Papa Francisco tem infecção respiratória polimicrobiana e segue internado

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O Vaticano disse na segunda-feira, 17, que o papa Francisco, de 88 anos, está apresentando um “quadro clínico complexo”, que exigirá mais hospitalização. O pontífice argentino foi internado no Hospital Gemelli na última sexta-feira, 14, após uma semana de bronquite.

Conforme a agência de notícias italiana Ansa, o papa Francisco chegou ao Gemelli na sexta-feira sem muito fôlego devido à dificuldade respiratória ligada a um excesso de muco, e um tratamento “caseiro” para bronquite não havia dado os resultados esperados.

O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que os resultados dos exames realizados nos últimos dias indicam que o pontífice está sofrendo de uma “infecção respiratória polimicrobiana” que exigiu uma mudança adicional em sua terapia medicamentosa.

O que é a infecção respiratória polimicrobiana

Segundo o pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, o quadro de infecção respiratória polimicrobiana diagnosticado no papa indica a presença de múltiplos agentes patológicos. “Pode ser uma infecção viral seguida de uma bacteriana, ou até uma infecção causada por dois vírus. É possível ainda termos até a ação de duas bactérias”, explica o especialista.

Para ilustrar, ele conta de um caso que viu recentemente: “Tive um paciente que chegou com uma infecção por influenza e, em cima de uma pneumonia viral, desenvolveu uma pneumonia bacteriana. Ou seja, ele teve uma infecção bacteriana sobreposta a uma viral”.

“No caso do papa Francisco, o mais provável é que tenha começado com um quadro viral, seguido da identificação de uma bactéria, ou que tenham sido isoladas múltiplas bactérias ao mesmo tempo”, comenta o médico André Albuquerque, coordenador do setor de pneumologia na Rede D’Or São Paulo. “Esse tipo de infecção é mais comum em pessoas vulneráveis, como idosos, especialmente se houver doenças preexistentes, como cardiopatias, diabetes ou doenças pulmonares crônicas. Essas condições aumentam o risco de infecções mais graves e até polimicrobianas”, completa.

Embora os detalhes completos sobre a situação do papa não seja conhecidos, Fiss sugere que o diagnóstico prévio de bronquite pode ter influenciado no quadro atual. “Bronquite é um termo abrangente, que pode se referir a uma inflamação, infecção ou condição crônica. Não sabemos exatamente qual era o caso dele, mas é possível que a bronquite tenha contribuído para o quadro multifatorial”.

Fiss destaca que a idade avançada do papa é um fator de preocupação. “Pacientes mais velhos têm a imunidade comprometida, o que os torna mais vulneráveis a infecções respiratórias graves. Quando há combinação de diferentes tipos de infecções, o risco de complicações se eleva consideravelmente”, descreve o médico. Além disso, ele reforça que a presença de comorbidades entra como outro agravante – como o histórico do papa de ter perdido parte do pulmão devido a uma infecção respiratória.

O especialista do Oswaldo Cruz explica que, geralmente, os sintomas da infecção respiratória polimicrobiana incluem febre, tosse, falta de ar e chiado no peito. Porém, esses sinais podem variar conforme o tipo e a gravidade da infecção. O tratamento, segundo ele, deve ser direcionado a combater os agentes causadores do quadro, o que envolve, a depender do caso, o uso de antibióticos, antivirais ou antifúngicos – além de suporte ventilatório quando necessário.

A recuperação do Papa depende de vários fatores, incluindo o tipo de agente causador e a resposta do organismo ao tratamento. “Embora um paciente jovem e saudável possa se recuperar sem sequelas, a recuperação de um paciente idoso é mais desafiadora. O objetivo principal é garantir a recuperação total. Em alguns casos, as infecções respiratórias podem deixar sequelas, como fibrose pulmonar. Mas, no caso do Papa, ainda é cedo para afirmar qualquer coisa”, afirma Fiss.

Histórico de problemas de saúde

O papa tem enfrentado problemas de saúde há muito tempo, incluindo episódios prolongados de bronquite. Durante a Santa Missa do Jubileu das Forças Armadas, no último domingo, 9, o pontífice pediu para um assistente ler o discurso por conta de dificuldades respiratórias.

Ele usa um andador ou bengala para se mover. Em janeiro, sofreu uma queda em sua casa e machucou o braço direito. Na ocasião, teve de imobilizar o braço por precaução.

Antes disso, o Papa já havia aparecido com um hematoma após bater o queixo em sua mesinha de cabeceira. Ele também tem utilizado cadeira de rodas para se movimentar. (Com informações da AP)

Por Victória Ribeiro

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