Paraná investe R$ 28 milhões em pesquisas de áreas prioritárias da saúde
O Governo do Estado investiu cerca de R$ 28 milhões em quase 340 projetos voltados para pesquisas na área da saúde, com foco na gestão compartilhada de ações no País e na aproximação dos sistemas de saúde, tecnologia e inovação. Os financiamentos integram o Programa Pesquisa para o Sistema Único de Saúde: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS).
Os recursos foram disponibilizados por meio de nove chamadas públicas da Fundação Araucária, entre 2004 e 2020. O programa é uma parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, Decit/MS (Departamento de Ciência e Tecnologia) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ambos vinculados à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde.
O PPSUS é uma iniciativa de descentralização do fomento à pesquisa em saúde que prioriza a gestão compartilhada de ações, por meio da parceria entre instâncias estaduais de saúde e de ciência e tecnologia – C&T, financiando pesquisas em temas prioritários na área, capazes de dar resposta aos principais problemas de saúde da população, que necessitam do conhecimento científico para sua resolução.
“O objetivo do PPSUS é financiar pesquisas na área da saúde da população, contribuindo para a redução das desigualdades regionais no campo da ciência, tecnologia e inovação. Por meio deste programa torna-se possível promover a aproximação dos sistemas de saúde, ciência e tecnologia em todo o Brasil e, principalmente, no Paraná”, destacou a coordenadora do PPSUS na Fundação Araucária, Priscila Tsupal.
COVID-19 – Dos 40 projetos aprovados na chamada pública 11/2020, dez estão diretamente relacionados às ações estratégicas do enfrentamento à Covid-19 no Paraná.
Um deles é coordenado pelo professor da Unicesumar Braulio Henrique Magnani Branco. A pesquisa apresenta informações que reforçam a necessidade da promoção da saúde, com estímulo à prática de atividade física e alimentação saudável, a fim de manter os indicadores de saúde, como o percentual de gordura corporal, a aptidão cardiorrespiratória e o controle hemodinâmico dentro dos padrões de normalidade. O propósito é estimular a resposta imune e fortalecer o organismo frente a possíveis infecções.
Nesse projeto foi avaliada a composição corporal, aptidão cardiorrespiratória (com análise direta das trocas gasosas) e respostas hemodinâmicas de 171 pessoas que contraíram a Covid-19. Verificou-se que a maioria dos pacientes acometidos pelo coronavírus que já praticavam exercícios e cuidavam da alimentação não precisaram ser hospitalizados e tiveram uma recuperação mais rápida e efetiva.
As respostas do estudo “Composição corporal e aptidão cardiorrespiratória em pessoas com excesso de peso ou obesidade pós-Covid-19: um estudo comparativo” foram publicadas na revista Frontiers in Physiology. “Os recursos da Fundação Araucária foram fundamentais para a realização do presente estudo. Sem esse investimento seria impossível realizar esse trabalho, visto que tivemos subsídios com bolsas, reagentes e equipamentos que nos permitiram conduzir nossa pesquisa”, ressaltou o pesquisador.
De acordo com o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, o programa é uma das principais iniciativas na área da saúde por vários motivos. Entre os principais, destaca, está a saúde ser uma área prioritária. “A segunda razão é a forma pela qual o PPSUS é organizado, pois acaba oferecendo atenção maior à pesquisa aplicada, que hoje é uma das melhores formas de interação entre as universidades e a população, envolvendo a C,T&I”, disse.
Outro ponto relevante, acrescenta Spinosa, é o formato das pesquisas englobadas pelo PPSUS. “Ele vai ao encontro ao conceito dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação, que utiliza dos mais variados atores para que a aplicabilidade das ações seja mais efetiva”, ressaltou.
AGROTÓXICOS – Outro projeto de destaque no programa e financiado por meio de chamada pública da Fundação Araucária é o coordenado pela professora da Unioeste Carolina Panis, apresentado no Seminário Estadual de Avaliação Final, em março de 2022. Trata-se de pesquisa referente à associação entre a exposição ocupacional continuada aos agrotóxicos e os elevados índices de câncer de mama identificados na população rural.
Foram englobadas mulheres dos 27 municípios que responderam questionários para que fosse possível identificar como elas são expostas aos pesticidas e, a partir disso, foi realizada uma análise do nível de incidência e de agressividade da doença. Os primeiros dados identificaram que existe um índice elevado da doença.
“O financiamento da Fundação Araucária foi um divisor de águas, pois foi só depois da entrada deste recurso que nós conseguimos alavancar e responder as perguntas que tínhamos em aberto. O papel da Araucária no nosso Estado é elementar, porque foi a partir deste investimento que consegui caminhar profissionalmente e adquirir colaborações internacionais”, disse Carolina.
Da AEN