Orçamento doméstico: planejamento e organização auxiliam nas compras do mês

Com o aumento dos preços dos alimentos, está cada vez mais difícil economizar quando se fala em alimentação. A mais recente Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos de Toledo, realizada pelo Núcleo de Desenvolvimento Regional da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, aponta que no período entre junho e julho deste ano houve um aumento de 2,64% no custo dos alimentos básicos.

No acumulado dos últimos 12 meses a variação foi de 16,86%; e de janeiro a julho deste ano, a variação da cesta básica foi de 10%. Itens como o leite (27,08%), o pão francês (8,42%), o café (7,54%), a farinha de trigo (6,33%), a margarina (4,93%), a carne (4,18%), e o feijão (0,84%) impulsionaram esse aumento pesando no bolso do brasileiro e tornando as refeições do dia a dia, principalmente, o café da manhã, mais caros.

A boa notícia é que com empenho e alguma organização, é possível fazer com que as compras do mês fiquem dentro do orçamento. Contudo, a economista e coordenadora da pesquisa Crislaine Colla comenta que antes de pensar em otimizar o orçamento doméstico é preciso compreender que o orçamento doméstico possui diferentes categorias.

“Na categoria de renda mais alta, a parte que cabe à alimentação é menor e as famílias têm uma maior flexibilidade e até mesmo condições de absorver os aumentos de preços. Já no caso de famílias de renda mais baixa, o gasto com alimentação ocupa boa parte do total da renda e qualquer aumento ocorrido terá um impacto maior sobre este estrato socioeconômico”.

A economista pontua ainda que o orçamento doméstico é composto por vários elementos e os principais são: alimentação, gastos com habitação (aluguel, ou prestação/financiamento da casa própria, condomínio), gastos com água, luz, gás, transporte (combustível ou transporte coletivo), vestuário, saúde e cuidados pessoais e os gastos com educação.

Alguns erros na hora de planejar o destino da renda pode comprometer o orçamento. Ela esclarece que em momentos de inflação alta e perda de poder de compra, os principais erros estão em gastos supérfluos e falta de planejamento no orçamento doméstico.

“Deve-se destacar que no caso de famílias de renda baixa e em situação de pobreza, não há muita margem para mudanças nos gastos e qualquer aumento nos itens do orçamento doméstico, especialmente na alimentação, tem um impacto muito maior e negativo. O acesso facilitado aos preços, educação financeira e planejamento do orçamento seriam formas de diminuir os erros na hora de comprar”, explica a economista.

VILÕES – Quando o assunto é despesas com alimentação e bebidas, Crislaine salienta que há uma sazonalidade e volatilidade nos preços ao longo do ano e isso ocorre devido a fatores climáticos, fatores macroeconômicos e fatores externos. Em relação aos itens da cesta básica, ela cita que os produtos que mais aumentaram nos últimos doze meses foram: o leite (71,05%), o café (63,70%), a batata (51,04%), pão francês (34,80%) e a farinha de trigo (33,05%).

“Quando se trata de todos os componentes do orçamento doméstico, os principais vilões têm sido os gastos com alimentação e bebidas, transportes (aumento dos preços dos combustíveis), gastos com habitação (água, luz, gás, aluguel). Na busca por diminuir os efeitos dos aumentos de preços e da perda do poder de compra é necessário conhecer e planejar os gastos, ou seja, planejamento e educação financeira”, enfatiza.

ESTRATÉGIAS – Com o aumento do índice de custo da cesta básica apontado na recente pesquisa do Núcleo de Desenvolvimento Regional da Unioeste, o poder de compra do brasileiro tem ficado comprometido. E para garantir a compra do mês e o pagamento das despesas básicas da casa, o brasileiro precisa adotar algumas estratégias para driblar os preços no supermercado. Entre elas, a economista cita a famosa e velha lista definida de produtos a serem comprados.

A pesquisa dos preços em diferentes locais também é uma estratégia que sempre dá certo na busca dos produtos em promoção ou os supermercados/mercados que disponibilizam ofertas, até mesmo em dias da semana específicos. “Muito importante pesquisar para encontrar as melhores opções de preços. Também deve-se buscar a substituição dos produtos mais caros por outro mais barato e que se adeque às necessidades alimentares”, completa.

BOAS NOTÍCIAS? – Se boa parte dos alimentos consumidos no dia a dia têm o custo influenciado pela sazonalidade, será que o brasileiro pode esperar uma redução no preço de alguns alimentos nos próximos meses? A economista Crislaine explica que nos últimos meses tem observado algumas reduções no custo da cesta básica ou mesmo aumentos menos expressivos do que foram observados anteriormente. Entretanto, o leite tem sido um produto considerado vilão nos últimos dois meses.

“Observa-se um movimento de redução do preço do leite para o mês de agosto, mas esta redução não recupera as perdas anteriores já que o preço do leite praticamente dobrou no ano de 2022, passando de R$ 3,67 em janeiro para 7,25 em julho, no município de Toledo. A farinha de trigo e o pão francês também podem apresentar alguma redução já que temos o início da colheita e a expectativa de uma boa safra, além de se observar uma redução dos preços internacionais”, comenta.

Ela acrescenta que no último ano foi observado que alguns produtos têm influenciado a alta do custo da cesta básica, como o leite, farinha de trigo, pão francês, café, margarina, óleo de soja, batata, tomate. “Para alguns deles já foram observadas reduções, como o tomate, que tem uma variação muito sazonal, o óleo de soja e os outros também são esperados algumas reduções, mas que provavelmente não recuperem, pelo menos a curto prazo”, finaliza.

Da Redação

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