Preço do ovo dispara às véspera da Quaresma

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Uma das proteínas mais completas e mais populares na mesa do brasileiro, tem chegado nos supermercados nas últimas semanas com um valor pouco atrativo. O preço dos ovos de galinha tem preocupado o consumidor, ainda mais com a proximidade da Quaresma, período em que os fiéis católicos se abstém da carne vermelha e aumentam o consumo deste alimento.

Em Toledo, no mês de janeiro a cartela com 30 ovos de galinha estava sendo comercializada a R$ 27,99 em uma rede de supermercados. Na última quinta-feira (27), o produto já estava com o valor de R$ 32. A responsável pelo Departamento de Compras do setor de hortifrúti da rede, Roseli Tavares comenta que o aumento tem sido observado desde o início do ano.

“Começo do ano teve uma redução na produção e também a exportação dos ovos de galinha estão influenciando no preço dentro do país. Já recebemos o produto com valor alto e o repasse já é com margem apertada. Alguns fornecedores, inclusive, estipulam uma quantidade para compra. Até o final da Quaresma não temos previsão de redução no preço do ovos”, pontua.

ALERTA – A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) emitiu uma nota à imprensa alertando para o aumento expressivo no preço dos ovos de galinha repassado pelos fornecedores ao varejo. Segundo informações, desde a segunda quinzena de janeiro, a combinação de alta demanda e oferta restrita tem levado a reajustes significativos. Em fevereiro, a elevação já chega a 40% em diversas regiões do país.

Nos supermercados, além do impacto no bolso, os consumidores também enfrentam uma redução no peso médio dos ovos. De acordo com a nota, com a entrada em vigor da Portaria SDA nº 1.179, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, em 6 de setembro de 2024, a nova classificação diminuiu o peso médio dos ovos em quase dez gramas por unidade, afetando o custo benefício do produto.

DEMANDA – A professora e doutora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, Crislaine Colla, cita alguns fatores pontuados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) que são responsáveis pelo aumento do preço do ovo.

Entre eles o aumento no custo dos insumos, como aumento no preço do milho e farelo de soja, que são a base alimentar das galinhas poedeiras; fatores climáticos – é um período de calor significativo, o que também influencia na produção e o aumento da demanda. “Historicamente, o período de volta às aulas aumenta o consumo de ovos, assim como é o período que antecede a Quaresma, onde também tradicionalmente há um aumento no consumo de ovos. No geral, observou-se uma redução da oferta e um aumento da demanda, que ocasionou o aumento mais significativo”, acrescenta.

EXPORTAÇÃO – A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que em janeiro as exportações brasileiras de ovos totalizaram 2.357 toneladas. O número supera em 22,1% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 1.931 toneladas. Contudo, as exportações de ovos representam apenas 1% do total produzido internamente, relata a professora.

Ela esclarece que o que se observou recentemente é que houve um aumento muito significativo no preço do ovo nos Estados Unidos, impulsionado principalmente pelos surtos de gripe aviária, que resultaram na morte de milhares de galinhas e redução da oferta interna. “Embora se tenha observado um aumento das exportações de ovos para os Estados Unidos, ainda é cedo para afirmar que isso terá um impacto sobre os preços internos”.

Faltando menos de uma semana para o início da Quaresma, a dúvida é se o preço do ovos de galinha irão colaborar para o produto entrar no cardápio ou se o consumidor irá optar por proteínas alternativas. “A quaresma é um período em que tradicionalmente há um aumento da demanda de ovos e os especialistas indicam que até que se encerre esse período, os ovos devem se manter com valor mais alto”, conclui.

Da Redação

TOLEDO

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