A pesquisa é responsável por proporcionar melhorias para a sociedade em diversas áreas. Um estudo realizado pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Toledo, promete aprimorar os padrões de higiene e segurança na indústria avícola e também abrir novas possibilidades no desenvolvimento de materiais antimicrobianos para diversa aplicações.
A solução inédita é direcionada para a Salmonella, mas também para outras bactérias e fungos, incluindo Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, E. coli O157:H7, Listeria monocytogenes, Salmonella typhimurium, Salmonella enteritidis, Salmonella derby, Salmonella senftenberg, Salmonella choleraesuis, Salmonella Heidelberg, bem como os fungos Macrophomina phaseolina, Aspergillus niger e Sclerotinia sclerotiorum.
ETAPA – De acordo com o professor responsável, a pesquisa entra em uma nova fase de desenvolvimento. O estudo é coordenado pelo professor Ricardo Scheider e ele explica que os testes iniciais, realizados in vitro, demonstraram a eficácia do material inédito uma solução em matriz vítrea que pode ser usada em aplicação úmida (aspersão/borrifação) ou mesmo em pó para sanitização da cama de aviários para a erradicação da Salmonella e de outros patógenos.
Experimentos em camas de aviários contaminadas também foram realizados. O material vítreo conseguiu eliminar 95% das bactérias presentes, incluindo Salmonella e outros patógenos comuns.
COMEÇO – As pesquisas são conduzidas desde 2017 pelo Grupo de Polímeros e Nanoestruturas da UTFPR, campus Toledo com a participação da pós-doutoranda Gabrielle Peiter e a liderança do professor Ricardo.
Ele salienta que a Salmonella spp., um gênero bacteriano comum em aves, pode representar um risco significativo à saúde pública e às exportações de carne de frango.
A pós-doutoranda Gabrielle Peiter destaca a inovação dessa abordagem. “A aplicação de vidros como agentes antimicrobianos ainda é pouco explorada e a síntese desses vidros solúveis em água a baixas temperaturas oferece vantagens significativas em termos de custo e eficácia. Além disso, a capacidade de dissolução em água do material permite a produção de géis antimicrobianos com desempenho superior ao álcool em gel, apresentando uma alternativa promissora para higienização em diversas aplicações”, afirma.
AVANÇOS – O professor Ricardo Schneider, líder da equipe de pesquisa, ressalta o avanço tecnológico proporcionado pela síntese desse material em temperaturas mais baixas, viabilizando a escalabilidade da produção e reduzindo o custo energético do processo.
Segundo os pesquisadores, os próximos passos incluem testes em vivo com frangos para avaliar a segurança do material e sua eficácia em ambientes reais de produção avícola. “Nesta fase, os estudos começam assim que for aprovado pelo Comitê de Ética e eles serão realizados em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)”.
Os estudos serão realizados em aproximadamente 240 animais. “As pesquisas devem demonstrar o efeito das amostras sobre o desempenho zootécnico e a saúde de frangos de corte criados em cama contaminadas com Salmonella Hidelberg”, menciona Ricardo.
De acordo com o professor, os resultados obtidos serão objeto de proteção intelectual e na produção científica em revistas internacionais. “Espera-se que seja possível aplicar as matrizes vítreas como agentes antimicrobianos em cama de aviário, uma demanda tecnológica no estado do Paraná, bem como no Brasil como produtor de aves inclusive com ação frente a S. Heidelberg tem se destacado recentemente no cenário nacional como um dos principais sorovares isolados a partir de fontes avícolas, especialmente na região sul do Brasil”.
Ele finaliza que após os ensaios em escala piloto atendendo as necessidades do controle sanitário e de segurança alimentar, serão realizados testes em aviários parceiros da região.
AVIÁRIOS
O Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou uma Instrução Normativa nº 78 de 2003, a qual determina que toda granja de reprodutoras de aves deve ser sorológica e bacteriologicamente monitorada para detecção de Salmonella.
Atualmente, segundo pesquisa da Pecuária Municipal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é o segundo maior produtor mundial e líder na exportação de carne de frango para mais de 150 países. O Paraná se destaca, contribuindo com cerca de um terço da produção de carne de frango do Brasil.
Da Redação*
TOLEDO
*Com informações da Assessoria
