I Fórum Internacional de Psicologia da PUCPR Toledo trata temas sobre o autismo

A realização do I Fórum Internacional de Psicologia da PUCPR Toledo marca o início das atividades do mês de conscientização sobre Transtorno do Espectro Autista (TEA). O evento acontece nesta terça-feira (28), no Auditório Dom Anuar na PUCPR, campus Toledo, e engloba o lançamento da Campanha Municipal Abril Azul.

O Fórum prevê diálogos sobre a escuta e o atendimento de pessoas com autismo. O tema do evento é ‘Diálogos sobre a escuta e o atendimento de pessoas com autismo’ e abre oficialmente o calendário de eventos de Toledo as ações do Abril Azul, o mês de conscientização sobre o autismo.

O professor e coordenador do curso de Psicologia da PUCPR Toledo Ronaldo Adriano Alves do Santos acredita que enquanto Universidade é preciso não só compreender a dor das famílias, mas assumir um papel transformador na sociedade. “Nossa proposta é produzir um campo crítico e reflexivo enquanto sociedade e pensar a forma como entendemos e atendemos as pessoas autistas. Será um mês inteiro dedicado a um processo de conscientização e de sensibilização da população a fim de criarmos um pacto social, um convívio social que seja de fato inclusivo para as diferentes configurações subjetivas que nós temos na sociedade”. 

O autismo é uma dessas configurações que por conta de uma série de características peculiares em relação as habilidades sociais, de padrões restritivos e/ou repetitivos de comportamento fazem com que os autistas tenham mais dificuldades nos relacionamentos. Para o professor, é importante sensibilizar as pessoas para que elas compreendam que o autismo é um espectro e isso faz com que exista uma grande diversidade e graus de comprometimento.

“Dentro do autismo há uma diversidade de manifestação. As diferenças, sejam elas físicas, relacionais ou subjetivas, precisam não só serem respeitadas, mas celebradas e defendidas como características especificas da humanidade. Quanto mais diversa a sociedade mais potente ela é. Quanto mais diversas são as nossas relações, mas oportunidades nós temos de qualificar o nosso convívio social”, reforça Santos.

NA VIDA – “O desafio de ser mãe de autista vai muito além de educar o filho para o mundo. É educar o mundo sobre seu filho”, cita a mãe da pequena Aira, de 4 anos, Alciane Soares. Aira levou mais de 1 ano e 4 meses para ser diagnosticada com autismo nível 3 de suporte.

“Sentia como se estivesse em um labirinto escuro; sem saber para onde ir. O diagnóstico acendeu a luz. Ele é fundamental para ter a intervenção correta, pois para todas as terapias necessárias é preciso que o profissional seja qualificado para o atendimento”, explica Alciane.

A pequena Aira faz parte de uma estatística que têm crescido em todo o mundo. Segundo dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, é possível que uma a cada 44 crianças sofra de TEA, o que representa de 1% a 2% da população mundial. No Brasil, o número é de cerca de 2 milhões de pessoas que apresentam traços dentro do diagnóstico de espectro autista. 

“Quanto mais real o número de diagnóstico, melhor amparados estaremos. No Brasil, nem estatísticas somos; o senso registra apenas por amostragem o número. Essa margem está muito longe da real. Isso impacta diretamente as famílias. Pois quanto menos somos; menos temos em tudo que seria o básico, o necessário. Mesmo o aumento no número de diagnóstico estar sendo visível, ainda assim temos muita dificuldade, pouca informação e engajamento social”, pontua.

AVANÇOS NA ACESSIBILIDADE – Um avanço para melhorar a acessibilidade e também tabular dados concretos sobre autismo no Brasil foi a aprovação da Lei Romeu Mion (filho do ator e apresentador Marcos Mion). A lei foi sancionada em 2020 sob número 13.977 e estabelece a emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). Com isso, é possível que a pessoa com o espectro tenha atenção integral, atendimento prioritário e acesso aos serviços públicos e privados, principalmente nas áreas de saúde, assistência social e educação.

A Ciptea tem validade de 5 anos e não é de uso obrigatório, mas o documento tem a finalidade especial de substituir o atestado médico e evitar que a família precise explicar a situação da pessoa toda vez que necessita de algum atendimento.

LUTA CONTRA O PRECONCEITO – A presidente da Associação de Familiares e Amigos dos Autistas – VIDA de Toledo – Tânia Salete Bilato destaca que as ações do Abril Azul permitem que os temas que envolvem o TEA sejam amplamente discutidos. Ela reforça que a falta de informação ainda é algo que desencadeia situações de preconceito e falta de empatia.

“O I Fórum Internacional de Psicologia da PUCPR Toledo marca o lançamento de um mês muito importante para todos que lutam por essa causa e também para levar mais informação para a sociedade”, destaca Tânia ao salientar que a pessoa com TEA e os familiares enfrenta diversas batalhas.

Na luta diária para proporcionar que o autista tenha mais qualidade de vida, o preconceito ainda fere, ainda prejudica, ainda impede o progresso. A carteirinha foi uma grande conquista, o direito ao atendimento presencial também, mas nem sempre é visto como algo bom. Contudo, ainda existem pessoas que questionam o fato de um autista ter preferência no atendimento, pois não entendem, não sabem como é o TEA.

PROGRAMAÇÃO

O evento que é totalmente gratuito e aberto a comunidade começa às 8h30. O Fórum terá a palestra “Psicanálise e autismo: o que nos fala esse sujeito?”, ministrada pela psicanalista Erika Maria Parlato de Oliveira, doutora em Comunicação e Semiótica e especialista em Psiquiatria Infantil no Instituto de Psiquiatra da USP. A programação conta ainda com minicursos; palestras sobre Terapia Ocupacional do AMI; utilização de ABA (Applied Behavior Analysis) e mesa redonda sobre o atendimento multidisciplinar.

8h30 às 8h55: Mesa de Abertura e Lançamento da Campanha Municipal “Abril Azul”;

9h: Aula Magna/Conferência – “Psicanálise e autismo: o que nos fala esse sujeito?” com a professora doutora Erika Maria Parlato de Oliveira;

15h15 às 18h15: Minicurso “O circuito pulsional na etiologia do Autismo/TEA” com a professora doutora Miriam Izolina Padoin Dalla Rosa;

19h15: Palestra “A utilização de ABA (Applied Behavior Analysis) no entendimento e atendimento de pessoas identificadas com TEA” com a professora mestre Jackeline da Graça Bastos;

20h30: Intervalo;

20h50: Mesa redonda: “A atuação interdisciplinar no atendimento de pessoas identificadas com TEA” com a coordenador do CIPE Nilmara das Neves Martins, coordenação Educação Especial SMED Patricia Fabiane Schnorenberger, coordenação Educação Especial SMED Patricia Hofmann e terapeuta ocupacional do AMI Vivian Pilger Santos.

Da Redação*

TOLEDO

*Com informações da Assessoria

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