Feriados prolongados: o impacto que a economia pode sentir em 2023

Quem conferiu no calendário deste ano, já pode observar que Toledo terá 11 feriados, nacional ou municipal – já contando o dia 1º de janeiro, mas sem contabilizar o carnaval – sendo que apenas um deles não é do tipo ‘dá para emendar’ e virar um feriadão. Com tanta projeção de comércio fechado, a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) avalia o impacto econômico que o calendário de 2023 pode trazer, especialmente, nas situações de feriado prolongado.

Para os colaboradores que trabalham duro, durante a semana toda, uma folga é sempre bem-vinda. Contudo, cada um avalia de uma forma diferente, pois quem contabiliza o salário com base na comissão das vendas, ficar dois dias da semana sem trabalhar, vai trazer reflexo na renda daquele mês.

“São 11 feriados, se não contarmos a terça-feira de carnaval, embora uma parte do setor não trabalhe, como os órgãos públicos, os bancos, os prestadores de serviços. Mesmo considerando que uma parte da economia de nossa cidade não pare, por estar ligada ao agro e ter mão de obra familiar, além de ser sazonal, vamos então considerar 60% desse cálculo como um custo aproximado; teríamos então R$ 13,2 milhões por feriado, com total ano de aproximadamente R$ 145,8 milhões”, avalia a presidente da Acit, Anaide Holzbach de Araújo.

Toledo, segundo Anaide, conta com um ambiente de negócios que tem melhorado nos últimos tempos, no que se refere às condições municipais. Ela cita como exemplo a aprovação da lei que permite a abertura de empresas em qualquer dia e horário, sempre seguindo a legislação trabalhista e os acordos coletivos com sindicatos.

“Isso permite que nosso comércio trabalhe em alguns feriados, evitando parte da perda de receita. Temos que considerar que nossa proximidade com o Paraguai acaba tendo impacto considerável na evasão de nossa população nestes feriados. Outro componente que se observa é o custo de capital para o empresário de comércio e serviços, especificamente em investir.  São poucas linhas de créditos a juros que incentivem a expansão de atividades, além de prazos normalmente muito curtos”, declara.

IMPACTO NAS CONTRATAÇÕES – Conforme a presidente, a Acit acredita que esse número alto de feriados também acaba interferindo nas contratações, pois para o pequeno empresário, que é a grande maioria, as margens são estreitas, próximas a 5%. “Se em um mês tivermos, por exemplo, dois feriados, a margem é praticamente consumida pelos dias fechados. Como medida de contenção, os empresários trabalham para diminuir custos. Dessa forma, por vezes, evitam contratações. Assim, a consequência acaba sendo menos dinheiro circulando num círculo nada virtuoso”.

Anaide acrescenta que esse é mais um componente de custos para as empresas, visto que o Brasil ocupa uma posição não muito favorável no ranking de condições para o empreendedorismo. “De acordo com o Doing Business de 2020, o país ocupa a posição 124 entre 190 em facilidade para empreender, o que mostra o quanto ainda temos barreiras pra melhorar nossa competitividade, tanto para atração de investimentos quanto para evolução dos atuais negócios”, salienta.

FOMENTAR A ECONOMIA – Na avaliação da presidente da Acit, a entidade -como representante do ramo empresarial – entende que o melhor caminho é sempre o da liberdade econômica, com negociação entre empresários e trabalhadores. Anaide destaca que fomentar a economia envolve uma gama de fatores e, no caso do número de feriados neste, ainda é preciso enfrentar agravantes burocráticos.

“Por fim, temos toda burocracia de impostos e tributos, a chamada ‘Guerra Fiscal’, onde alguns estados acabam oferecendo vantagens competitivas e dificultando a comercialização de vários produtos paranaenses, no nosso caso”, pontua a presidente da Acit ao acrescentar que é preciso adotar novas medidas em relação ao tema. “Temos visto iniciativas em vário países para diminuir o número de feriados ‘oficiais’, deixando a cargo de cada empresa regular sua carga horária e dias trabalhados”.

Expectativa x receio: como os feriados podem interferir na gestão e no lucratividade?

Foto: Janaí Vieira

O número de feriados nacionais prolongados neste tem gerado expectativa e receio em diferentes segmentos da economia. Enquanto o setor de turismo vislumbra mais lucratividade, o comércio tende a ficar mais apreensivo ao contabilizar que até dezembro dez feriados caem em dias úteis.

“Fechar as portas além do programado nunca é favorável para as vendas”, cita a sócio proprietária de uma loja, Ana Souza. “É ilusão acreditar que todos os colaboradores fiquem felizes com os feriados prolongados, especialmente, quando trabalham com comissão. O comerciante sente o impacto econômico e o colaborador também. Isso reflete em outros segmentos, pois é menos receita em circulação, menos lucratividade, menos retorno”.

Para Ana, é preciso que ocorram iniciativas que visem a discussão da redução dos feriados. Ela reforça que apenas deixar como ponto facultativo não traria soluções efetivas, visto que pode remeter ao ponto de preocupação já citado por ela.

ABRIR OU ADERIR AO FERIADÃO? – “Nos casos dos feriados prolongados temos duas questões: a primeira é atender a expectativa do colaborador que visa uma folga com a família, ou seja, a negociação de emendar os dias. Quem não gosta de fazer um passeio no meio ano, aproveitar que os filhos não têm aula e emendar de quinta até domingo para relaxar? Na gestão de equipe isso entra em pauta para que todos estejam satisfeitos e possam se programar”, explica.

A segunda questão preocupante, na análise de Ana, envolve o público, aquele que aproveita o feriado prolongado para passear e deixa a cidade. “É a clientela que não está presente, que deixa de comprar e consumir no comércio local. Nisso entra a programação e logística do comerciante: devo manter a equipe completa para o atendimento? Será que terei o movimento desejado? Nos feriados prolongados trabalhamos a base da expectativa”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

Confira os próximos feriados deste ano:

21 de fevereiro (segunda, terça e quarta-feira) – Carnaval (ponto facultativo) –

7 abril (sexta-feira) – Paixão de Cristo;

21 de abril (sexta-feira) – Tiradentes;

1 de maio (segunda-feira) – Dia do Trabalho;

8 de junho (quinta-feira) – Corpus Christi;

7 de setembro (quinta-feira) – Independência do Brasil;

12 de outubro (quinta-feira) – Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e dia das crianças;

2 de novembro (quinta-feira) – Finados;

15 de novembro (quarta-feira) – Proclamação da República;

14 de Dezembro – aniversário de Toledo;

25 de dezembro (segunda-feira) – Natal.

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