Hoesp tem novas perspectivas para atendimento SUS

Esta semana a direção da Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná (Hoesp), mantenedora do Hospital Bom Jesus, recebeu a confirmação do credenciamento tornando a unidade referência no serviço de assistência ao AVCi como alta complexidade. Tornar-se um centro de alta complexidade, buscando sempre inovações e excelência na assistência, é apenas uma das metas da direção da Hoesp para os próximos anos.

Recentemente, durante a Assembleia Geral para eleição da nova diretoria da Hoesp, a superintendente Zulnei Bordin apresentou o Plano de Gestão para 2023 e destacou que o Bom Jesus atende aos municípios que integram a 20ª Regional de Saúde, “sendo o único hospital referência dos 18 municípios, com mais de 400 mil vidas”, destacou Zulnei, lembrando que o hospital ainda atende pacientes do Mato Grosso do Sul e Paraguai, em especial gestantes de alto risco.

Atualmente a Hoesp/Bom Jesus possui 215 leitos gerais, sendo 131 deles destinados ao Sistema Único de Saúde; são 24 UTIs para adulto, sendo 20 através do SUS; além disso existem 11 leitos de UTI Neonatal, 10 pelo SUS.

PROCESSOS – Zulnei Bordin lembrou que o Hospital Bom Jesus tem uma preocupação muito grande com a qualidade no atendimento e que por isso procura sempre melhorar os processos internos e elogiou o comprometimento de todos os colaboradores. Os resultados aparecem nos índices de controle de infecção hospitalar, hoje em 2,61%, sendo que a média aceita é de 5%. A taxa de mortalidade institucional está em 2,22%, abaixo do aceitável que é de 4%.

Por outro lado, o fato de ser um hospital referência para atendimento de urgência e emergência faz com que a taxa de ocupação geral fechasse ano passado em 91,50%, acima do ideal. Na UTI adulto a taxa de ocupação ficou em 98,81%, também muito acima do ideal. Entretanto, a média de permanência geral de pacientes na Hoesp/Bom Jesus é de 2,11 dias, dentro do aceitável.

NÚMEROS – A estrutura do Bom Jesus é gigantesca e funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano. Por isso os números são impressionantes. Ano passado foram feitos 14.690 internamentos e 7.832 cirurgias. Também houve 2.842 partos e realizadas 42.824 sessões de fisioterapia. Exames laboratoriais foram 198.245 e outros 29.464 exames de imagem.

Nada menos que 243.334 refeições foram servidas ano passado. Para se ter uma ideia, em média são 80 litros de leite por dia consumidos no hospital.

RECURSOS – Para manter essa estrutura toda funcionando é preciso recursos. E muito! Por isso o anúncio essa semana do credenciamento no atendimento para pacientes com AVCi soou como um alívio. Esta semana Zulnei e uma equipe da unidade esteve em Curitiba para novas habilitações junto ao Ministério da Saúde e também à Secretaria de Estado da Saúde.

O objetivo para este ano é conseguir o atendimento de alta complexidade em neurocirurgia, o que poderia gerar um incremento de R$ 82 mil por mês; também incluir o Centro de Parto Natural, que já está em andamento, gerando mais R$ 70 mil; e ainda o aumento contratual com a SESA em R$ 200 mil. “Conseguindo todas essas habilitações, haveria a previsão de novos recursos em torno de R$ 417 mil por mês”, explicou Zulnei Bordin.

NOVA SEDE – Ainda dentro do planejamento para 2023 está o início da construção da nova sede. O projeto deverá ser oficializado agora no mês de abril e já estão sendo feitos contatos para a liberação de recursos através do Governo Federal e do Governo do Paraná. A nova sede irá funcionar ao lado do campus da PUCPR e a documentação do terreno está oficializada.

Perspectivas estratégicas pretendem elevar qualidade e reduzir déficit

Enquanto busca novos recursos, a direção da Hoesp traçou algumas perspectivas estratégicas para este ano a fim de melhorar ainda mais a qualidade no atendimento e gradativamente ir reduzindo o déficit deixado por antigas gestões, algo que nos últimos dois anos vem acontecendo.

A primeira meta é promover a reestruturação organizacional da Hoesp; depois manter e ampliar processos de qualificação da equipe e ainda renovar processos de controle interno sempre que possível.

Renovar e qualificar processos de assistência será outra preocupação, assim como adquirir novas tecnologias e equipamentos. Também está previsto cumprir todos os eixos da Rede Mãe Paranaense, inclusive de urgência e emergência e atender as resoluções sanitárias. Outro objetivo é aumentar a captação de recursos, emendas e doações para, finalmente, construir a nova sede.

Falta de leitos é realidade na macro região

Mesmo com a nova sede da Hoesp sendo construída, a defasagem de leitos para a Macro Região Oeste seguirá alta. A nova unidade deverá ter, quando finalmente estiver concluída, em torno de 500 leitos, sendo 280 na primeira etapa da obra. Atualmente a 20ª Regional de Saúde em Toledo tem uma população estimada em 398.3232 pessoas, com apenas 463 leitos hospitalares através do SUS e outros 480 em hospitais privados, totalizando uma média de 1,16 leito por habitante. No geral a média da Macro Região fica em 1,58.

Segundo levantamento feito pela Hoesp, hoje seriam necessários 996 leitos para atender a atual população, ou seja, a situação tende a piorar ainda mais no futuro se não forem feitos novos investimentos em leitos. Na questão da UTI adulto, na área da 20ª Regional de Saúde são apenas 36 leitos, quando seriam necessários 48.

POPULAÇÃO – Dos 18 municípios que integram a Regional de Saúde, Diamante do Oeste é o que mais depende do atendimento através do SUS, com 96,65% da população; um pouco abaixo está Terra Roxa com 92,13% e na sequência Santa Helena, com 90,55%.

Na contramão, Marechal Cândido Rondon é o município onde é menor o índice de pessoas que necessitam atendimento através do SUS, com 58,38%; muito próximas estão Quatro Pontes com 58,48% e Toledo com 59,13%. Na média, na área da 20ª Regional de Saúde, 71,35% da população dependem do SUS para atendimento médico.

Defasagem da Tabela SUS é ‘dor de cabeça’

Muitas pessoas questionam por que a Hoesp/Bom Jesus está nessa situação financeira tão difícil. Uma das respostas está na defasagem da Tabela SUS que está aproximadamente há 20 anos sem reajuste. “Como temos a obrigação de manter o atendimento público e de qualidade, isso nos impede muitas vezes de prestar atendimento particular ou através de convênios, o que poderia ajudar a equilibrar melhor as contas”, resume a superintendente Zulnei Bordin.

Para se ter uma ideia, uma internação cirúrgica através do SUS dá ao hospital R$ 1.669,40, enquanto o custo do atendimento é de R$ 3.545,16, ou seja, apenas 47,08% do procedimento é coberto. Situação mais grave é para pacientes internados em UTI há 60 dias, por exemplo, onde a Tabela SUS não cobre sequer um centavo do custo em torno de R$ 73 mil que custa o atendimento.

Nos últimos dois anos a Hoesp atendeu em torno de 70% de seus pacientes através do SUS e recebeu 10.852 AIHS, ficando em 4º lugar no ranking da Macro Regional Oeste. A liderança é do Hospital Universitário do Oeste do Paraná, em Cascavel, com 14.278 AIHS.

Márcio Pimentel

Da Redação

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