Pesquisa revela que população da Região Sul está mais sensível à importância do oceano

Enquanto metade da população brasileira compreende que o oceano impacta diretamente sua vida e outros 21% acreditam que esse impacto é indireto, 88% da população da região Sul do País demonstram ter esse entendimento – 65% direto e 23% indireto. Por outro lado, enquanto 26% dos brasileiros dizem que os mares não impactam em nada, apenas 8% dos paranaenses, catarinenses e gaúchos acreditam que o impacto seja nulo. Dados regionalizados da pesquisa Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar mostram que o Sul do Brasil tem maior consciência sobre a sua conexão com o oceano, já que ele impacta de alguma forma todas as pessoas do planeta.

Nas demais regiões, o impacto direto e indireto do oceano na vida da população é percebido assim: Sudeste (70%), Nordeste (63%), Norte (71%) e Centro-Oeste (76%). A pesquisa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com UNESCO e Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) ouviu 2 mil pessoas, homens e mulheres entre 18 e 64 anos, de todas as classes sociais, em municípios das cinco regiões do País. 

“A pesquisa nos permite compreender a relação das pessoas com ambientes costeiros e marinhos em todo o País e como a sociedade entende a influência do oceano no seu dia a dia. Também nos mostra como o brasileiro percebe os impactos de suas ações e seus hábitos. Além disso, buscamos identificar como as pessoas estão dispostas a adotar novos comportamentos em favor dos ambientes marinhos”, explica Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário. “Entendemos que há uma grande lacuna de conhecimento sobre o oceano e seus ambientes, mas precisamos que todos entendam que a nossa conexão com o oceano já existe, independentemente de estarmos ou não próximos do mar”, completa Malu.

Quando questionados sobre o impacto que cada pessoa provoca nos mares, a população do Sul também se mostra mais consciente sobre suas atitudes. Enquanto 58% dos brasileiros como um todo entendem que suas ações impactam direta ou indiretamente a saúde do oceano e outros 40% afirmam não impactar em nada, no Sul, esses números ficam em 69% e 25%, respectivamente. O descarte incorreto do lixo e a poluição são os impactos mais mencionados.

Disposição para mudar

O estudo trouxe ainda informações sobre hábitos e comportamentos da população que geram impacto no meio ambiente, como a escolha e consumo de produtos mais sustentáveis; a disposição para reduzir o uso de plásticos, embalagens, canudos e copos plásticos descartáveis; e a busca por informações sobre a procedência dos alimentos que vêm do mar. Na região Sul, a priorização de produtos com menor impacto ambiental, por exemplo, é sempre ou quase sempre adotada por 53% das pessoas, enquanto 59% evitam compras que não necessitam e 21% usam ou priorizam a energia renovável e menos poluente.

A pesquisa nacional apontou que 82,2% dos brasileiros mostram-se dispostos a mudar hábitos pelo oceano. Em uma escala de 0 a 10, essa intenção atinge média nacional de 8,3. Na região Sul, a avaliação ficou em 8,6. Notas entre 9 e 10, que indicam grande disposição para mudar comportamentos, concentram 57,4% das respostas em todo o Brasil. Ao regionalizarmos, esse porcentual sobe para 63,9% entre os respondentes do Sul. No quadro nacional, para 57% dos entrevistados, a melhor forma de atuar em favor da conservação do oceano é pela comunicação, engajando-se como apoiador e/ou agente de divulgação (59% no Sul). Outros 25% mostraram-se dispostos a colocar a mão na massa pela mudança (29% no Sul) e 17% (9% no Sul) dizem não estar abertos a qualquer mudança.

Turismo sustentável

A ligação do mar com o turismo é praticamente imediata. Viagens para o litoral chegam a motivar cinco em cada 10 brasileiros, segundo a PNAD Contínua Turismo 2020-2021 (IBGE), divulgada em julho do ano passado. “O turismo em áreas naturais tem grande força no Brasil, atraindo brasileiros e estrangeiros. Nosso país é reconhecido pelas belas paisagens e praias. Entender como esse turismo ocorre é de extrema importância para inibirmos a prática predatória, que coloca em risco ecossistemas e a biodiversidade. Esse resultado destaca o desafio de desenvolver uma cultura oceânica que engaje e demonstre como isso pode ser feito, reforçando como este ambiente influencia e é influenciado pelas ações da sociedade”, afirma Fábio Eon, coordenador de Ciências da UNESCO Brasil. 

O estudo Oceano sem Mistérios identificou também que 79% da população do Sul diz ser adepta do turismo responsável, acima dos 68% da média nacional. A pesquisa mostra ainda que 98% dos moradores do Sul já visitaram praias, no entanto, uma parcela da população da região diz nunca ter estado em outros ecossistemas marinhos, como recifes de corais (79% nunca visitaram), falésias (68%), estuários (56%), restingas (55%), dunas (39%) e costões rochosos (31%). 

Ao escolher o litoral para descansar, divertir-se e recarregar as baterias, paranaenses, catarinenses e gaúchos seguem o padrão da maioria dos brasileiros. Aproveitam para mergulhar e curtir as ondas (47%), caminhar (38%), praticar esportes (20%), admirar a paisagem (17%), tomar banho de sol (12%).

Todos dependemos do oceano

O oceano abriga a maior biodiversidade do planeta e é fundamental para a regulação do clima, pois absorve mais de 30% das emissões de dióxido de carbono (CO2) e 90% do excesso de calor gerado pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa. “O oceano contribui diretamente com cerca de US$1,5 trilhão para a economia mundial, sendo que apenas o setor de alimentos gera em torno de 237 milhões de empregos no mundo”, frisa Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), copresidente do Grupo Assessor de Comunicação para a Década do Oceano da Unesco.

O especialista enfatiza a importância de informar e conscientizar a sociedade sobre a influência do oceano na vida de todos. “Os mares geram alimentos, energia, minerais, fármacos e milhões de empregos ao redor do mundo em diferentes atividades econômicas. São imprescindíveis para o transporte e o comércio internacional, além de importantes para o nosso lazer e bem-estar. Cuidar do oceano é cuidar da nossa saúde”, salienta Christofoletti.

Nesse caminho, a ONU declarou o período de 2021 a 2030 como a Década do Oceano, que tem como um dos principais objetivos, justamente, incentivar a geração de conhecimento para a sociedade. A pesquisa aponta, porém, que apenas 0,3% dos brasileiros estão informados sobre a Década, enquanto 6% apenas ouviram falar sobre o assunto e 93% ainda não conhecem nada sobre o tema, o que demonstra a importância da comunicação para mudar essa realidade. “O estado de conservação do oceano é bastante preocupante. Uma avaliação global da ONU mostrou que precisamos de ações urgentes para reverter o quadro de degradação e ameaça à biodiversidade e aos ecossistemas”, alerta Fábio Eon, coordenador de Ciências da UNESCO Brasil.

Mais sobre a pesquisa

O levantamento foi realizado pela Zoom Inteligência em Pesquisas. Foram 2 mil entrevistados, dos quais 270 residem na região Sul. Entre os respondentes, 62% vivem em capitais e 41%, em cidades litorâneas. A margem de erro é de 2,2%, com nível de confiança de 95%. A publicação “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar” está disponível para download aqui.

Sobre a Fundação Grupo Boticário

Com 32 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Já apoiou cerca de 1.600 iniciativas em todos os biomas no País. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. Sites: www.fundacaogrupoboticario.org.br | www.grupoboticario.com.br | Redes sociais: @fundacaogrupoboticario

Sobre a Rede de Especialistas

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes em www.fundacaogrupoboticario.org.br .

Tamer Comunicação

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