Campanha incentiva a consciência da ligação entre o ser humano e a natureza

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O lançamento oficial da Campanha da Fraternidade 2025 reuniu a imprensa, na manhã de sexta-feira (28), na Cúria Diocesana de Toledo. O bispo da Diocese de Toledo dom João Carlos Seneme e demais membros diocesanos falaram sobre a edição deste ano que tem como tema ‘Fraternidade e Ecologia Integral’ e como lema ‘Deus viu que tudo era muito bom’ (inspirado no livro Gn 1,31).
A 61ª edição da Campanha da Fraternidade tem como objetivo promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra. O lançamento precede o tempo quaresmal e tem o intuito de gerar a reflexão e a transformação de vida.
“Comemoramos os 800 anos em que São Francisco chamou todos os elementos da natureza com irmãos, inclusive chama de irmã até mesmo a morte”, explica o bispo da Diocese de Toledo dom João Carlos Seneme ao salientar que esse evento foi tão importante que gera reflexões no momento atual.
HOMEM E NATUREZA EM HARMONIA – O bispo pontua que a ideia é vivenciar a quaresma também com o foco no que a Campanha da Fraternidade propõe, viver a caminhada na direção de Deus e fazer gestos concretos. “Com meios concretos a intenção é de viver a quaresma, de viver a nossa conversão através da Campanha da Fraternidade é isso que nós queremos. A Campanha deste ano, certamente, vai nos ajudar a tomarmos consciência dessa ligação tão forte entre o ser humano e a natureza sempre simbolizado ali pelo jardim”.
Em sua explanação, o bispo cita que quando Deus criou a humanidade – criou o homem e a mulher – colocou-a no jardim e pediu que o homem não explorasse, mas que guardasse, que cuidasse, que protegesse o jardim, para que sempre houvesse essa harmonia. “Quando se perde essa harmonia vem o pecado e com o pecado vem as consequências. Essas consequências refletem no mundo inteiro. Nós sabemos que a natureza ela tem pode ter sim. Por isso, a nossa preocupação, hoje, com esse tema, pois ele tem nos colocado dentro de uma perspectiva espiritual e religiosa, nos compromete mais”.
ECOLOGIA INTEGRAL – De acordo com a integrante do Conselho Diretor da Cáritas Diocesana de Toledo Jennifer Thays Chagas Teixeira, a Campanha é uma forma de enxergar a sociedade como um todo. “É importante entendermos que ter uma ecologia ambiental e uma ecologia social antropológica cultural, mas se não estiverem todas interligadas não tem como nós trabalharmos a nossa vida cristã. Precisamos, de fato, enxergar que tudo está interligado e trabalhar para que a criação continue viva, com vida em abundância. A Campanha da Fraternidade tem esse objetivo de promover uma conversão ecológica, de trazer aspectos da quaresma e cuidarmos da nossa casa interior, cuidar da nossa casa espiritual”.
Jennifer cita que as catástrofes ambientais, impactam diretamente na vida, seja na vida dos seres humanos ou de todos os outros seres vivos que também são tão importantes. Ela pontua que o tema também convida para a reflexão de que é preciso recuperar o olhar amoroso que Deus tem para com cada criação. “É importante vermos como estamos tratando toda essa criação e refletir como cuidar e como manter essa criação viva, como cultivá-la”.
CADA DIA UMA AÇÃO – A proposta da Campanha da Fraternidade atrelada a Quaresmo envolve um cronograma de 40 ações diárias. “A proposta interna vai além de Deus explicar a questão carismática. A proposta é para que nós, enquanto cristãos, possamos ter ações e nos convida a cada dia da Quaresma – a partir da Quarta-feira de Cinzas – tenhamos uma ação concreta”, destaca a integrante do Conselho Diretor da Cáritas Diocesana de Toledo Maria Inês Bettega.
O folder da Campanha da Fraternidade 2025 traz no verso 40 ações diárias para serem seguidas durante a Quaresma. “Além de indicação de filme, documentário, música, poesia, tem uma lista com 40 ações que podem ser feitas em casa e estendidas a comunidade”, explica ao exemplificar que as dicas envolver separar os recicláveis, promover uma atividade sustentável, evitar o desperdício de alimentos, economizar água entre outras.
COM A COMUNIDADE – O presidente executivo da Cáritas Diocesana padre André Boffo Mendes declara que a Campanha de Fraternidade 2025 também visa unir trabalhos em prol do bem coletivo que envolve a ecologia integral e o ser humano. “Produzimos grandes eventos com produção de alimentos e esses eventos geram lixo: lixo orgânico e reciclável. Em nível de Diocese já temos resultados e com boas práticas, mas a ideia é fazer parcerias com cooperativas de catadores – este também já é um público atendido pela Cáritas e produzir novas fontes de renda que é a Economia Popular Solidária – que é um dos campos de atuação da Cáritas”.
O padre explica que o objetivo é fazer a união de três áreas de serviço da Cáritas Diocesana de Toledo e dessa forma ampliar a atuação e os resultados. “Vamos envolver o Programa de Preservação e Gestão de Grandes Problemas Ambientes, a Economia Popular Solidária – que é nossa forma de criação de renda -e também esse aspecto do enfoque em catadores. Vamos aproveitar essa pratica que já existe na Diocese, vamos oferecer para as paróquias em parceria com as cooperativas de catadores”, conclui.
Da Redação
TOLEDO
ECOLOGIA INTEGRAL
A ecologia compreende ao menos três dimensões intimamente ligadas de uma mesma realidade: ciência, práticas e nova mentalidade (paradigma). Enquanto ciência, a Ecologia nos ajuda a compreender como se relacionam todas as criaturas que habitam o planeta, nossa Casa Comum: os seres que são a base da vida (água, solo, ar, energia do sol), e a imensidão dos seres vivos, como os microrganismos, as plantas, os animais e nós, humanos. A Ecologia nos leva a compreender que temos um lugar próprio nesse mundo, relacionado com os outros seres.
A Ecologia Integral não é apenas ecologia verde, ou seja, o cuidado com a natureza, com as florestas, com os rios e o combate à sua degradação. É também, e sem dúvida, o cuidado com a natureza, mas junto a ele, o cuidado com o ambiente em meio ao qual nós vivemos em os relacionamos: cidade, trabalho, família, espiritualidade, enfim, o cuidado com todas as relações humanas e sociais que compõem a nossa vida nessa Casa Comum.
A Ecologia Integral é também espiritual. Todos os elementos materiais são bons, se orientados para salvação dos seres humanos e de todas as criaturas. A existência humana se baseia sobre três relações fundamentais intimamente ligadas: com Deus, entre os seres humanos e com a Terra.
Da Redação*
TOLEDO
*Com informações da AEN
Da AEN
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