Lentidão psicomotora e redução da capacidade de raciocínio são alguns prejuízos do alcoolismo
Não é novidade que o consumo excessivo de bebidas alcoólicas traz malefícios a saúde. O alcoolismo pode levar a pessoa um declínio cognitivo com uso abusivo ou dependência de álcool. Os principais prejuízos ocorrem na percepção visual, lentidão psicomotora, déficits de aprendizagem e memória, redução da capacidade de raciocínio e resolução de problemas.
“Em alguns casos, o alcoolismo pode prejudicar o autocuidado”, cita a psicóloga, Adriana da Silva Schalkoski. “Há possibilidades de existirem comorbidades com a dependência de álcool assim como outras drogas. Ou seja, a pessoa pode apresentar transtorno de humor, transtorno de ansiedade, transtorno depressivo ou de personalidade”.
Adriana alerta que o álcool é uma droga depressora, que age diretamente no sistema nervoso central e pode afetar o comportamento da pessoa, alterando seus pensamentos, sua capacidade de julgamento e suas emoções. “Sendo assim, podem fazer e falar coisas que não fariam e não falariam sóbrios. Por ser uma droga depressora, o estado de euforia e desinibição, duram pouco tempo e entram em declínio: momento em que a pessoa focaliza alguns aspectos de sua vida e pessoais que considera negativos”.
Conforme a psicóloga, normalmente, as pessoas que fazem uso problemático de álcool, já tem uma opinião sobre si, o outro, o ambiente e o futuro. “Eles acreditam fortemente que, são fracassados, desinteressantes, sem perspectiva e demais que o depreciam. Mediante essas crenças, na maioria das vezes, apresentam dificuldades nos seus relacionamentos interpessoais, tanto para iniciar como para mantê-los. Por isso, a maioria dos indivíduos têm dificuldades em procurar ajuda ou aceitá-la. Pois, fazendo isso é como se estivessem afirmando para todos suas crenças negativas de que é um fracassado.
A dificuldade em aceitar a ajuda envolve o sentimento de derrota e não como uma vitória ou um ato de coragem. Na análise da profissional, o que motiva a aceitar ou buscar ajuda, são quase sempre os problemas já causados pelo alcoolismo, como rompimento de relacionamentos, perca de emprego ou algum problema de saúde, quando tudo isso já tomou uma grande proporção nas vidas dos dependentes.
“É nesse quesito que os profissionais devem estar atentos, para melhor ajudar o indivíduo. Pois, frequentemente a pessoa está motivada para o tratamento, mas, não para mudar seu estilo de vida, situação que muitas vezes exigirá que modifique seu círculo de amigos, que não faça uso de bebidas alcoólicas, para evitar recaídas, entre outras condutas”, exemplifica.
O PRIMEIRO PASSO – No processo de recuperação exige determinação e o desejo de mudança. Em muitos casos, fica difícil dar o primeiro passo sozinho, ou seja, a participação da família é fundamental, o apoio e a compreensão contribuem para que pessoa consiga se recuperar.
O recomeço pode ser buscado junto a rede municipal de saúde e com o encaminhamento para redes especializadas como o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps-AD). Essas unidades contam com o trabalho de diversos profissionais como: psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais. A rede também presta atendimento aos familiares que precisam de orientação para lidar com o contexto do alcoolismo.
“O recomeço para a pessoa, tanto na família, quanto na carreira profissional, deve ser acompanhada por profissionais da áreas de psicologia e psiquiatria para ajudar a modificar as crenças de incapacidade e encorajá-la nos novos projetos de vida. Além disso, é preciso seguir o tratamento medicamentoso que poderá ser continuado por alguma comorbidade e que ajuda o paciente a manter firmeza diante dos objetivos propostos, superando seus medos e dificuldades interpessoais e intrapessoais”, esclarece a psicóloga.
O APOIO NA RECUPERAÇÃO – Conforme Adriana, os familiares e amigos podem ajudar conversando, aconselhando, sem julgar ou criticar as atitudes. A orientação é fazer isso nos momentos de sobriedade. O mais importante, segundo a profissional, é que amigos e familiares demonstrem que estão com a pessoa e não a abandonaram, que estarão presentes no processo de alguma forma e prestando apoio. Além disso, o papel dos familiares continua sendo fundamental durante e após o tratamento.
“Todo esse contexto é difícil para o alcoolista e para os familiares. O processo não é simples, mas, necessário. O ideal é buscar ajuda no início, enquanto os prejuízos podem ser reparados”, conclui a psicóloga.
Da Redação