Por falta de ordem judicial, agressor de Elizandra da Rosa continua solto

Espancada violentamente na cabeça pelo ex-convivente com um pedaço de madeira, no dia 7 de janeiro, ela faleceu ontem (16), em Guarapuava. Mesmo após apresentar-se na delegacia o autor foi solto porque não havia mandado judicial contra ele

Depois de ficar dois anos sem um caso de feminicídio na comarca de Laranjeiras, a região já sofreu dois nos primeiros quinze dias do ano. Um e Laranjeiras do Sul e outro em Rio Bonito do Iguaçu.
Elizandra
No dia 7 de janeiro, Elizandra de Fátima da Rosa, de 38 anos, foi agredida pelo ex-convivente, de inicial J., em um episódio de violência que resultou na sua morte após uma semana de internamento na UTI.
O crime aconteceu durante a noite, quando Elizandra caminhava pela cidade. Segundo relato de pessoas próximas, ao visitar um amigo, ela foi surpreendida por J., seu ex-namorado, que a seguia secretamente. O homem a abordou com agressões verbais, evoluindo para violência física com o uso de uma madeira.
Infelizmente, Elizandra faleceu na manhã de ontem (16), no Hospital São Vicente de Paulo de Guarapuava, onde estava internada desde o ocorrido.
A vítima era mãe de três filhos, com idades de 22, 17 e 5 anos, que agora são órfãos de mãe.

FALTA DE MANDADO – O autor da violenta agressão que culminou com a morte de Elizandra, depois de fugir do flagrante, se apresentou na última semana, teve seu depoimento recolhido e foi solto.
O delegado de Laranjeiras do Sul, Marcelo Trevisan, revelou que, apesar da gravidade do crime, J não foi preso devido à ausência de ordem judicial e à inexistência de flagrante. Mesmo após se apresentar à polícia e confessar o crime, ele permanece em liberdade. “É preciso lembrar que desde a constituição de 1988, no Brasil, a polícia só pode prender nestes dois casos: ou é flagrante ou a justiça emite um mandado judicial”, disse o delegado.

Depoimentos
Amigos e conhecidos da vítima procuraram o jornal Correio para revelar sua indignação com a impunidade do crime e afirmam que a vítima era uma pessoa que trabalhava com diarista de segunda a sábado, todas as manhãs e tardes, para levar o sustento da família. “Era uma mulher alegre, de bem com a vida, mesmo diante das dificuldades. Essa era a Eli, pessoa do bem, que só queria viver e tentar ser feliz junto dos três filhos”, disse um amigo da vítima.
Ele se pergunta o porquê, de mesmo com todas essas notícias de feminicídio bombardeando todos os dias, os casos vêm aumentando. “Precisamos lutar contra esse crime diariamente. Diante dessa atrocidade, não podemos ser complacentes com tamanho desrespeito e banalização da vida.
Devemos expressar nossa solidariedade aos familiares das vítimas, na certeza de que a justiça será feita. Ou vamos esperar a próxima a ser morta apenas por ser mulher?”, questiona outra fonte.
O jornal fez contato com escritório do suposto do advogado de J, mas ele está de férias. O caso de Rio Bonito ainda está sendo apurado.

FONTE: Jornal Correio do Povo

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