EUA: guerra de tarifas pode impactar no agronegócio do Brasil, analisa especialista
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A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos gerou expectativas para o mercado sobre os efeitos de suas políticas na economia global, com atenção especial para o Brasil. Para a região Oeste do Paraná, a atenção – nos últimos dias – está voltada para o setor do agronegócio.
O especialista em Agronegócios e consultor na área João Nogueira explica que a posse de Trump não muda nada e segue tudo dentro de uma possível normalidade. Nogueira recorda que existia uma expectativa muito grande com relação ao discurso de posse na semana passada, sobretudo com referência as políticas externas adotadas com os países em que os Estados Unidos possuem negócios. “O Brasil e a China são alguns dos países que negociam com os Estados Unidos e a expectativa estava voltada a mudança na postura com relação as tarifas adotadas”, menciona.
O profissional destaca que quem faz parte do agronegócio viveu a expectativa de uma possível guerra comercial, que teve o seu ponto mais relevante no ano de 2018. “A soja, um produto brasileiro, é o carro-chefe da balança comercial do Brasil. Inclusive, ela teve um mercado praticamente que aberto de uma forma maior do que era antes para a China e ocupou um espaço grande que era dos Estados Unidos em função dessas tensões da guerra comercial que tem aumentado entre Estados Unidos e China. Na verdade, trata-se de uma guerra de tarifas”.
Nogueira menciona que o discurso de Trump é considerado ameno a respeito desta temática. “A respeito, principalmente, com as relações com a China. Acredito que o presidente dos Estados Unidos não adotará uma política tão dura com relação a esse assunto. Existem algumas questões naturais de uma guerra comercial entre os países considerados duas maiores economias do Mundo, mas ele fez um discurso tranquilo”.
MERCADO – O especialista em Agronegócio e consultor na área complementa que Trump poupou a China em seu discurso de posse. “Sabemos que a China é um grande mercado para os Estados Unidos assim como para o Brasil. Ele adotará medidas severas com relação a imigrantes e ao trato com os países da Europa. Agora saber qual será a intensidade é complicado”.
Nogueira enfatiza que embora os Estados Unidos seja ainda a maior potência do mundo, a China é importante para os negócios. “Quando se trata de agregação de valor no comércio mundial, a participação da China é de uma ordem de três por um em comparação aos Estados Unidos. Logo, é necessário ter cuidado para lidar nessa área comercial no futuro”.
COMPETITIVIDADE – Conforme Nogueira, a competitividade entre as economias deve ocorrer. “Os países também precisam se entender. Pela potência, os Estados Unidos não pode fazer negócio com si próprio. Pelos negócios que possui ao redor do mundo, os Estados Unidos precisa necessariamente dialogar com todos os países que fazem negócios com ele”. Ele ainda analisa que a China é o maior consumidor dos produtos do Brasil, sobretudo do agronegócio.
Outro fator que o especialista em Agronegócios e consultor na área considera preocupante é o posicionamento de Trump com relação ao Canal do Panamá. “Ele é considerado muito importante para o trânsito dos produtos do agronegócio brasileiro para que tenha um custo menor nas taxas. A partir do momento que ele toma uma posição (de uma forma tão dura) é como se ele quisesse colocar um domínio daquilo. Como se ele quisesse colocar um pedágio no Canal do Panamá”.
Nogueira acrescenta que essa situação ‘talvez’ tenha sido a pior parte do discurso de Trump para o agronegócio brasileiro. “Pelo Canal, circulam produtos que exportamos. Ele é importante para o Brasil atingir os seus objetivos com relação às exportações para os seus clientes e é lógico que não queremos um pedágio que possa encarecer os nossos produtos. Eu senti exatamente isso no discurso dele. Isso é péssimo para os produtores brasileiros e é bom que eles saibam disso”.
Da Redação
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