Professores de colégios estaduais entram em greve por tempo indeterminado

Professores de colégios da rede estadual do Paraná iniciaram, na segunda-feira (3), uma greve por tempo indeterminado. É um protesto contra o Programa Parceiro da Escola, instituído pelo Governo do Estado. O movimento foi deflagrado pela categoria em razão do envio do Projeto de Lei 345/2024, que institui o programa, para votação em regime de urgência na Assembleia Legislativa, além da ausência de resposta do Governo e da Secretaria de Educação (Seed) aos pedidos de diálogo feitos pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato).

Na capital, aproximadamente 20 mil pessoas participaram de um movimento, de acordo com informações da Assembleia Legislativa do Paraná, onde se concentrou a maior parte dos protestos. No interior, a mobilização teve a participação dos educadores, dos estudantes e da comunidade. A adesão atingiu diversos colégios da rede estadual, com protestos sendo realizados em frente às unidades de ensino.

De acordo com a presidente do Núcleo Sindical da APP, em Toledo, Marilene Alves de Abreu, a greve teve uma grande adesão no município, porém a maioria dos participantes foi para Curitiba. “O nosso pedido é que o projeto Parceiros da Escola seja retirado. O nosso objetivo é manter o diálogo com os estudantes e as famílias e esclarecer os motivos do nosso movimento”.

Marilene complementa que esse diálogo está sendo construído com a comunidade escolar desde a semana passada. “Foram dias para explicarmos aos estudantes os motivos da greve. O governador apresentou o Projeto de Lei e quer ‘vender’ as escolas públicas para a iniciativa privada. São empresas que vão administrar a escola e o dinheiro público”.

QUALIDADE

Ela salienta que a escola é pública. “Nós pagamos os nossos impostos e eles são revertidos para o que é público. Entregar a escola pública para uma empresa privada é visar lucro. Precisamos de escolas públicas e com qualidade. Não precisamos que uma empresa privada venha administrar a nossa escola”.

Outro fator pontuado por Marilene é que o valor repassado ao projeto é maior que a escola recebe, atualmente, com o fundo rotativo. “Nós agimos de maneira organizada e precisamos aguardar o resultado da votação do projeto na Assembleia”.

A presidente pondera que a greve deve continuar nesta terça-feira (4). “Na segunda-feira, fomos para as escolas no primeiro horário conversar com estudantes ou com os pais e esclarecer o nosso movimento. Na sequência, seguimos para a Praça Willy Barth. Isso deve se repetir na terça-feira”.

LIBERDADE

No período da tarde de segunda-feira, os professores ficaram em frente ao Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo e solicitaram o posicionamento do chefe do órgão, José Carlos Guimarães.

Segundo o chefe, com relação ao movimento, cada educador tem a liberdade em participar dele. “Existe a liberdade e cada um faz o movimento que acha necessário. Ficar ou não no movimento não cabe a mim. A discussão do projeto está ocorrendo em Curitiba”.

Guimarães complementa que o Núcleo Regional de Educação de Toledo sempre esteve aberto para atender a todos. “Não tenho problema de conversar. Alguns assuntos são decididos pelo NRE e outros não. Eu respeito a decisão e a iniciativa de cada um. Cada um deve respeitar o posicionamento, inclusive, de quem não quer falar”.

POSICIONAMENTO

Na página oficial do Sindicato na internet, a APP se posiciona contrariamente ao projeto, que transfere recursos públicos para empresas sem qualquer possibilidade de controle sobre sua aplicação. A pauta da greve também inclui o pagamento da data-base deste ano (3,69%) e o zeramento das perdas salariais dos educadores.

“As 200 escolas sob risco imediato de privatização têm cerca de 175 mil matrículas. As empresas escolhidas devem receber R$ 800 por mês por estudante matriculado. Por mês, as empresas devem receber R$ 140,5 milhões, o que soma R$ 1,7 bilhão por ano”, conforme a APP.

A APP avalia que esses valores que vão beneficiar as empresas deveriam ser investidos em toda a rede estadual, incluindo as escolas que não integram o Programa Parceiro da Escola. “O Sindicato aponta o risco de que, se o PL 345 for aprovado, Ratinho Jr decida expandir a privatização para todas as mais de 2,1 mil escolas da rede pública estadual”. A greve foi aprovada no dia 25 de maio, em Assembleia Geral Extraordinária com a participação de mais de 4,5 mil educadores.

Da Redação*

TOLEDO

*Com informações da APP Sindicato

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