Policiais recebem capacitação para combater crimes rurais e de abigeato

A manhã de terça-feira, 27 de agosto, foi de conhecimento e troca de experiências na sede da Federação das Associações dos Criadores de Animais de Raça (Febrac), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). A entidade sediou um seminário focado na segurança no campo e crimes de abigeato, com o objetivo de especializar policiais civis e militares no combate a essa atividade. A cerimônia de abertura contou com a presença do governador Eduardo Leite, do Secretário Estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, do deputado estadual Frederico Antunes, do presidente da Febrac, Marcos Tang, e da presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antonia Scalzilli. Eduardo Leite anunciou aos policiais e produtores presentes que foi criada a Divisão de Investigação dos Crimes Rurais e Abigeato, dentro do Departamento de Polícia do Interior.

A primeira palestra do dia foi do delegado André de Matos Mendes, que integra a força-tarefa da Polícia Civil que combate crimes rurais. O tema foi focado na investigação especializada. Mendes mostrou imagens de animais abatidos por criminosos, inclusive vacas prenhas. Ele ressaltou que, quando o policial entra na academia, nunca veria naquela cena um local de crime. “Assim como o policial usa de gírias e uma certa malandragem para conseguir uma informação, a gente precisa entender o linguajar do campo e se integrar a este público”, destacou o delegado.

Ainda pela manhã, falou o coronel André Luiz Stein, do Comando Regional de Polícia Ostensiva Extremo Oeste. Ele falou sobre exigências necessárias para que seja criada uma patrulha rural ideal. O coronel destacou que é fundamental que o policial tenha conhecimento sobre a rotina do campo, não se importe em botar o pé no barro e passar muitas horas em campana. Outro destaque foi em relação aos equipamentos, como armamento mais pesado e viaturas que aguentem trafegar em terreno irregular. Stein também falou a respeito do relacionamento com o morador da área rural, que requer atenção especial. “O policial tem que se fazer acreditar, buscar credibilidade para que consigamos obter a informação tão necessária para darmos uma resposta efetiva a este público”, pontuou.

Tirar fotos dos seus bens para facilitar a identificação em casos de furto ou roubo foi a dica que o policial federal Ronaldo Becker Brito deu aos participantes do seminário. Ele apresentou o aplicativo SinalAgro, da instituição, onde pode ser registrado roubo e/ou furto nas propriedades. “Salvem marca, modelo, ano de suas máquinas, se tiver defensivo agrícola, verifique o nome e os dados”, alertou o policial.

O subcomandante da Brigada Militar, coronel Douglas Soares, ressaltou a necessidade de se ter um olhar cuidadoso para com o agronegócio. “Já conseguimos grandes avanços e agora a gente precisa especializar essas pessoas que estão trabalhando, principalmente o efetivo da Brigada Militar, para ter melhores e maiores resultados ainda”, afirmou.

No turno da tarde, os policiais civis e militares ouviram o relato da Vigilância Sanitária sobre ações de fiscalização. Foram apresentadas imagens fortes sobre abates irregulares e venda de produtos sem procedência. Na sequência, foi explicado como produtos com embalagens similares e até o mesmo princípio ativo podem ser agrotóxicos ou não. O combate ilegal de produtos e insumos agrícolas também fez parte do curso, bem como o relato sobre ações e estratégias da Brigada Militar no combate aos crimes rurais. O tema de encerramento foi a visão prática de como agentes da segurança pública podem identificar as marcas no gado. Esse reconhecimento é especialmente importante para caracterizar que efetivamente tenha ocorrido um crime, dando materialidade ao fato e até mesmo poder restituir animais aos proprietários.

A capacitação foi organizada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Desenvolve Pecuária e apoio da Federação das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac). A presidente do Instituto, Antonia Scalzilli, disse que não poderiam deixar passar a oportunidade de, mais uma vez, trazer essa pauta, que é tão relevante. Ela ressaltou que, em 2023, o governo do Estado havia anunciado a alteração nas estruturas de combate aos crimes rurais e de abigeato e que, na abertura do evento, o governador Eduardo Leite fez novo anúncio, o da criação da divisão especializada. “A gente sabe o quanto é importante essa interlocução entre as polícias, entre as instituições de segurança e aqui qualificar o time que trabalha na ponta. São expertises muito particulares e a gente precisa que esse conhecimento seja aumentado, seja difundido”, avaliou a dirigente. Antonia também citou a possibilidade de realizar, de forma itinerante, outros eventos de capacitação pelo Rio Grande do Sul e finalizou, dizendo que, apesar das estatísticas mostrarem redução nos crimes, é preciso garantir a sensação de segurança das pessoas.

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