Obra incentiva modelo econômico pautado na comunhão e na fraternidade

Estabelecer “um pacto para mudar a economia atual e atribuir uma alma à economia do amanhã” é a proposta do Papa Francisco aos jovens estudantes no ano de 2019. Para o Papa, é necessário colocar em prática um modelo econômico novo, pautado na comunhão, fraternidade e equidade. A sociedade gera riquezas, mas não gera comunhão.

A partir dessa proposta, o livro “Realmar a Economia” é criado. Os escritores Ana Carolina Fernandes Alves e Augusto Luís Pinheiro Martins estiveram em Toledo, na última quinta-feira (29), para o lançamento da obra. A cerimônia aconteceu na Cúria Diocesana.

Ana e Augusto são membros da rede de Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara (ABEFC) e o casal é responsável pelo artigo “Educar para novas economias’, escrito em conjunto com Ricardo Pereira Alves do Nascimento.

Em 320 páginas estão reunidas produções que propõem pensar um novo pacto econômico, mais inclusivo e de cuidado com a criação para que ninguém fique para trás. De acordo com o Bispo da Diocese de Toledo Dom João Carlos Seneme, a obra foi produzida por diversas pessoas. “Estamos contentes em acolher Ana e Augusto para participar deste momento conosco. Que possamos sonhar junto essa nova maneira de fazer economia”.

PROJETO – Durante a cerimônia de lançamento, o padre André Boffo Mendes apresentou o trabalho da Cáritas Diocesana, que é uma ação social da Igreja no Mundo e está presente em 200 territórios. “A Cáritas está repaginada e com um projeto mais amplo de solidariedade. Ela atua em diversas áreas, como voluntariado, migração ou até na questão de empregabilidade”.

O padre André comenta que uma das ações da Cáritas em Toledo é a consolidação do português para migrantes. “Nós temos 60 estudantes que vão começar o curso, o qual será certificado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), campus Toledo”. Uma turma inicia o curso neste sábado (1º) e outra turma no domingo (2) no Jardim Panorama.

A Cáritas ainda é responsável pela realização da economia popular solidária. Conforme uma das voluntárias da Cáritas Jéssica Gomes, é possível verificar um campo de atuação amplo. “Pessoas em situações que não estão favoráveis para serem colocadas no ambiente de trabalho. A Cáritas, tanto a nível nacional como no Paraná, desenvolve diversos projetos. Eles auxiliam no cuidado com as pessoas ou com a economia”.

No Paraná, a Cáritas promove diversas ações, como de reciclagens e artesanatos com mulheres. “Na economia solidária, a Cáritas é convidada para tentar visualizar quais regiões de uma cidade precisam de apoio. De maneira geral, a proposta é fomentar a economia, mas de uma forma que todos saiam ganhando. A educação financeira precisa ser cuidada em diversas vertentes”.

A OBRA – O escritor Augusto Luís Pinheiro Martins explica que existem novas maneiras de organização. “Nós precisamos encontrar meios para organizar a casa, porque ela está, muitas vezes, sem alma. A casa está tão bagunçada, com janelas fechadas e gerando doenças. Está sem alma e sem vida. Isso acontece porque a casa não está bem administrada. O diálogo é importante para a busca de soluções”.

Assim é com a economia. A escritora Ana Carolina Fernandes Alves explica que a economia de Francisco quer o bem viver chegue para todos. “O Papa convida os jovens a pensar em um novo formato de economia. Nós temos pesquisadores, empreendedores e entidades que trabalham em projetos em diversas esferas. São pessoas que integram uma equipe, articulam esse tipo de economia e contribuíram na produção do livro. São textos mais provocativos”.

Ana e Augusto respondem ao chamado do Papa. “É ter um olhar da espiritualidade e com um pensamento cristão na economia; a relação do dinheiro e como podemos usar a serviço da casa; como sair da cultura do individualismo e pensar no outro”, comenta Ana.

Ela complementa que todos os trabalhos são importantes. “Ainda é preciso mudar a cultura para que o trabalho possa frutificar e para que todas as pessoas se desenvolvam integralmente”, menciona Ana ao complementar a necessidade de dar valor a vida e ela deve estar no centro de tudo. “O lucro é importante, mas devemos saber distribui-lo”.

O casal ainda compartilha ricas experiências vividas nesses anos de estudos propostos por essa matriz franciscana. Dentre elas, a participação em encontro internacional de jovens economistas e empreendedores com o Papa Francisco em 2022, na cidade de Assis (Itália), cuja programação teve a apresentação de seminários, painéis e mesas redondas para o debate de ideias e projetos com propostas frente aos desafios contemporâneos ligados à economia. Na ocasião, Augusto entregou em mãos ao Papa uma cartilha do projeto Educação Financeira para a Vida (EFV), também fruto da reflexão sobre finanças e espiritualidade.

ALMA DA ECONOMIA – Segundo Augusto, o Papa Francisco é o protagonista para as mulheres, os jovens e os leigos. “Vem como um movimento ecumênico. A alma da economia está neste encontro dos diferentes, no diálogo e em valorizar a vida na plenitude. Se estiver sem alma ou sem vida é porque está faltando algo. A alma resgata a dignidade humana e das ‘coisas’ criadas por Deus. Não basta ter dinheiro e não conseguir desfrutar da convivência com a esposa e os filhos. A economia está sem alma. Ela ama, mas também exclui e devasta. Isso é a cultura do descarte e da indiferença. Em alguns momentos, realiza uma ação de caridade, mas para maquiar a consciência. Realmar a economia é trazer a dignidade”.

UMA SOCIEDADE NOVA – O padre André Boffo Mendes enfatiza que a educação na economia é um apelo da juventude. “A Igreja busca esse caminho e a força jovem para que juntos possam moldar uma sociedade nova. São pessoas que buscam novos caminhos. A Cáritas te faz transpor e incentiva o diálogo. Não devemos apenas fornecer o alimento ou o calçado. Hoje, as Igrejas da Diocese de Toledo, por meio do Auxílio Fraterno, atendem 4800 famílias. O Papa Francisco não tem as respostas, mas ele abre as portas para trabalhar em conjunto”. O Bispo Dom João Carlos Seneme enfatiza a necessidade de se fazer o elo, ou seja, é preciso auxiliar e também buscar meios para que essa pessoa possa também ser protagonista.

Da Redação

TOLEDO

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.