Patinetes elétricos: uso responsável e com segurança no trânsito
Os patinetes são a última tendência da nova mobilidade. Eles e as bicicletas elétricas são vistos como uma opção mais prática de deslocamento pela cidade nos últimos anos. Além de serem utilizados como meio de transporte, os patinetes também são uma fonte de lazer e recreação para pessoas de todas as idades.
Por outro lado, há preocupação com a segurança de quem usa os patinetes, que são pequenos, tem menor centro de gravidade do que as bicicletas, rodam em velocidades relativamente altas, por vezes quebram inesperadamente e expõem os usuários em conflitos com veículos ou pedestres.
Os pais da estudante Anallu Emidio da Silva decidiram comprar um patinete logo que a filha começou a trabalhar. Ela conta que o seu emprego é longe e a locomoção com o patinete evita que os pais a levassem e a buscassem todos os dias. “O meu horário de saída da escola é próximo a entrada do trabalho. Com isso, o patinete tornou-se o meio de transporte mais rápido e fácil”.
Anallu utiliza o patinete há cinco meses. “Ele é um meio de transporte rápido e econômico. Porém, isso não significa que é o meio seguro de locomoção. É semelhante a uma motocicleta, o que pode auxiliar na proteção? O capacete!”.
A estudante revela que já pensou em desistir de andar de patinete. “É perigoso e é preciso ter cautela ao andar com ele. Já presenciei vários acidentes de trânsito com patinete e tive conhecimento de outros, inclusive com amiga. Então é algo que ainda mexe muito comigo, é muito complicado, enfim. Eu penso em desistir de andar de patinete e nos riscos que enfrento. Porém, eu preciso dele todo o dia e apesar de ser um meio de transporte perigoso é algo rápido”.
Os pais Nelson e Lucimara enfatizam que diariamente, a jovem adota medidas preventivas, como fazer o uso do capacete, conferir se a bateria do patinete está carregada e, principalmente, manter a cautela ao transitar. “Orientações de segurança deveriam acontecer nas escolas, como a promoção de palestras, as quais expliquem os motivos que as proteções são importantes e devem ser usadas”, salienta os pais de Anallu.
LEGISLAÇÃO – De acordo com o diretor do Centro de Formação de Condutores (CFC) e criador do método DIS, palestrante e instrutor de treinamentos Rodrigo Lisowski, a Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) nº 996/2023 dispõe sobre o trânsito, em via pública, de ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos de mobilidade individual autopropelidos (patinetes).
Lisowski explica que conforme a legislação, o patinete possui as seguintes características: dotado ou não de sistema de autoequilíbrio que estabiliza dinamicamente o equipamento inerentemente instável por meio de sistema de controle auxiliar composto por giroscópio e acelerômetro e provido de motor de propulsão com potência nominal máxima de até 1000 W (mil watts). Além disso, ele possui uma velocidade máxima de fabricação não superior a 32 km/h e largura não superior a 70 cm e distância entre eixos de até 130 cm.
CONSCIENTIZAÇÃO – O diretor do CFC relata que houve um crescimento deste mercado nos últimos anos. “Acredito que pela praticidade, valor, acessibilidade e por ainda não necessitar de CNH ou ACC. Em contrapartida, não existe treinamento específico para o uso do patinete”.
Lisowski defende a conscientização para o uso do patinete e ela pode ser feita através de palestras nas escolas ou blitz educativas em locais de maior concentração de trânsito de patinetes. “Trata-se de um compromisso social do comércio que vende estes autopropelidos na questão de orientação na hora da venda, entre outras atividades”.
Na ocasião, ele salienta que desenvolve o projeto chamado DIS – Direção Inteligente e Segura que foca trabalhar comportamentos e gestão da Inteligência Emocional de pessoas voltado ao trânsito. “E um dos movimentos é ministrar palestras em escolas e faculdades sobre este assunto tão importante”.
SEGURANÇA – Outra orientação do diretor do CFC é ler atentamente o manual do fabricante do patinete. “É preciso entender como funciona este veículo e seus comandos. Além disso, no começo, o cidadão pode andar em lugares tranquilos, como em parques. Assim, ele adquire habilidade e conhecimento prático sobre o autopropelido patinete”.
Lisowski destaca que ao transitar o usuário do patinete precisa ter atenção e consciência de que está dividindo espaços com pedestres, ciclistas, entre outros. Outra recomendação é nunca utilizar celular ou fones de ouvido para que possa estar sintonizado com o ambiente e o trânsito.
“Os patinetes podem transitar por calçadas e ciclovias, porém precisam respeitar a velocidade. Nas calçadas com pedestres, o patinete não pode passar de 6km/h e ciclovias 20km/h. A utilização nas vias destinadas ao tráfego de veículos só será permitida quando a velocidade regulamentada na via for de até 40 km/h”, informa o diretor.
Ainda como uma ação de prevenção é a fiscalização. “Essa atividade pode ser feita pelas autoridades de trânsito municipais, estaduais ou federais. Existem equipamentos obrigatórios como (indicador de velocidade, campainha, sinalização noturna traseira, dianteira e lateral). Os patinetes precisam respeitar a velocidade das vias urbanas e andar nos mesmos espaços destinados as bicicletas”, pontua Lisowski.
SOCIAL – Segundo o palestrante, o trânsito é um palco social e precisa ser levado a sério. Estar inserido ao trânsito não é uma escolha. “Todos, sem exceção, estamos em trânsito em algum momento do dia. Desde a gestação até a fase adulta estamos em trânsito! Sendo assim por que uma pessoa só tem orientação ou formação quando passa pelo processo de habilitação? A cultura de segurança no trânsito não pode ser apenas um evento, deve ser um processo”, salienta.
Lisowski afirma que traz esta reflexão para que possa culturalmente falar mais, debater sobre trânsito dentro da família inicialmente e seguindo por escolas, faculdades ou empresas. “De forma que criemos uma cultura de segurança de trânsito mais sólida e, consequentemente, tenhamos pessoas mais responsáveis, conscientes e gentis”.
Da Redação
TOLEDO