Medalha de Stephan Barcha e égua Primavera escapa no final do hipismo saltos

O Brasil chegou muito perto de uma medalha na disputa da final individual do hipismo saltos dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Stephan Barcha, montando a égua Primavera, manteve a terceira colocação durante quase toda a prova disputada nos Jardins do Palácio de Versalhes nesta terça-feira (6), mas acabou superado e finalizou na quinta colocação, com uma falta e o tempo de 80s07. Rodrigo Pessoa, lendário ginete brasileiro, ouro olímpico em Atenas 2004, decidiu poupar o jovem cavalo Major Tom após cometer duas faltas e não completou o percurso.

O grau de dificuldade da pista montada em Versalhes elevou o nível da final olímpica a patamares pouco vistos. Apenas os três conjuntos medalhistas conseguiram passar o percurso sem faltas na final. Barcha e Primavera fizeram apenas uma falta em uma volta com boa velocidade. Como o critério de desempate é o tempo, o brasileiro só foi superado nas últimas apresentações.

Barcha conquistava o bronze até a volta de Steve Guerdat, da Suíça, que terminou o percurso sem penalidades, tirou o brasileiro da briga por medalha e ficou com a prata montado em Dynamix De Belhem. A medalha de ouro foi conquistada pelo alemão Christian Kukuk montando Checker 47. O bronze foi para a Holanda com Maikel Van der Vleuten e Beauville Z.

“Me senti muito perto de alcançar um sonho da vida, que é ganhar uma medalha olímpica. Saio muito orgulhoso de todo o processo. É duro chegar tão perto, mas quando eu me deitar vou me sentir muito orgulhoso com a colocação que alcançamos nos Jogos Olímpicos. Foi brigado demais, foi grandioso. Estar aqui não é para tanta gente”, disse Barcha, medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos Santiago 2023. “Essa é a pista mais difícil que peguei na minha vida, sem dúvida alguma. Todas as dificuldades de parte técnica que se pode imaginar estavam na pista.”

Stephan, de 34 anos, viveu em Paris sua segunda participação olímpica. A égua Primavera nasceu, se desenvolveu e saltou a maior parte da carreira no Brasil e está na Europa há apenas um ano e meio. Essa é a melhor colocação de um conjunto totalmente brasileiro na prova de hipismo saltos em Jogos Olímpicos. “Estou muito orgulhoso da minha égua, nascida e formada no Brasil, que passou comigo toda a fase de crescimento”, disse o ginete.

Rodrigo Pessoa durante prova de hipismo
Rodrigo Pessoa –  Foto: Wander Roberto/COB


Rodrigo Pessoa é um gigante na centenária história brasileira no Movimento Olímpico. Medalhista de ouro em Atenas 2004 e filho de Nelson Pessoa, outra lenda do hipismo mundial, Rodrigo chegou a Paris para a oitava edição de Jogos Olímpicos, um recorde nacional. Experiente, o ginete de 51 anos entendeu ser melhor poupar o jovem Major Tom após dois toques no início do percurso da final.

“Eu queria começar em um ritmo bom para ganhar confiança no início da pista, mas acabamos fazendo uma falta não costumeira para o meu cavalo. Ele ficou muito arisco, porque é um cavalo muito cuidadoso. Depois ele se esforçou muito no duplo. Então não tinha a menor necessidade de continuar com oito pontos. Melhor poupar o cavalo”, disse o brasileiro.

Além do ouro em Atenas 2004, Rodrigo é dono de dois bronzes por equipes em Atlanta 1996 e Sydney 2000. O ginete compete com Major Tom há quatro anos.  “Viemos com uma equipe muito forte, realmente os quatro melhores conjuntos do Brasil. Ontem na classificatória conseguimos saltar muito bem. A expectativa para hoje era boa. Todos os sinais da manhã estavam no verde. Mas os cavalos são super delicados e uma falta por alguns centímetros muda tudo. Competição é assim. As regras são as mesmas para todos. O Stephan fez uma competição fantástica e por pouco não conquistou uma medalha para o Brasil”, resumiu Pessoa.

Na segunda-feira (5), na qualificativa individual, os dois brasileiros se classificaram entre os 30 melhores em um total de 74 concorrentes e os 30 melhores cavaleiros e amazonas que disputaram a final individual.

Para chegar à final Rodrigo fez uma apresentação perfeita com percurso limpo em 77s04, que ao final lhe rendeu a 17ª posição. Stephan e Primavera foram o também foram perfeitos com percurso sem faltas em 76s03, alcançando o 13º melhor resultado.

Comitê Olímpico Brasileiro
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