Procedimento complexo de reconstrução total de ATM é realizado no Policlínica
O centro cirúrgico do Policlínica Hospital de Cascavel foi palco de mais um procedimento complexo, desta vez de reconstrução total de ATM (Articulação Temporomandibular), realizado para devolver qualidade de vida da paciente com diagnóstico de bruxismo e lúpus.
A cirurgia que consiste em substituir a articulação comprometida por prótese é o último recurso utilizado, após tratamentos menos invasivos não surtirem efeito. O cirurgião bucomaxilofacial, Greison Rabelo de Oliveira (CRO/PR – 20695), responsável pelo caso, detalha o diagnóstico e evolução do quadro. “A paciente tem hoje 41 anos, e há pouco mais de um ano apresentou queixas de dores intensas nas articulações temporomandibulares. Com a realização de uma ressonância magnética observamos que o lado esquerdo já tinha as estruturas intra-articulares comprometidas, o que demandou a primeira cirurgia na ATM esquerda para retirar o disco articular que estava completamente deformado e com uma perfuração enorme. Um procedimento adotado para amenizar a dor e evitar que seja necessário partir direto para uma cirurgia mais invasiva como as próteses. Só que a paciente acabou evoluindo com a mesma doença do lado direito. Tentamos postergar ao máximo a necessidade da cirurgia, foi feita toda a terapia de apoio com fisioterapeuta, placa, laserterapia, infiltrações nas articulações, mas não houve evolução positiva”, explica.
Próteses devolvem a qualidade de vida
Com o avanço da doença, a qualidade de vida da paciente ficou comprometida. As dores constantes e a alteração na mandíbula traziam dificuldades que impactavam na rotina. “Com esse processo degenerativo das articulações ela teve um agravamento, uma piora da mordida, a mandíbula foi para trás, o que causava dor e desconforto. E as próteses colocadas devolvem a mandíbula na posição anterior, para que a mordida dela fique correta e elimine as dores intra-articulares”, afirma.
Os dispositivos colocados na paciente se encaixam e fazem a função da articulação. “As próteses totais, que foram as colocadas na paciente, tem dois componentes, um que substitui a fossa articular na base do crânio e um outro componente que substitui a cabeça da mandíbula. O procedimento foi bilateral, ou seja, dos dois lados foi realizada a substituição completa da articulação dela”, esclarece.
O pós-operatório é tranquilo e rápido. É necessária fisioterapia e em uma semana a paciente já volta a mastigar, inicialmente alimentos cozidos e posteriormente alimentos mais sólidos.
Tecnologia à prova de erros
As próteses são compostas de dois materiais, o processo de fabricação é complexo e feito a várias mãos. “Primeiro fizemos uma tomografia computadorizada do crânio e copiamos todas as estruturas. Em um software é realizada a simulação da cirurgia, é removida parte do osso doente dos dois lados e então é construída a prótese ou um modelo tridimensional dela. Tudo é construído virtualmente, passa pelo engenheiro, projetista, vem pro cirurgião para ele aprovar e verificar se a adaptação está correta na anatomia. Após a aprovação é feita uma réplica da prótese em resina para nova aprovação do cirurgião e só depois desse processo todo é que as próteses são confeccionadas no material final. O titânio tem a capacidade de permitir a integração do osso na superfície e para evitar que isso ocorra sobre a articulação, é colocado um enxerto de gordura nesse local, porque ele serve como uma proteção dessa articulação”, ressalta.
A complexidade do procedimento exige uma equipe grande e especializada. A cirurgia em questão foi feita em parceria com o cirurgião bucomaxilofacial, Leandro Kluppel (CRO/PR 13976), que também atua como professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e acumula grande experiência na área.
Alerta para casos de bruxismo
O aumento de diagnósticos de bruxismo entre jovens tem chamado atenção dos profissionais, que alertam para a importância do diagnóstico precoce e tratamento. “Todos os colegas têm relatado que têm atendido cada vez mais jovens com queixa de bruxismo e esse quadro tem muita relação emocional. Pacientes em situação de estresse e sobrecarga que acabam gerando esse apertamento dental agravando esse bruxismo, que se não tratado chega a um caso extremo que demanda de cirurgia”, alerta.
A recomendação dos especialistas é que com a observação dos primeiros sintomas um profissional deve ser procurado. “Os primeiros sinais podem ser dores de cabeça, principalmente nas regiões laterais da cabeça, conhecida como cefaleia tensional. É comum o paciente relatar que acordou com a sensação de estar com os dentes moles, porque aperta tanto os dentes durante o sono e acorda com aquela pressão muito grande. Outro sinal é que os músculos da mastigação ficam muito doloridos ao toque, o que pode evoluir com a dificuldade de abertura da boca e estalidos. Esses são os primeiros sinais de quando o paciente começa a desenvolver essa DTM (disfunção temporomandibular) que, se não tratada, pode evoluir para uma doença degenerativa”, reforça.