Mídias sociais x adolescentes: como pais podem estabelecer confiança e liberdade?

As redes sociais fazem parte da realidade cotidiana dos adolescentes. Com contas em plataformas, eles ‘consomem’ e geram outros conteúdos. O uso das mídias sociais não pode interferir no desenvolvimento desses jovens, tão pouco ser uma janela para a prática do bullying, preconceito e desmotivação. Pais e responsáveis devem estar atentos ao comportamento dos filhos e saber o que eles fazem no amplo mundo virtual.

Recentemente, o Instagram anunciou uma ferramenta de controle parental (ela permite que os responsáveis possam acompanhar a maneira como os filhos usam a plataforma. Denominada como ‘Central da Família’, a ferramenta proporciona aos pais que estabeleçam limites de tempo para o uso da plataforma, receber atualizações a respeito dos seguidores e seguidos dos adolescentes nas redes sociais, notificações se os filhos denunciarem qualquer conta na plataforma, amém de quanto tempos eles ficam ‘navegando’ nas redes sociais.

“Como pais responsáveis sempre procuramos saber quem são os amigos dos nossos filhos, conhecer esses adolescentes e pais também, sempre que isso for possível; buscamos saber o local em que estão, o que estão fazendo, enfim, ter cuidado sempre. Com as redes sociais não pode ser diferente, é preciso ter a mesma conduta de cuidado e atenção, principalmente, por se tratar de um universo virtual”, ponta psicopedagoga Dori Inês.

A profissional alerta que os pais e os responsáveis devem estar atentos ao tempo de permanência na internet, verificar sites e conteúdo consumido, estipular horários para o uso das plataformas, entre outros cuidados. Dori também pontua que é preciso reforçar que os adolescentes não podem passar dados pessoais e dos familiares (incluindo escola, local de trabalho, entre outros espaços que frequenta) e não aceitar convites de pessoas estranhas.

“O uso das mídias sociais permite que os jovens tenham mais interação, acesso a conteúdo interessante, criem sua própria rede de amigos, contudo, existe os riscos da exposição na internet. Esses adolescentes podem sofrer situações de cyber-bullying, assédio sexual, baixo autoestima, danos psíquicos, entre outros tipos de prejuízos a saúde e qualidade de vida”, pontua.

SEGURANÇA ONLINE – Dori também alerta sobre a segurança dos adolescentes no meio virtual. Ela destaca que é possível que o uso das mídias sociais seja delimitado para que elas fiquem mais seguras durante o uso das mídias sociais.

“A primeira ação dos pais é verificar quais aplicativos de mídia social eles podem liberar para os filhos, ou seja, fazer uma pesquisa sobre o que essas ferramentas oferecem, como elas funcionam, como elas podem interferir no cotidiano dos adolescentes, se oferecem moderador que elimina o conteúdo impróprio para a idade, além de utilizarem bloqueios e senhas para determinados sites. São dicas para que os pais saibam como é a ‘navegação’ dos filhos do ambiente virtual na tentativa de deixá-los mais seguros”, declara.

VIGILÂNCIA  x CONTROLE – A psicóloga Jane Patti destaca que o controle parental envolve o acompanhamento dos pais em relação ao uso das mídias sociais e aplicativos. Ela declara que é importante os responsáveis conhecerem as ferramentas e ter conhecimento da tecnologia para que possam interagir com os filhos, além de proporcionar a confiabilidade de espaço de confianças e liberdade, com limites, de acordo com a faixa etária.

“O diálogo é o melhor forma de iniciar esse processo Os pais precisam conversar isso com os filhos para que esse acesso seja saudável e sem gerar traumas psicológicos. Estamos em uma era que crianças pequenas têm acesso a vídeos para o entretenimento e aprendizado, os pais precisam delimitar o acesso. Crianças maiores precisam ser orientadas por esses pais para que saibam o que buscar no mundo virtual, o mesmo deve acontecer com os adolescentes e de forma que existe limites entre a supervisão benéfica que evita problemas e o abuso, ou seja, a falta de confiança em relação ao que os filhos consomem na internet”, alerta.

Jane comenta que a conversa norteia a base desse relacionamento de confiança entre pai e filho. Ela pontua que estar atento ao conteúdo acesso, as conversas, as amizades virtuais não envolve o ato de vigiar, mas sim de ter controle para que o adolescente seja bem orientado. A profissional ainda acrescenta que diante de impasses é preciso voltar para o primeiro passo, ou seja, a conversa e adotar o controle parental em que a liberdade, as regras, os limites são estipulados em família quando os filhos também são ouvidos e têm a opinião considerada.

NA PRÁTICA – A auxiliar de escritório Ana Paula Souza conta que vive alguns dilemas em casa. “Tenho um filho de 8 anos e outro de 13 anos. São condutas diferentes, pois essa diferença idade implica em conversas diferentes, mas dentro dos limites e liberdades de cada um”, revela.

Com o Pedro (filho caçula), a mãe relata que, durante o primeiro diálogo, ele foi avisado de que teria o celular supervisionado, além de receber orientações a respeito de quais conteúdos poderia acessar. Segundo Ana Paula, foram inseridas senhas nas redes sociais, bloquei em canais do YouTube, além da conferência do histórico.

“Com o João a conduta é diferente, ele já é um adolescente, tem mais consciência do material acessado e mais noção dos perigos no ambiente virtual. Da mesma forma estabelecemos limites de tempo para ficar conectado, verificamos sempre que ele faz novas amizades ou seguidores, conversamos sobre questões voltadas ao cyber-bullying, entre outros temas em relação a faixa etária dele”, esclarece a mãe ao pontuar que é preciso estabelecer uma relação de confiança e cuidado.

Da Redação

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