Professor da Polônia analisa ações territoriais no mundo; Toledo é objeto da pesquisa

As alterações climáticas e a degradação do ambiente representam uma ameaça existencial para o planeta. Preocupados com o futuro que ficará para as próximas gerações, os países da União Europeia (EU), após estudos, deliberaram por um Pacto Ecológico Europeu, também conhecido como Green Deal, que na livre tradução significa Pacto Verde. O acordo prevê soluções práticas transformando a EU em uma economia moderna, eficiente na utilização dos recursos e competitiva.

O assunto foi debatido pelo professor universitário e pesquisador Pawel Wiechetek em sua visita a Toledo na semana passada. Docente da Universidade de Varsóvia, na Polônia, ele conta que tem observado no Pacto Verde uma movimentação de uma proposta de transformação socioambiental territorial e intersetorial semelhante a um trabalho desenvolvido na região Oeste do Paraná.

Pawel Wiechetek participa de uma rede de universidades na Europa. Ele é o representante da Universidade de Varsóvia e também trabalha com instituições francesas e algumas latino-americanas. O foco do seu trabalho é o desenvolvimento territorial. A partir de diferentes experimentos em diversas partes do mundo, ele observou diferentes convergências.

Wiechetek lembra que o trabalho que foi desenvolvido na região Oeste do Paraná, na Bacia do Paraná, foi um laboratório muito interessante. “O que foi testado aqui foi um trabalho diferenciado, porque a Itaipu incentivou a exercer o papel de articulador territorial para dar uma visão de longo prazo para unificar diferentes iniciativas no território”.

Ele pontua que em diversos partes do mundo há inúmeros projetos de boas práticas, mas com ações individualizadas. “Desenvolvem alto nível de excelência, porém não se articulam territorialmente para gerar uma massa crítica, no sentido de uma transformação territorial mais abrangente. Isso é um problema em muitos países”, conta o professor e pesquisador.

PESQUISA – Na sua nova pesquisa, Wiechetek trabalha como as diferentes entidades estatais, em diferentes países, se colocam no papel do articulador territorial. Para a pesquisa, o professor visitou diversos países da América Latina para incorporar ideias e propostas, além de aproveitar as experiências adquiridas nas ações desenvolvidas na região Oeste do Paraná com o Projeto Florir Toledo.

“Nós absorvemos o que podemos melhorar ou aproveitar e as fortalezas de cada uma das experiências. Esse é o diálogo. Por isso é importante aproveitar a experiência das pessoas que participaram nos processos como é o caso do professor Oseias Soares. É uma referência do conhecimento, de como funciona os processos com as organizações sociais, locais e com diferentes características para mim”.

O professor Pawel Wiechetek comenta que o novo processo de pesquisa é de longo prazo. São projetos que envolvem pesquisadores de diferentes países e, para a primeira fase ele fará um intercâmbio de conhecimento entre algumas universidades europeias e os projetos desenvolvidos na região Oeste.

“Teremos muitas questões a curto prazo, mas a primeira fase de pesquisa vai demorar três anos. Teremos levantamentos nos Estados Unidos e outros países na América Latina e Europa. Estar em Toledo é como me sentir em casa. Aqui nasceu a expedição, percorremos toda a Bacia que foi uma experiência desenhada a muitas mãos e todos os municípios da Bacia do Paraná dialogaram para construir essa visão conjunta do território e isso foi muito inovador”, explica.

PROJETO – O vereador professor Oseias Soares, agora também vereador, coordenou o projeto Florir Toledo por mais de dez anos. Durante este período ele desempenhou diversas ações com os integrantes. As atividades envolviam a teoria e a prática com parcerias nos diversos setores da sociedade.

Além das ações realizadas no município, os jovens do Florir Toledo também desempenharam atividades de impacto ecológico na região, como a Expedição do Rio São Francisco, coordenada pela Itaipu, partindo da nascente do Rio São Francisco Verdadeiro e até a foz do rio.

Em cada cidade que margeia o rio foram desenvolvidas diversas atividades relacionadas a educação ambiental e cultural. Além de Toledo, o trabalho percorreu outras cidades como Cascavel, Quatro Pontes, Pato Bragado e Entre Rios do Oeste.

“Na época, o professor Pawel Wiechetek nos instruiu a ler o território, porque a mesma atividade que faz em uma cidade não faz em outra. A regionalidade do ambiente é diferente. Por mais que seja um rio que nos une, cada um tem suas particularidades e isso deu ferramentas para o Florir ser regional. E outras atividades surgiram a partir da leitura do território”, cita o vereador.

Soares salienta que o retorno do professor da Universidade de Varsóvia a Toledo é importante para captar os resultados obtidos nos projetos desenvolvidos no passado e replicá-los em outras partes do mundo. Mostrar a importância da articulação territorialmente para o desenvolvimento de uma região. “Essa leitura do território e articulação contribuiu muito para o nosso trabalho no Florir. Agora a nova pesquisa do professor Wiechetek é aliar o que deu certo e o que pode melhorar”, finaliza Soares.

Da Redação

TOLEDO

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