Prematuridade: laços de amor que fazem a diferença

“Todo prematuro tem direito, uma vez atingidas as condições básicas de equilíbrio e vitalidade, ao amor materno, ao calor materno e ao leite materno, que lhe são oferecidos pelo Método Mãe Canguru”. A afirmação é da Declaração Universal para os Direitos do Bebê Prematuro, publicada em 2008, a qual resume o objetivo do Novembro Roxo: conscientizar a população sobre a prematuridade.

A necessidade da campanha decorre tanto dos riscos que o bebê e sua mãe apresentam quanto dos cuidados que são essenciais após o nascimento do filho prematuro. Ainda, o Novembro Roxo acolhe mães de bebês prematuros que passaram por dificuldades, como Jussara Nunes, que conta a sua experiência como mãe do Benício. “O Benício ficou 96 dias na UTI Neonatal e, em vários dias, precisou ficar entubado”, relata.

PREMATURIDADE – Segundo o Ministério da Saúde, anualmente, 340 mil bebês nascem prematuros no Brasil. O bebê é considerado prematuro quando nasce com menos de 37 semanas de gestação, conforme explica a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os riscos da prematuridade estão associados a diversas condições, como mulheres que já passaram por parto prematuro ou estão grávidas de gêmeos ou múltiplos.

A HISTÓRIA DE BENÍCIO – Jussara Nunes engravidou pela primeira vez aos 36 anos de idade. Durante a gestação, apresentou várias complicações. “Sangramento, hematoma no útero, placenta prévia, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia”, enumera. Como seu filho estava com restrição de crescimento, o médico responsável acreditava que ele nasceria prematuro.

No dia 2 de janeiro de 2022, às 09h40, Benício Brustolin Stroparo nasceu. “Não imaginava que seria tão cedo, mas acabou acontecendo”, expõe. Jussara conta que, ao constatar um sangramento, foi ao hospital. O sangramento foi causado pela Síndrome de HELPP, condição rara. Sua denominação representa um conjunto de alterações que acometem a gestante: hemólise (H), níveis elevados de enzimas hepáticas (EL) e contagem baixa de plaquetas (LP).

Benício, ao nascer, estava com 29 semanas de gestação e pesava 785 gramas. “Após seu nascimento perdeu mais peso, chegando a pesar 660 gramas”, relata a mãe. O bebê também nasceu com Fissura Labiopalatina Unilateral. Segundo Jussara, Benício apresentou várias complicações durante seu internamento na UTI Neonatal. “Hemorragia intracraniana de grau 1, insuficiência renal aguda, anemia, quando precisou de várias transfusões de sangue, pneumonia, quadro de sepse e retinopatia da prematuridade”, exemplifica.

A maior parte da internação de Benício foi em Cascavel, já que em Toledo, cidade natal do bebê, não havia especialista para o tratamento de insuficiência renal aguda. “Todos os dias na UTI, eu e meu marido sempre saíamos de lá dizendo pra ele: continue sendo forte e corajoso. E ele sempre foi e continua sendo”, comenta a mãe.

Para Jussara, o dia da alta foi uma alegria imensurável. “Eu não consigo descrever o que foi levar o nosso anjo guerreiro pra casa. Aquele dia se tornou inesquecível para todos nós”, afirma. A mãe relata que sentiu medo ao levá-lo para sua morada. “Primeiro os medos normais de mãe de primeira viagem, depois pelo risco de voltar para UTI”. Por isso, ela, seu marido e seu filho recém-nascido apenas saiam de casa em casos de consultas e exames. De início, também não receberam visitas. “Mas, graças a Deus, ele sempre foi forte e quase nunca ficou doente”, diz Jussara, aliviada.

Atualmente, Benício tem 10 meses, e pesa 7kg. Ele continua realizando acompanhamento médico, mas não apresenta nenhuma sequela e, segundo Jussara, está se desenvolvendo muito bem. “Cada conquista dele é motivo de muita festa. Ele nos mostra a cada dia como continua sendo forte e corajoso. Somos gratos a Deus por tantas bênçãos que recebemos neste ano”, conclui a mãe.

Por Thauana Marin Gottardi

TOLEDO

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