Estado e Embrapa Hortaliças incentivam produção de alho semente no Paraná

O IDR-Paraná firmou uma parceria com a Embrapa Hortaliças, do Distrito Federal, para implantar um projeto de produção de alho semente livre de viroses. A proposta é formar áreas de cultivo, repassando aos produtores familiares a tecnologia de produção. O projeto terá dois anos de duração e prevê beneficiar agricultores das regiões de Santo Antônio da Platina e Ivaiporã.

Em breve, eles terão semente de qualidade para seus plantios ou para a venda a outros produtores. De acordo com João Reis, coordenador estadual de Olericultura do IDR-Paraná, com esse projeto vai ser possível retomar o plantio de alho no Estado. “O custo do alho semente é muito alto, praticamente impossível para o pequeno produtor. Para cultivar um hectare, o gasto seria em torno de R$ 200 mil”, informou.

Segundo Reis, a falta de condições para investir neste insumo tem levado muitos produtores a cultivarem alho com sementes adquiridas no comércio, em supermercados, com prejuízos, já que eles não conseguem qualidade, nem produtividade. Além de essas sementes não repetirem o mesmo padrão ao serem plantadas, elas são seriamente atacadas por viroses.

Paulo Lizarelli, engenheiro agrônomo do IDR-Paraná de Ivaiporã, é o articulador da implantação do trabalho na região. Ele informou que está prevista a construção de duas unidades demonstrativas de variedades, além da capacitação de técnicos e produtores. A Embrapa Hortaliças cedeu alho semente para a implantação das áreas e a instalação dos viveiros para a produção local. A produtividade das lavouras pode dobrar somente com o uso dessa tecnologia.

NA PRÁTICA – Esse trabalho complementa o que já vem sendo desenvolvido em Quatiguá e Cândido de Abreu. As áreas selecionadas são certificadas para a produção orgânica pelo Tecpar e acompanhadas pelo Núcleo do Paraná Mais Orgânico do Vale do Ivaí, sob coordenação do IDR-Paraná.

Em Cândido de Abreu são duas áreas de cultivo. Janete Gaça plantou 600 metros quadrados e Roseley Krepel outros 400 metros quadrados. Ambas as produtoras são associadas à Cooperativa de Agricultores Familiares de Cândido de Abreu (Coopercandi). Em Quatiguá a área pertence a Valter Bordignon, no bairro Ribeirão Bonito, e totaliza 1.000 metros quadrados.

A previsão é que no próximo ano sejam instalados os viveiros telados, que evitam a entrada de insetos sugadores transmissores de viroses. A partir daí, 30% das sementes produzidas poderão ficar com o produtor e os 70% restantes serão repassados para outros agricultores, ampliando o cultivo.  A estimativa é que em 2024 sejam implantados mais viveiros telados em outras regiões do Estado.

Os produtores plantaram duas variedades de alho. O Ito é um alho nobre que forma uma cabeça com dentes graúdos e roxos. A semente desta variedade precisa passar pelo processo de “vernalização”, isto é, tem que ficar um certo tempo a baixa temperatura para quebrar a dormência e estimular a germinação. A outra variedade plantada foi a Amarante, um alho comum, semi nobre e que dispensa o período em câmara fria.

As duas áreas cultivadas são irrigadas por um sistema de microaspersão e serão acompanhadas pelos extensionistas do IDR-Paraná. Calcula-se que uma área de 100 metros quadrados produza 500 quilos de sementes que, por sua vez, podem gerar 5.000 quilos de sementes, o suficiente para o cultivo de dez hectares de alho.

João Reis destaca que o projeto faz com que o cultivo seja acessível aos produtores familiares. Segundo ele, o produto tem alta demanda tanto no abastecimento de programas oficiais, como o Merenda Escolar, como no mercado local. “Apesar de ser uma cultura que exige tecnologia, o alho pode ser uma alternativa de renda para o agricultor familiar”, concluiu.

As áreas escolhidas já estão servindo para capacitar produtores e técnicos. No fim de abril foram realizados treinamentos em Quatiguá e Cândido de Abreu com a presença de 69 pessoas. Na oportunidade os participantes conheceram detalhes de cada etapa do plantio, da seleção das sementes ao processo de irrigação.

Da AEN

CURITIBA

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.