Plantio da safra 2023/24 inicia na Regional de Toledo com boas estimativas

O tempo firme dos últimos dias tem favorecido a semeadura da soja na região Oeste. Com o término do vazio sanitário, no dia 10 de setembro, os produtores de soja intensificaram os trabalhos no campo. De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), cerca de 30% da área destinada ao grão na Regional de Toledo já está semeada.

Na safra 2023/24, a área da soja representa 490 mil hectares e a projeção é colher 1.764.000 toneladas, com uma produtividade de 3.600 quilos por hectare. Em todo o estado, a estimativa é que sejam plantados 5,8 milhões de hectares de soja nesta safra, segundo o Boletim de Conjuntura Agropecuária do Deral (36/2023), divulgado na semana passada.

Já produção esperada é de 21,9 milhões de toneladas, um pouco abaixo da safra anterior, que foi recorde. “Temos uma boa estimativa para a soja e se as condições permanecerem favoráveis, com chuvas dentro da normalidade, poderemos alcançar esses dados. Os produtores estão bem otimista com essa safra”, comenta o técnico do Deral Paulo Oliva.

O profissional explica que um fator para essa projeção positiva está relacionada com o fenômeno El Niño. “Estamos vindo de três anos com influência do fenômeno La Niña que afetou muito a produção regional com chuvas irregulares, principalmente. A agora, a previsão é de que com o El Niño possamos ter uma produção cheia se o clima se mantiver em condições regulares também”, acrescenta.

MILHO – A colheita da segunda safra de milho da temporada 2022/23 evoluiu durante as últimas semana e na Regional de Toledo, praticamente toda a área de 447.328 hectares foi encerrada. A estimativa inicial era colher aproximadamente 2.700.000 toneladas. “Estamos contabilizando os dados e o fechamento da safra será no próximo mês, mas estamos confiantes porque tivemos um ótimo período que refletiu positivamente na safra do milho”.

Oliva reforça que as lavouras do milho safrinha não sofreram interferências climáticas. Com um inverno praticamente sem geadas, o clima foi favorável para o desenvolvimento das plantas. Em todo o Paraná, a produção esperada da segunda safra de milho é de 13,98 milhões de toneladas, a maior safra da história para o período. Neste momento restam apenas 260 mil hectares a serem colhidos e quase metade dessa área está situada na região norte do Paraná, que normalmente planta mais tarde a cultura

Em relação à primeira safra 2023/24, no Paraná o plantio chegou a 42% e está num ritmo mais intenso quando comparado as safras anteriores. O mercado do milho apresenta quedas na cotação. Na última semana, o preço recebido pelo produtor pela saca de 60 kg foi cotado inferior a R$ 44,00. A cotação atual é em torno de 42% menor que o fechamento de setembro de 2022.

TRIGO – Por sua vez, o clima não foi muito favorável para a cultura do trigo na região Oeste. O técnico do Deral Paulo Oliva pontua que o clima atípico deste inverno, mais quente, favoreceu o surgimento de doenças como a giberela e a bruzone que afetam na produtividade da lavoura. “O trigo é uma cultura de inverno, necessita de frio, mas tivemos uma estação com altas temperaturas e isso afetou o rendimento da produção e favoreceu o surgimento de algumas doenças. Esperávamos colher 3 mil quilos por hectare, mas estamos contabilizando no momento 2.400 quilos por hectare. Contudo, essa redução não tem impacto a nível de estado porque a nossa produção ainda é muito pequena”.

Na Regional de Toledo, a área do trigo representa 24.700 hectares. A projeção inicial era colher 74.100 toneladas. Os últimos dados apontam uma estimativa de 59.280 toneladas. A colheita do trigo está na fase de conclusão. Cerca de 85% das lavouras já foram encerradas.

“O Paraná é o estado mais ‘duro’ no Brasil com as questões sanitárias”, afirma secretário

Ortigara visitou Toledo na última sexta-feira (15) – Foto: Graciela Souza

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, na sexta-feira (15), a Portaria 886, que regionaliza a semeadura da soja no Paraná. Com isso, a semeadura estará dividida em três regiões, com calendários específicos, com períodos de 100 a 120 dias contínuos para que os produtores rurais possam realizar o plantio.

A alteração aconteceu após o pedido da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), que apresentou argumentos contrários à Portaria 840, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Mapa, que alterou o calendário de plantio para a safra 2023/24, encurtando a janela para 100 dias.

Neste cenário, os produtores do Paraná poderiam semear as lavouras apenas entre 11 de setembro e 19 de dezembro. Além da Faep, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep) também solicitaram a volta do calendário com 140 dias.

O Mapa argumenta que o calendário foi encurtado como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário da soja, na tentativa de reduzir a disseminação da ferrugem asiática. Além disso, as janelas de semeadura foram definidas a partir da análise de dados do Consórcio Antiferrugem, que detectou o aumento expressivo de casos da doença, conforme relatórios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

CALENDÁRIOS – Com o calendário regionalizado, a semeadura da soja no Paraná vai estar dividida em três regiões, com calendários específicos, com períodos de 100 a 120 dias contínuos para que os produtores rurais possam realizar o plantio.

O secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Norberto Ortigara esteve, em Toledo, na última sexta-feira (15), e abordou esse assunto. Segundo ele, o Paraná é o estado mais ‘duro’ no Brasil com as questões sanitárias. “Nós temos uma agricultura boa, competente e de resultado. Sempre primamos por princípios técnicos e buscamos fazer a melhor agricultura”.

Há 16 anos, o Paraná luta no enfrentamento da ferrugem asiática da soja. Ortigara pontua que o estado foi o primeiro a ter o vazio sanitário. “Também aderimos o Consórcio Antiferrugem e a desacelerar o processo de perda de eficácia das moléculas, pois não estava acompanhando a evolução da doença”.

Sobre a última decisão do Mapa, o secretário evidencia que o Paraná possui vários ambientes, porém o Estado foi surpreendido com essa medida encurtando em 43 dias o calendário de plantio. “Desde o dia 7 de julho, estávamos trabalhando com o Mapa e com a Secretaria de Defesa Agropecuária, tentando reestabelecer o prazo e permitindo que regiões conseguissem participar do processo de produção”.

Com o prazo estendido até 18 de janeiro do próximo ano, Ortigara explica que a decisão não atende a todos os produtores, porém essa safra precisa seguir essa decisão. “Os agricultores possuem prazo para planejamento, comprar insumos e realizar as definições. Para essa safra, os prazos estão definidos”.

No entanto, o processo é dinâmico. De acordo com o secretário, é preciso também acompanhar a evolução da doença ferrugem asiática nesta safra. “Precisamos ser duros no combate e compreender a realidade de cada região ou estado. Um esforço coletivo dos três estados proporcionou essa mudança de postura do Mapa. A decisão permitirá que faça uma safra boa na maior cultura do Brasil”, finaliza o secretário.

Da Redação

TOLEDO

...
Você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.