Nova norma prevê resgate de adolescentes contra HPV
Da Redação
TOLEDO
A vacina HPV quadrivalente faz parte do Calendário Nacional de Vacinação do Brasil desde o ano de 2014 e protege contra os tipos virais de HPV 6, 11, 16 e 18. Por intermédio da vacinação contra o HPV, a prevenção primária é essencial para a prevenção dos cânceres relacionados a esse vírus e outras doenças associadas. Em nota técnica, o Ministério da Saúde atualiza as recomendações da vacinação contra HPV no Brasil e está com uma estratégia nova para prevenir as doenças citadas. O país adotará a dose única da vacina HPV no Calendário Nacional de Vacinação para pessoas do sexo feminino e masculino de 9 a 14 anos de idade.
A Nota Técnica, divulgada nesta terça-feira (2), prevê ainda a realização de estratégia de resgate de adolescentes até 19 anos não vacinados e inclusão das pessoas portadoras de papilomatose respiratória recorrente (PRR), como grupo prioritário da vacina HPV.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer, sendo responsável por cerca de 17.000 novos casos e quase 7.000 óbitos por ano.
De acordo com a Nota Técnica, “um estudo realizado em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal (Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional da Infecção HPV/POP Brasil), que incluiu homens e mulheres entre 16 e 25 anos de idade, identificou taxas de prevalência de 52,3% a 63,5% de qualquer tipo de HPV, e taxas de HPV de alto risco de 39,8% a 53,1%”, detalha o documento.
Entre os 12 genótipos oncogênicos do vírus HPV descritos, os tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 71% dos casos de câncer de colo de útero e por mais da metade dos casos de outros cânceres relacionados ao HPV, enquanto os tipos 6 e 11 são responsáveis por cerca de 90% dos casos de verrugas genitais.
PREVENÇÃO – Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adoção da dose única, para a faixa etária de 9 a 20 anos de idade traria as seguintes vantagens: “maior adesão à vacinação, aumento da cobertura vacinal e, consequentemente, imunidade de rebanho, oportunidade para a inclusão de outros públicos prioritários, melhor logística e facilitação da introdução da vacina HPV em programas de imunizações nos países de média e baixa renda, e aceleração da eliminação do câncer de colo do útero, não só no Brasil, mas em nível mundial”, destaca a Nota Técnica.
IMUNIZAÇÃO – Conforme a Nota Técnica, apesar da vacina HPV ser segura e efetiva na prevenção dos desfechos desfavoráveis da infecção pelo vírus HPV – pois países com altas coberturas vacinais já conseguiram diminuir o risco do câncer de colo do útero em mais de 80% e quase eliminar as verrugas genitais – sua cobertura global é baixa, atingindo somente 12% das meninas de 9 a 14 anos.
O documento ainda demonstra que “no Brasil, a cobertura vacinal para meninas com a primeira dose atinge 76%, no entanto, para a segunda dose não alcança 60%. Em relação aos meninos, a cobertura com a primeira dose é de 42% e a segunda de 27%”.
O diretor da 20ª Regional de Saúde de Toledo Fernando Pedrotti afirma que a decisão do Ministério da Saúde é considerada normal. “Ela é baseada em técnicas, estudos e evidências científicas. Inclusive, a decisão é baseada em pareceres da OMS e da Organização Pan-Americana”.
Pedrotti explica que a ciência é realizada a partir de atualizações e de novos conhecimentos. “Nos sentimos seguros diante dessa nova orientação, porque temos a convicção que existe um estudo prévio e com análise criteriosa”.
Ele complementa que a saúde pública possui o ‘olhar coletivo’. O diretor da Regional de Saúde enfatiza que as medidas são baseadas em evidências científicas. “Reflete o adequado uso do recurso financeiro, se soma aos cuidados e a prevenção em saúde pública”.
A enfermeira da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Toledo Rosana Cerbarro salienta que a vacina é segura. “O tempo e as pesquisas mostraram que ela diminuiu diversos tipos de cânceres nos países. Além disso, os estudos demonstram que uma dose da vacina imuniza a pessoa”.
Rosana recorda que desde o início da imunização Toledo não teve um evento adverso considerado grave. “Atuo na Vigilância desde a implantação desta vacina e a decisão adotada pelo Ministério da Saúde deve também colaborar com a cobertura vacinal. Precisamos proteger o público-alvo”.
A nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde recomenda que os estados e municípios realizem busca ativa para garantir que jovens brasileiros de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV. “Nesses casos, poderão receber o esquema em dose única todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não receberam uma ou duas doses do imunizante no período recomendado”, pontua o documento.
O Brasil se junta a 37 países que já adotaram o esquema de dose única, seguindo recomendações internacionais e buscando resultados positivos na proteção da população contra o vírus HPV.
Número de doses aplicadas em 2023* Em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV. O número é o maior desde 2018 (5,1 milhões) e representa um aumento de 42% em relação a 2022, quando foram aplicadas pouco mais de 4 milhões de doses. Essa retomada é fruto do esforço de estados e municípios que se juntaram ao Ministério da Saúde no Movimento Nacional pela Vacinação,