pássaros silvestres não beberem essa água e possam contaminar. “Outra orientação é que o produtor tenha um caderno e nele anote informações do visitante, como nome e sua origem nas últimas 72 horas”, afirma Coppini.

Esse estilo de sistema foi implantado entre os anos de 2005 e 2006. O presidente da Associação explica que é uma condição de segurança ao produtor. “É difícil afirmar que a doença não chegará no Brasil. Mas, se ela chegar que as granjas comerciais estejam protegidas e orientadas para não facilitarem a entrada da doença. O vírus circula em frangos comerciais e aves silvestres. Os riscos existem, porém os cuidados estão sendo adotados. Exemplo é a realização desse encontro para o compartilhamento de ideias”, finaliza o presidente da Aaviopar, Coppini.

PRODUÇÃO – O Paraná é o maior produtor de proteínas animais do Brasil, com cerca de 6,2 milhões de toneladas de aves, suínos e bovinos ao ano, dos quais os frangos representam 4,8 milhões de toneladas. O Estado é responsável por quase 37% da produção brasileira de aves e por aproximadamente 40% das exportações.

A economia está muito focada na avicultura e a entrada da Influenza Aviária em granja comercial causaria um grande impacto, com problemas socioeconômicos se alastrando em toda a cadeia, pequenas empresas quebrando, pequenos produtores quebrando e causando dificuldade no setor econômico, principalmente no Paraná e região Sul.

Em entrevistas, a coordenadora do Programa de Sanidade Avícola da Adapar, Pauline Sperka de Souza, ressalta que as reuniões têm como objetivo traçar o plano de ação de cada uma das entidades no caso de haver uma situação de emergência.

O alerta já existe em todo o Estado, visto que há muitos voos internacionais para o Brasil, 118 espécies diferentes conhecidas de aves migratórias e pelo menos 138 focos confirmados na América do Sul até o final do mês passado.

A Influenza Aviária de alta patogenicidade é considerada exótica no Brasil, aponta Nota Técnica

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) divulgou uma Nota Técnica sobre Influenza Aviária, em razão dos focos registrados em países vizinhos e com intuito de orientar a cadeia produtiva.

Na Nota Técnica, a Adapar explica que a Influenza Aviária (IA) é uma doença viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas e silvestres, muitas vezes resultando em graves consequências para a saúde animal, para a economia e para o meio ambiente. “A Influenza Aviária de alta patogenicidade é considerada exótica no Brasil, ou seja, nunca foi detectada no território nacional”.

Conforme a Nota Técnica, a doença complexa é causada por vírus divididos em múltiplos subtipos (H5N1, H5N3, H5N8, etc.), cujas características genéticas evoluem com grande rapidez. “Em geral, as múltiplas cepas do vírus da Influenza Aviária podem ser classificadas em duas categorias em função da gravidade da doença nas aves domésticas: influenza aviária de baixa patogenicidade (IABP) que, tipicamente, causa poucos ou nenhum sinal clínico e influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), que pode causar sinais clínicos graves e altos índices de mortalidade”.

A Influenza Aviária de alta patogenicidade é caracterizada principalmente pela alta mortalidade de aves que pode ser acompanhada por sinais clínicos, tais como andar cambaleante; torcicolo; dificuldade respiratória e diarreia.

TRANSMISSÃO – De acordo com a Nota Técnica da Adapar, o vírus da IA possui transmissão horizontal de ave para ave, diretamente a partir de secreções do sistema respiratório e digestivo e indiretamente por equipamentos, roupas, calçados, insetos, aves e animais silvestres, alimentos e água contaminados.

A primeira linha de defesa contra a doença é a detecção precoce e a notificação oportuna de suspeita para permitir uma resposta rápida, a fim de evitar a sua disseminação.

“Os produtores de aves devem reforçar as medidas de biosseguridade das granjas, especialmente aquelas que visem evitar o contato de aves silvestres e de pessoas alheias ao sistema produtivo com as aves de produção”, aponta o documento.

A Nota Técnica ainda orienta não receber nas propriedades e, especialmente nas granjas, pessoas não vinculadas ao sistema produtivo, exceto o Serviço Veterinário Oficial do Estado (Adapar). A recomendação é redobrada para pessoas provenientes do exterior, estrangeiros ou brasileiros.

Confira outros cuidados:

– Sempre lave as mãos e troque roupas e sapatos antes de acessar as granjas;

– Desinfete todos os veículos que acessem a propriedade! Os veículos, sejam de passeio ou de transporte, podem ser vetores da doença;

– Se viajar para o exterior, ao voltar, lave todas as roupas e sapatos;

– Evite o contato dos animais das granjas com outras aves, especialmente aves silvestres. Verifiquem as telas dos aviários. Devem estar íntegras e impedindo a entrada de outros animais dentro dos aviários;

– Evite contato com aves silvestres de qualquer origem.

MEDIAS – Neste momento, a Adapar realiza a vigilância ativa nas propriedades rurais do Paraná, sejam em estabelecimentos comerciais de produção, reprodução e postura. Além disso, todas notificações recebidas de suspeitas são atendidas prioritariamente.

“A Adapar tem promovido a capacitação e o treinamento de profissionais em todas as Unidades Regionais do Estado, e conta com médicos veterinários com dedicação exclusiva e capacidade técnica elevada na área, para atendimento das questões sanitárias da cadeia avícola do Estado”, menciona o documento.

O Mapa desenvolveu um plano de contingência para uma eventual introdução da doença no País e mantém vigilância permanente para a doença no Território Nacional, incluindo portos, aeroportos internacionais, correios, postos de fronteira e estações aduaneiras do interior.

Da Redação

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